sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

A Veja e o padre Julio Lancelotti

Sabe, tenho me perguntado de onde vem o pensamento facista e segregacionista da classe média paulistana. Aquelas coisas que a gente sempre é obrigado a ouvir, como "só deviam ficar em São Paulo os nascidos aqui. Os outros têm que ir embora". Os outros,^leia-se os nordestinos. Essa frase me deixa possessa. Como pode ? E de onde vem essa ignorância toda? Pq eu não vejo no Jornal Nacional essa idéia sendo propagada. Enfim, tenho pensado nisso. Encontrei uma reportagem no ministério da Saúde sobre uma das besteiras que a Veja anda dizendo. Agora ofendendo Júlio Lanceloti, acusando-o de demagogia com os moradores de Rua e portadores de HIV. Abaixo, tudo que esta reportagem rendeu: 20/01/06 Revista Veja ataca Júlio Lancelotti em reportagem deste mês. Publicação afirma que padre usa da 'demagogia' e dos moradores de rua como 'manobra para fazer política'. Movimento de aids e Programa Nacional enviam mensagem de apoio a Lancelotti 19/01/2006 - 18h05 Na edição de n. 1938 da revista Veja, de 11 de janeiro de 2006, a publicação traz uma reportagem criticando o Padre Julio Lancelotti, fundador da casa de apoio Casa Vida, que cuida de crianças soropositivas, e líder da Pastoral da Rua. Na reportagem, Camila Antunes (repórter), afirma que o padre é demagogo e que os motivos pelo qual o padre defende os moradores em situação em rua "estão longe de ser religiosos. O que ele quer mesmo é ter a sua disposição um rebanho de manobra para fazer política", informa a Veja. Por fim, a repórter propõe um acordo ao padre que tem se mostrado contra as rampas antimendigo. "A prefeitura retira as rampas e o padre abandona o seu bunker e passa a morar debaixo do viaduto. Lá, poderá controlar os assaltantes e encontrar a santa felicidade junto ao 'Povo da Rua'", ironiza a reportagem. Inúmeras foram as manifestações nessa semana diante da reportagem. Pessoas ligadas ao movimento de Aids e que tem acompanhado o trabalho de Julio Lancelotti enviaram cartas de apoio e mensagens de solidariedade ao padre. Para o ex-presidente do Fórum de ONG/Aids do Estado de São Paulo, Rubens Duda, a reportagem é "lamentável" e "mostra nitidamente o quanto alguns profissionais ou órgãos da imprensa, prestam-se, sabe-se lá a que custo, a instrumento de políticos para bater naqueles que denunciam autonomamente as manobras eleitoreiras com ações de discriminação e preconceito a diversas populações, entre elas, as de moradores de rua", afirmou. Leia aqui a reportagem publicada pela Veja: O PECADO DA DEMAGOGIA O padre Julio Lancelotti líder de uma organização política ligada ao PT chamada Pastoral da Rua (atenção, papa Bento XVI), comete todos os dias um pecado mortal - o da demagogia. Ele é o criador de uma categoria que leva o nome de "Povo da Rua". É a denominação de Lancelotti para mendigos, menores abandonados e loucos que vagam pelas ruas de São Paulo. A pretexto de defender o "Povo da Rua", o padre quer transformar uma situação precária - a dos sem-teto e que tais - em permanente. Toda e qualquer iniciativa para colocar esse pessoal em abrigos, custeados pela prefeitura, limpar os logradouros públicos de barracas e excrementos e livrar os transeuntes do risco de assaltos protagonizados por pivetes é torpedeada por Lancelotti com a classificação de "prática higienista". Os motivos do padre estão longe de ser religiosos. O que ele quer mesmo é ter a sua disposição um rebanho de manobra para fazer política. Se Lancelotti fosse mesmo sensível às necessidades de seu "Povo da Rua", começaria por oferecer abrigo na igreja da qual é pároco: a de São Miguel Arcanjo, no bairro paulistano da Mooca. A igreja, porém, tem grades nas portas e cerca elétrica nos muros - um aparato suficiente para definir aquela casa de Deus como um "bunker antimendigo". "Antimendigo é a expressão usada por ele - e por jornalistas amigos seus - para classificar pejorativamente a iniciativa da prefeitura de São Paulo de colocar rampas de superfície áspera sob o viaduto que leva à Avenida Paulista. A administração municipal recorreu a esse expediente para desalojar os marginais que instalados no local, assaltavam as pessoas que transitam por ali. Lancelotti continua a esbravejar que "as rampas antimendigo" fazem parte de uma "visão higienista". Pois bem, propõe-se aqui um acordo: a prefeitura retira as rampas e o padre abandona o seu bunker e passa a morar debaixo do viaduto. Lá, poderá controlar os assaltantes e encontrar a santa felicidade junto ao "Povo da Rua". (Repórter: Camila Antunes) Fonte: Revista Veja, 11 de janeiro de 2006, página 92 MANIFESTAÇÕES DE APOIO Nesta quinta-feira,19, o Programa Nacional de DST/Aids encaminhou à Agência de Notícias da Aids uma carta que foi enviada ao Diretor de Redação da Revista Veja, Eurípedes Alcântara, solidarizando-se ao Padre Julio Lancelotti por seu trabalho incansável na luta contra a Aids. Leia a seguir. MINISTÉRIO DA SAÚDE SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE PROGRAMA NACIONAL DE DST/AIDS SEPN Quadra: 511 Bloco: "C" 70.750-543-Brasília-DF Tel. (0xx61) 3448-8024 Ofício 567/SCDH/PN-DST-AIDS/SVS/MS Brasília, 17 de janeiro de 2006. Ao Senhor EURÍPEDES ALCÂNTARA Diretor de Redação da Revista Veja Caixa Postal 11079 05422-970 – São Paulo - SP Assunto: Matéria da Revista Veja 11/01/06 – O Pecado da Demagogia 1. Em referência a matéria da revista Veja de 11/01/06, intitulado: "O pecado da demagogia", ao qual faz, desnecessariamente, equivocadas críticas ao Pe. Julio Lancelotti e seu trabalho, vimos por meio deste, nos solidarizar com quem incansavelmente está a frente, dentre outras, da luta contra o HIV/Aids. 2. Em sua trajetória pessoal e social, o acolhimento a crianças vivendo com HIV/Aids, com a constituição das Casas Vida I e II, efetivaram uma das primeiras respostas a orfandade advinda da epidemia. 3. A luta do Pe. Julio Lancelotti na defesa das minorias busca resgatar os direitos inalienáveis desta população e contribui para minimizar o impacto da exclusão social, discriminação e preconceito que atingem as pessoas que vivem à margem da sociedade. 4. As parcerias deste Programa com a Casa Vida sempre foram regidas por seriedade e responsabilidade nos trabalhos realizados. 5. A matéria não reflete a história e a trajetória de um homem que pautou sua vida na defesa das populações mais carentes. Atenciosamente, Pedro Chequer Diretor A presidente da organização não-governamental Associação de Prevenção e Tratamento da Aids (APTA), Teresinha Pinto, fez questão de assinalar seu protesto contra o "achincalhamento grosseiro perpetrado contra uma das figuras mais respeitáveis desta república", escreveu referindo-se ao padre. Ela classifica a revista como uma "publicação de direitismo hidrófobo que se esconde atrás do mercadologismo para justificar interesses bem disfarçados de viés ideológico (do qual repórteres e colunistas são meras caricaturas)", informou. Para ela, "o Padre Júlio Lancelotti é uma figura admirada, em primeiro lugar, em sua paróquia – por seu fazer simples de transformação – para usar uma expressão de outro pensador contemporâneo, o filósofo Renato Gianini Ribeiro – depois, pelas comunidades Médica, Educacional e Social (terceiro setor, no nível de compreensão da revista) por seu magnífico trabalho na Casa Vida (crianças soropositivas) e na defesa dos excluídos – como os sem-teto e os internos da Febem – contra a violência do fascismo entranhado em nossas elites". O ex-presidente do Fórum de ONG/Aids do Estado de São Paulo, Rubens Duda, também manifestou-se a favor do Padre Julio e classificou como "lamentável" a reportagem. Leia na íntegra. O PECADO DA AUTONOMIA A lamentável matéria da revista Veja , criticando o trabalho do Pe. Julio Lancelotti, mostra nitidamente o quanto alguns profissionais ou órgãos da imprensa, prestam-se, sabe-se lá a que custo, a instrumento de políticos para bater naqueles que denunciam autonomamente as manobras eleitoreiras com ações de discriminação e preconceito a diversas populações, entre elas, as de moradores de rua. Pe. Julio Lancelotti é fundador da Casa Vida I e II que abriga crianças portadoras do HIV/Aids, Coordenador do Movimento dos Moradores de Rua e da Pastoral do Menor na Região da Zona Leste de São Paulo, contrariamente do que é colocado, como Pároco da Igreja de São Miguel Arcanjo, Arcanjo Miguel, aquele que enfrentou o diabo, Pe. Julio enfrenta a cada dia o "diabo" da inércia religiosa e clerical, para além muro, combatendo o "diabo" da injustiça social, não há duvidas que se ficasse estático em sua Paróquia, usufruiria de muito mais conforto e evitaria ataques diretos de quem o considera desafeto por suas posições em defesa daqueles ao qual se comprometeu a defender em sua trajetória religiosa. Mais do que abrir a porta de sua casa para os moradores de rua, abriu sua vida, como o fez aos menores e as crianças portadoras do HIV/Aids. Quem o conhece, sabe que daria sua casa e muito mais, sem pestanejar, se isso trouxesse a dignidade e resolvesse o problema ,que é de vontade política, de política publica a essa população. Ele deseja a permanência, não da situação precária dos "sem – tetos" , mas da visibilidade do problema, para evitar que seja abafado ou escondido com a "prática higienista" adotada por essa desastrosa gestão em ano de eleição. Quanto ao acordo do vigário morar debaixo do viaduto em troca da retirada das rampas ásperas colocadas pela prefeitura, seria melhor a prefeitura substituir as rampas por políticas dignas, ousando assim, a cumprir a sua obrigação, dessa forma, os viadutos estariam vazios e ninguém, inclusive o padre, necessitariam de morar sob eles. Se a política anti-mendigo, não deu certo, e a estratégia agora é a política anti- Pe. Julio, a sociedade civil organizada, órgãos e pessoas publicas estão atentos a essa sórdida manobra. Tatiana Vieira fonte: ministerio da saúde http://www.aids.gov.br/data/Pages/LUMISDA56F374ITEMID8406F3C5F13C493FB687226D6753159FPTBRIE.htm

sábado, 21 de janeiro de 2006

Ano de 2005 Termina com Número Recorde de Assassinatos

Oizinho! Hoje saiu uma notícia no Jornal Nacional - que eu vi antes de mudar de canal por não aguentar - a reintegração de posse de uma fazenda contra índios que a haviam "invadido". Pensei então na desinformação que nos foi passada. Não sei a história daquela terra nem daqueles índios naquela terra. Ou do dono da terra. Enfim, só fiquei sabendo que índios mal e vagabundos invadiram uma terra de um homem de bem e que este, juntamente com a ordem, a polícia, expulsaram os invasores vagabundos. Tudo isso (des)informado com o bico da apresentadora. Já percebeu que a Sndra Anhemberg e a outra - que eu esqueci o nome - fazem bico para falar? E as caras dos âncoras, de reprovação ou de aprovação após passar a reportagem? Argh! Enfim, daí encontrei essa reportagem sobre os assassinatos indígenas de 2005. Aguardemmmm, como diria seu Sílvio, estamos no começo de 2006! Bom, já falei demais. O texto é longuinho, mas flui bem. Boa leitura!! E até mais!

Ano de 2005 Termina com Número Recorde de Assassinatos

Tirado do site da Ação Popular Socialista Com o assassinato de Dorvalino Rocha, líder Guarani Kaiowá da terra Nhande Ru Marangatu, morto no dia 24 de dezembro por homens contratados para fazer a segurança da fazenda Fronteira, situada no município de Antonio João (MS), o ano 2005 terminou com 38 indígenas assassinados. Este é o maior número assassinatos nos últimos onze anos, segundo levantamentos do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). O Mato Grosso do Sul é o estado brasileiro onde se registrou o maior número de assassinatos, com 28 mortos. A soma total dos últimos onze anos chega aos 240 assassinatos, uma média de mais de 21 mortos por ano. Para fazer seus levantamentos sobre violência, o Cimi utiliza informações colhidas por seus missionários e notícias divulgadas através da imprensa. O Cimi considera que a lentidão do Estado nos processos de reconhecimento e proteção das terras indígenas é uma das principais causas dos assassinatos. E o terceiro ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva teve números desfavoráveis no que se refere à quantidade de terras declaradas, isto é, que tiveram sua Portaria Declaratória publicada pelo Ministério da Justiça no Diário Oficial. Foram apenas cinco terras declaradas, o que leva a uma média de seis terras por ano no governo Lula, abaixo da média anual dos governos Fernando Collor/Itamar Franco (média de 16 terras), Fernando Henrique Cardoso (média de 11 terras) e João Baptista Figueiredo (média de 8 terras). Se as demarcações seguirem neste ritmo, o Estado brasileiro irá demorar pelo menos 45 anos para reconhecer todas as terras indígenas do país e rever os limites daquelas que têm sua extensão questionada pelos povos.

Assassino confesso de líder guarani kaiowá é solto

Encontra-se em liberdade o assassino confesso de Dorvalino Rocha, líder Guarani Kaiowá da terra Nhanderu Marangatu, morto na véspera de Natal no município de Antônio João, Mato Grosso do Sul. Depois de confessar o crime em testemunho prestado à Polícia Federal, o segurança João Carlos Gimenes, da empresa Gaspem, contratado para fazer a vigília da fazenda Fronteira, foi solto pela delegada da Polícia Federal Penélope Automar. A delegada concedeu a liberdade ao assassino ao constatar que se tratava de um réu primário, com bons antecedentes, residência fixa e por entender que este não oferecia risco ao curso das investigações. As testemunhas do crime contam que quatro seguranças desceram de um automóvel estacionado à beira da estrada MS 384 e foram em direção ao acampamento onde se encontram as famílias Guarani Kaiowá. Ainda segundo as testemunhas, o assassino teria disparado dois tiros contra a vítima sem lhe dar qualquer oportunidade de reagir. Apesar da apreensão pela qual passam, as famílias Guarani Kaiowá estão determinadas a permanecer em seu acampamento na beira da estrada, como forma de pressionar as autoridades para que devolvam sua terra, homologada por decreto presidencial em março de 2005 e da qual foram expulsos por determinação judicial no início de dezembro passado.

Sete indígenas continuam presos em Santa Catarina

Em 27 de dezembro de 2005, oito indígenas foram presos em Chapecó, Santa Catarina, por determinação da Justiça Federal. As prisões ocorreram oito dias depois de uma manifestação pela continuidade do processo de retirada dos ocupantes não-índios das terras Toldo Chimbangue e Toldo Pinhal. O cacique Lauri Alves foi liberado em 31 de dezembro por decisão da Justiça Federal, após provar que não estava presente na manifestação. As outras sete pessoas continuam presas, e aguardam a decisão do Superior Tribunal de Justiça sobre o pedido de liberdade para os índios, impetrado pela Funai. O Tribunal Regional Federal da 4a Região já negou o Hábeas Corpus. A Funai recorreu também ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas, em 3 de janeiro, a ministra Ellen Gracie negou seguimento ao pedido, pois não reconheceu a competência do STF para o caso. A arbitrariedade das prisões é tão grande que, entre as oito pessoas detidas, duas não são citadas no processo. Alceu de Oliveira foi preso por ser conhecido como Quixé, mas o nome que consta no processo é João Gonçalves, também chamado de Quixé. No lugar de um indígena chamado Wilson Antunes foi preso o indígena Adilson Ferreira. Segundo informações da Funai em Chapecó, há dúvidas sobre a existência de um Wilson Antunes. O cacique Idalino Fernandes é acusado de liderar a comunidade indígena no bloqueio do acesso a uma fazenda durante a manifestação de 19 de dezembro de 2005. No entanto, ele não estava na manifestação quando ela começou, mas no escritório regional da Funai em Chapecó e somente foi até o local ao ser informado da manifestação. Outra acusação é de que os indígenas teriam roubado duas armas de fogo dos agricultores. Mas as armas que motivam a acusação foram retiradas das mãos dos agricultores pelos indígenas, que estavam sendo ameaçados, e foram entregues, logo em seguida, também pelos indígenas, a policiais que lavraram autos de apreensão das armas. As lideranças que respondem a inquérito policial são acusadas também de invasão de propriedade e agressão. Para o Conselho Indigenista Missionário, está em curso mais um capítulo da antiga e recorrente estratégia de criminalizar pessoas que lideram a luta dos povos indígenas para conquistar e garantir direitos à dignidade, à justiça e à vida. Brasília, 5 de janeiro de 2006 Cimi – Conselho Indigenista Missionário Mais uma vez, o governo e o judiciário não protegem os povos indígenas do Brasil No Brasil, os povos indígenas continuam a sofrer com a violência e a privação econômica grave resultantes do fato de o governo e o poder judiciário não protegerem seu direito constitucional à terra, disse hoje a Anistia Internacional. Em 15 de dezembro de 2005, uma comunidade Guarani-Kaiowá, que vive no Estado de Mato Grosso do Sul, foi violentamente despejada das suas terras ancestrais por uma operação em grande escala da Polícia Federal, com o apoio não oficial dos proprietários de terras da região. O despejo ocorreu após uma série de intervenções legais, inclusive uma decisão judicial do Supremo Tribunal Federal, que efetivamente suspendeu o direito constitucional dos Guaranis-Caiovás às suas terras. Os Guaranis-Caiovás estão acampados agora à beira da estrada MS-384, com insuficientes provisões, saneamento ou abrigo. “A decisão judicial teve conseqüências catastróficas para a comunidade indígena Guarani-Kaiowá”, disse Patrick Wilcken, o encarregado de campanhas para o Brasil da Anistia Internacional. “Uma mulher grávida de sete meses sofreu um aborto depois de levar uma queda durante o despejo e um bebê de um ano de idade morreu de desidratação após vários acessos de diarréia.” No dia 24 de dezembro de 2005, nove dias após o despejo, Dorvalino Rocha, de trinta e nove anos, levou um tiro no peito na entrada da Fazenda Fronteira, no município de Antônio João, Estado de Mato Grosso do Sul. De acordo com os relatos, ele foi morto por um segurança particular contratado por proprietários de terras da região. A Anistia Internacional e várias ONGs regionais haviam advertido, por diversas vezes, que o despejo resultaria em mais violência e privação social para o povo Guarani-Kaiowá. Dorvalino Rocha é o 38° militante indígena morto em 2005, o pior ano em mais de uma década de acordo com a ONG brasileira ‘Conselho Indigenista Missionário’. Vinte e oito destes assassinatos ocorreram apenas no Estado de Mato Grosso do Sul. “A situação difícil dos Guaranis-Caiovás é típica do que ocorre quando o processo de ratificação da terra é obstruído ou retrocede por ordem do tribunal. Os indígenas são forçados a viver às margens de suas terras ancestrais, com medo constante de represálias dos pistoleiros ou firmas de segurança que agem sem controle”, disse Wilcken. “Passamos a noite inteira com medo. Não conseguimos dormir cada vez que passa um carro”, disse Eugênio Morales, um dos líderes do acampamento. “Embora o governo federal tenha finalmente tomado algumas medidas para tratar dos problemas causados pelo despejo, providenciando assistência de emergência, não fez nada em primeiro lugar para impedir que esta situação fosse criada”, disse Wilcken. A Anistia Internacional apelou às autoridades brasileiras para que estabelecessem políticas claras e estratégias específicas para enfrentar as questões persistentes de abusos dos direitos humanos, que afetam a população indígena do Brasil. A Anistia Internacional também solicitou ao governo federal que investigasse a fundo as firmas de segurança privadas e o papel desempenhado por elas nos casos de violações dos direitos humanos. Fonte: Sítio do CIMI, 09/01/2006

quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

As Bases Formadoras do Preconceito

veiculado na rede tv, das 4 às 5, do qual eu já falei aqui e coloquei o link ao lado. Bom, o tema do programa de hj foi sobre diversidade sexual. "Tema batido", pensariam alguns. Mas não. Trataram da existência e da diferença dos transexuais e dos travestis. Um tem uma identidade de mulher, e o outro se veste de uma. Já tinha tido essa conversa com um amigo antes - que me abriu esse universo, por sinal -, mas era tudo muito confuso. Ah, trataram também do fato de acharmos que todos travestis e trans são protitutas. "Quando a família fecha as portas, a rua se mostra como o caminho". Mas que elas procuram outros caminhos também, e muitas encontram. Procurei, então, um texto sobre o assunto. Mas não encontrei um que saísse dessas conceituações - pelo menos no site em que procurei, por não conhecer outros. Encontrei então um sobre preconceito - que, para eles, NÃO É UM TEMA BATIDO. Gostei desse texto, faz a gente refletir um pouquinho sobre o assunto. Ah, então, vamos lá! E ótimo calor a todos!!

As Bases Formadoras do Preconceito

do site www.casadamaite.com autor não informado De maneira breve, vamos tratar nesta introdução sobre qual seria a dinâmica e a base formadora de um preconceito. Ou mesmo: o que produz um preconceito, quais as consequências e possibilidades de mudança. O preconceito por si só é algo natural e inerente ao convívio entre pessoas ou grupos sociais. A própria palavra diz: temos um "conceito" anterior ("pré") de algo ou alguém sem conhecer as suas verdadeiras características ou qualidades. Quando somos apresentados a alguém, criamos diversas idéias sobre quem seria essa pessoa. Muitos começam pela roupa, pela maneira de agir, pelos seus amigos, pela profissão e assim vai. É algo natural e que sempre existiu e existirá na humanidade. A questão é que quando estamos nesse processo normal de reconhecimento do que nos é estranho ou desconhecido, usamos de vários valores, morais, culturas e interesses que muitas vezes nos impedem de realmente ver quem ou o que seja essa pessoa nova. Muitas vezes, esses valores culturais ou normas estão tão arraiadas e incorporadas a nós que não percebemos e aceitamos a possibilidade de que existam outras crenças, outros valores que poderíamos usar como fonte de referência para conhecer ou aprender sobre algo ou alguém. Tratando sobre o "pré-conceito" com relação à categoria social ou qualquer outra denominação (orientação sexual, raça, classe econômica, cor, etc), ele poderá se transformar em uma atitude negativa, com relação a um grupo ou pessoa, baseando-se num processo de comparação social em que o grupo do indivíduo é considerado como ponto positivo de referência. A manifestação comportamental do preconceito, desta forma, poderá se transformar em discriminação, no sentido de manter as características do seu grupo de referência, bem como sua posição privilegiada, à custa dos participantes do grupo de comparação (considerado "diferente" ou inferior, no caso). Muitas vezes encontramos termos como o de "minorias desprevilegiadas" para englobar, por exemplo, homossexuais, negros e mulheres. Daí pergunto: será que são realmente minorias? Será que não existem tantos homossexuais, negros ou mulheres pelo mundo? A questão é que são setores da sociedade que têm sobre eles valores, morais e interesses muito mais estruturados, aceitos e consequentemente mais fortes que os deles. Para se mudar a opinião ou conceito se que se tem de algo ou de alguém, será preciso fortalecer, esclarecer e fazer compreender que existem outros valores, outra "cultura", ou outras maneiras de viver que podem ser diferentes daquela mais evidente ou fortalecida. Outro ponto, é que será preciso um esforço ainda maior para que pessoas de um grupo privilegiado reconheçam que as bases do preconceito tb. surgiram de interesses - sejam eles de posição social ou econômica - que devem ser repensados. Todos fazem apologias e declarações de igualdade e respeito; é preciso transformar esses discursos e demagogias em algo mais prático e real. Oferecendo respeito à individualidade e às verdadeiras qualidades do outro, proporcionando reais possibilidades de reconhecer a diversidade humana, seus interesses em comum; vivendo bem consigo mesmo e seu grupo - homossexuais, heteros, gays, lésbicas, trangêneros, negros, brancos, ricos, pobres, etc - seja ele qual for. -------------------------------------------------------------------------------- E aqui vai uma história descontraída... GRUPO DE MACACOS Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, em cujo centro puseram uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas lançavam um jato de água fria nos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros enchiam-no de pancadas. Passado mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas. Então, os cientistas substituíram um dos cinco macacos. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não mais subia a escada. Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, da surra ao novato. Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o fato. Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído. Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse chegar às bananas. Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: "Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui..." Você não deve perder a oportunidade de passar esta história para seus amigos, para que, vez por outra, questionem-se porque estão batendo. " TRISTE ÉPOCA ! MAIS FÁCIL DESINTEGRAR UM ÁTOMO DO QUE UM PRECONCEITO". (Albert Einstein)

quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

Usina hidrelétrica ameaça o Xingu

O texto de hj, eu recebi por e-mail. Bem bom! Tudo pelo progresso!

Usina Hidrelétrica Ameaça o Xingu

Ullisses Campbell/ Correio Braziliense/DF Os líderes indígenas do Parque Nacional do Xingu decidiram comprar uma briga contra a construção de uma usina hidrelétrica na região. A empresa Paratininga Energia está erguendo uma hidrelétrica no Culuene, no Mato Grosso, próximo àaldeia Tuatuari. Para reclamar junto ao governo, duas lideranças do Xingu foram até a Funai - Fundação Nacional do Índio. Segundo o cacique Pirakumã Yawalapiti, a empresa está explodindo rochas do rio com dinamites. Centenas de peixes estãomorrendo nos principais afluentes do Rio Xingu. A aldeia Tuatuari é a mais prejudicada pelas obras da usina, segundo relataramos índios à Funai. Eles também entregaram um relatório à representante da ONU - Organização das Nações Unidas, Hina Jilani, que visitou o Brasil para avaliar as políticas do governo para proteger os defensores dos direitos humanos. No documentos, os índios relatam que a construção da usina tem anuência do governo do Mato Grosso, que liberou a obra. A hidrelétrica está localizada a 100km da reserva indígena. No entanto, o rio que será represado é essencial para abastecer o Xingu, que corta o parque nacional de ponta a ponta e serve como principal fonte de alimento para os índios. O maior aliado da aldeia indígena para conter as obras é o Ministério Público Federal, que vai tentar impedir a conclusão da obra na Justiça. Segundo o governo de Mato Grosso, os índios que reclamam da hidrelétrica de Paranatinga, na verdade, assinaram um documento permitindo a obra. No ano passado, o cacique Aritana Yawalapiti, o chefe mais respeitado do parque, assinou, juntamente com alguns líderes locais, um termo de compromisso com a Paranatinga Energia e com o governador Blairo Maggi para liberar a construção da usina no Rio Culuene. Em troca, eles receberiam R$ 1,3 milhão para projetos como um centro de treinamento e incentivo à piscicultura. O problema é que, só agora, o Ministério Público Federal e a Funai descobriram que o acordo não tem valor legal, já que a maioria das 14 etnias que vivem no parque não foi consultada. Assinou sem ler - O cacique Pirakumã, que lidera o movimento contra a barragem e é irmão de Aritana, alega que ele assinou o acordo sem ler. “Ele assinou assim, meio rápido, sabe? Só agora a gente sabe do que se trata”, argumenta. Segundo Pirakumã, a papelada que o governo do Mato Grosso deu para os índios assinarem é muito técnica. Com a construção da barragem, a Funai prevê que a represa afetará a fauna pesqueira de todo o parque. Os antropólogos do governo sustentam ainda que a obra compromete o Quarup, um dos rituais mais sagrados do Xingu. A usina seria construída em um local sagrado, onde nasceu a manifestação religiosa. Por enquanto, a obra está embargada. Segundo Piracumã, se a Justiça autorizar a continuidade das obras da usina, os índios partirão para a guerra. O acordo assinado entre o governo do Mato Grosso e o cacique Aritana prevê ainda o repasse de R$ 300 mil às aldeias. Pelo documento, a empresa Paranatinga liberaria, além dos R$ 1,3 milhão, mais 50 hectares de terras. Fonte: Ambientebrasil - 30/12/2005

domingo, 8 de janeiro de 2006

Programa do João Cleber

Oiiiiiiiiiiiiiii!! Ah, vim mais rápido do q pensavam, né não? É que eu tô na casa de uma amiga minha - a Chel, mãe do João - e resolvi postar por aqui. Mas eu naum tava querendo colocar um texto denso hj. Sei lá, pq tem gente q tá me irritando por estar irritada(o) com textos políticos. Mas deixa pra lá. Arrumei uma charge legal. E eu nunca coloquei uma charge no blog, né?! Então, vamos lá. E até mais! Extraída do Jornal Brasil de Fato, cujo autor deve ser Ohi

quinta-feira, 5 de janeiro de 2006

Presidente eleito da Bolívia fala sobre nacionalização do gás

O Genteeeeee!! Po, desculpa o sumiço! Penso no blog todo dia, não consigo relaxar! Mas só de pensar nessa conexão lerrrrrrrda, em ter que procurar textos com essa conexão, me desanimo. Mas entrei hj e vi uma mensagem muito fofa. Me animou a continuar a caminhada. E estou aqui, em 2006, esperando que este seja um ano bom. Para mim, para você, para o mundo todo. E para a América Latina. Que as pessoas neste ano sejam mais tolerantes. E menos estressadas, menos hipócritas. Muuuito menos hipócritas e falsas. Assim espero. Hoje escolhi uma entrevista leve com o Evo Morales. Vitória respeitosa.

Presidente eleito da Bolívia fala sobre nacionalização do gás

Maite Rico

Enviada especial a La Paz

Do site da Ação Popular Socialista Ele está sobrecarregado pela vitória eleitoral de uma magnitude inesperada e pelos "paparazzi", como chama os jornalistas, que o assediam a cada passo. Veste jeans pretos, tênis esportivos e jaqueta de brim azul, a cor do Movimento ao Socialismo (MAS), seu partido. Evo Morales, 46 anos, o menino aimará que pastoreava lhamas em sua Oruro natal, o jovem que se curtiu nos sindicatos cocaleiros em Cochabamba e o deputado capaz de mobilizar as massas para derrubar governos prepara-se para se transformar, no próximo dia 22 de janeiro, no primeiro presidente indígena da Bolívia. Morales confirma a nacionalização das jazidas de gás e petróleo e a revisão dos contratos de exploração, que considera ilegais. El País - O que o senhor se sente mais: indígena, camponês ou cocaleiro? Evo Morales - Indígena, fundamentalmente. Estou muito orgulhoso de meu povo, mas também da classe média, intelectual, profissional que se somou ao MAS para que nós mesmos possamos nos governar e resolver nossos problemas. EP - Como explica o apoio que teve nas cidades, sendo o MAS um movimento camponês? Morales - Da gente das cidades, mestiça, crioula, também estou orgulhoso por esse apoio tão consciente, tão solidário. O movimento indígena é inclusivo, e valoriza nossa atitude democrática e nossa luta pela igualdade. EP - Que relação o senhor quer ter com a oposição? Morales - Se estiverem dispostos à mudança, serão bem-vindos. E se não a luta não será somente no Congresso, mas fora do Congresso. Essa é a nossa força para mudar nossa história. EP - Que tipo de relação quer ter com os EUA? Morales - De respeito mútuo, sem chantagens nem condicionamentos. Temos dignidade como povo e lutamos por nossa soberania. EP - O senhor estaria disposto a negociar um Tratado de Livre Comércio (TLC) com os EUA, como fez o Peru? Muitas empresas exportadoras dizem que sem o TLC fecharão. Morales - Não é tanto assim. É preciso revisar esses documentos. O TLC não é nenhuma solução, pelo contrário, fecha cooperativas, microempresas... Se for um acordo para que o comércio seja de microempresários e pequenas empresas, e não das transnacionais, será bem-vindo. Precisamos de um comércio de povo a povo para resolver os problemas econômicos, e não para concentrar o capital em poucas mãos. EP - O senhor pensa em continuar com os acordos de erradicação das plantações de coca? Morales - Queremos convocar o governo americano para fazer um narcotráfico zero, mas não vai haver coca zero. Uma coisa é a folha de coca, outra é a cocaína. A coca faz parte de nossa cultura, e faremos um estudo do mercado legal da folha de coca para definir as plantações com os sindicatos de agricultores. A luta contra o narcotráfico tem de ser eficaz, e não uma desculpa para que os EUA controlem nossos países e assentem bases militares ou mandem soldados armados, como no Chapare. Isso tem de terminar. Queremos que os EUA respeitem a autodeterminação dos povos latino-americanos. EP - O Estado boliviano é por lei o dono dos recursos naturais. O que quer dizer quando fala em nacionalizar os hidrocarbonetos? Morales - Acho que na prática o Estado não exerce o direito de propriedade. Os contratos (com as companhias de petróleo) são ilegais, inconstitucionais. Existem cláusulas que dão o direito de propriedade na boca do poço. É preciso revisá-los, mas já são nulos de pleno direito. EP - Em que situação vão ficar as companhias de petróleo, que fizeram investimentos enormes? Morales - Precisamos de seus serviços para explorar e perfurar, e serão pagas por isso. Não vamos expropriar seus bens. Será garantida a segurança jurídica, que recuperem seu investimento e que tenham lucro. Mas o Estado boliviano tem de controlar a cadeia de produção e a comercialização. EP - Dariam preferência a alguma companhia, como a brasileira Petrobras ou a espanhola Repsol? Morales - Se estiverem dispostos a nos deixar beneficiar de nossos recursos, vamos lhes dar garantias. Muitos países dizem que é preciso combater a pobreza; o que melhor que lutar contra a pobreza com nossos recursos naturais? EP - O que espera de Hugo Chávez? Morales - Eu o respeito e admiro muito. Luta ao lado de seu povo pela dignidade, pela soberania, pelos recursos naturais. Quando um líder defende seu povo, e essa é minha experiência, um povo defende seu líder. É o caso de Hugo Chávez. Imagine quantos golpes já enfrentou: um golpe militar, um golpe econômico, um golpe da mídia e continua mais fortalecido. Inclusive um golpe democrático, com o referendo revogatório que se transformou em referendo retificador. EP - Muitos bolivianos estão irritados porque, apesar de suas declarações de apoio, Hugo Chávez preferiu comprar soja dos EUA em vez da Bolívia, que é o principal produtor da região. Também excluiu a Bolívia do projeto de gasoduto com o Brasil, Argentina e Chile. Morales - São os oligarcas que manipulam isso politicamente. Nós estamos dispostos a renegociar para que nossa soja tenha mercado, e não somente com a Venezuela, mas com muitos países. EP - O que o senhor diz ao pessoal da Central Operária Boliviana (COB) e aos movimentos sociais, que lhe dão três meses para cumprir suas exigências, como nacionalizar os combustíveis sem indenização? Morales - A COB está com o MAS. A COB não é o comitê executivo, são as forças sociais: os mineiros, professores, transportadores, agricultores... eles estão conosco. Alguns dirigentes da cidade de El Alto talvez tenham dito algo. EP - Ontem mesmo o secretário-executivo da COB, Jaime Solares, reiterou o ultimato. Morales - E quem acredita nele? EP - Não são representativos? Morales - Não quero comentar esse tema. Mas sim que é impossível resolver em cinco anos a destruição do país em 500 anos, e com a Espanha podemos falar bastante sobre isso. EP - Falando de Espanha, soube que o senhor recebeu um convite do primeiro-ministro José Luiz Rodríguez Zapatero. Morales - Sim, há pouco recebi uma ligação de Zapatero, muito feliz com nossa vitória. Eu o convidei para a transmissão de poder, e ele me convidou o mais cedo possível, e me disse que vai instruir seu chanceler para minha visita à Espanha. Temos muita vontade de conversar. Esse é um apoio. EP - Uma curiosidade: de onde saiu o nome Evo? Morales - Teria de perguntar a meus pais. Eles nunca me disseram. EP - É o único Evo na Bolívia? Morales - Bem, hoje já existem muitos Evitos