terça-feira, 28 de março de 2006

Protestos contra precarização do trabalho sacodem a França

Oizinho! Coloquei uma animação nova esses dias, aí do lado. É a consrução de uma casa. Bem bonitinho e, provavelmente, trabalhoso para quem o fez. Bom, hj o texto é sobre as manifestações lá na França. Eu falei outro dia que não ia postar um texto sobre isso pq não haviam informações adicionais e/ou interessantes sobre as manifestações. Mas o negócio tá pegando fogo lá. Está marcada Greve Geral para amanhã. E Greve Geral lá pára até aeroportos e sistema público de transporte. Puxa!

Protestos contra precarização do trabalho sacodem a França

Ivana Jinkings - Especial para Carta Maior PARIS - A manifestação de diversas forças políticas neste sábado (18), em Paris, reuniu, segundo a policia, 500 mil pessoas. E, segundo os manifestantes, não menos de um milhão. Foi o maior protesto de estudantes, trabalhadores, militantes politicos, dirigentes sindicais contra o CPE (Contrat Première Embauche, ou Contrato de Primeiro Emprego), que retira uma série de direitos trabalhistas dos jovens, livrando os patrões do pagamento da justa causa nas demissões, entre outras medidas altamente impopulares. A concentração teve início na Place D’Italie e transformou-se numa passeata até La Nacion, cerca de oito quilômetros depois. No trajeto, os manifestantes gritavam palavras de ordem contra «uma sociedade que não oferece mais que desemprego e precariedade » à população. Embora os principais alvos fossem o primeiro-ministro, Dominique de Villepin, e o presidente Jacques Chirac, as frases mais duras (quase todas impublicavies) dirigiam-se contra o ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, responsável pela polícia e notório representante da direita francesa, que tem procurado desqualificar as manifestacões atribuindo-as a “marginais” e a “estrangeiros”. O cortejo foi dominado pelas faixas vermelhas do PCF (Partido Comunista Francês), da CGT (Central Geral de Trabalhadores), CFDT (Confederação Democrática dos Trabalhadores), FO (Força Operária), além da CFE-CGC, Unsa, CFTC, FSU, e Solidaires, entre outros. Um dos principais organizadores do ato, o secretario geral da CGT, Bernard Thibault, declarou neste domingo aos jornais: «Crescemos cerca de um terço em relação o que éramos em 7 de março. A demanda de retirada do Contrato de Primeiro emprego precisa de mais força. 70% dos franceses exigem sua retirada, sendo 80% de jovens entre eles. O governo está diante de um impasse em relação ao moviomento ». A manifestação vitoriosa da esquerda correu pacífica pelas ruas de Paris. À medida que avançava, ia agregando gente. Grupos políticos vinham organizados, cada qual com sua bandeira : trabalhadores de uma fábrica, estudantes de um determinado colégio etc. Dirigentes e militantes do PCF levaram um carro de som que, junto com a CGT, incentivou milhares de pessoas a cantar a Internacional Comunista. Um ou outro incidente de percurso, como o encontro de membros da LCR (Liga Comunista Revolucionária), grupo de extrema esquerda, com estudantes tidos por esses como « moderados », resultava em trocas de palavras de ordem. Mas o tom geral resultou num alento não apenas às forças populares francesas, mas à esquerda internacional. O movimento deverá culminar numa greve geral convocada para 23 de março. No final, como prova de que polícia é polícia em qualquer parte do mundo, e ainda sob o impacto das impressionantes cenas incendiárias de jovens das classes populares em violentos conflitos de rua, um forte contigente de segurança rondou todo o percurso, armado como se fosse para uma guerra. Em La Nación, durante horas foram ostensivamente provocativos com os jovens. Bombas de efeito moral eram jogadas de 10 em 10 ou de 15 em 15 minutos. Quando chegaram ao « tempo-limite » de sua « tolerancia « democratica », os guardas partiram para cima dos manifestantes com gás lacrimogênio, prisões, tentando dispersando o final do ato. Mas, a essa altura, este já era história. * IVANA JINKINGS é editora da revista Margem Esquerda e da Boitempo Editorial Publicado pela Agência Carta Maior em 19/3/06 Sindicatos e estudantes franceses protestam juntos por emprego Por Kerstin Gehmlich e Tom Heneghan PARIS (Reuters - 18/03/2006) - Multidões de estudantes, sindicalistas e partidários de esquerda foram às ruas na França, no sábado, para pressionar o governo conservador a anular uma nova lei que mina a segurança no trabalho para jovens trabalhadores. Em clima de festa, sob o céu azul, milhares participaram em Paris, Lyon e Rennes na maior das 160 demonstrações planejadas em um movimento crescente, que gera grave crise para o primeiro-ministro, Dominique de Villepin. Policiais cuidaram de manter vigilância sobre a multidão, para evitar a repetição da violência que comprometeu a manifestação de estudantes em Paris na quinta-feira. Os manifestantes exigem que Villepin retire um novo contrato de trabalho de jovens, conhecido como CPE, que permite à empresas demitir trabalhadores com menos de 26 anos sem justificativas, durante os dois primeiros anos de trabalho. Ele lançou a medida para encorajar empregadores relutantes a contratar novo pessoal. "Eu me arrisco a trabalhar dois anos por nada, para ser demitida a qualquer momento", disse a estudante parisiense Coralie Huvet, 20, que tinha a inscrição "Não ao CPE" na testa. Apontando para lágrimas pintadas no rosto, ela adicionou: "É deprimente, por isso estou chorando." Os organizadores, que chamam o CPE de "contrato Kleenex", por permitir que trabalhadores jovens sejam "jogados fora" como papel, disseram esperar 1,5 milhão de pessoas nas marchas durante o terceiro protesto nacional em seis semanas. Políticos oposicionistas socialistas e comunistas também participaram do evento, na terceira vez em quatro decadas que estudantes e trabalhadores protestam juntos, após 1968 e 1994. Sindicalistas deveriam se encontrar após o protesto para definir ações futuras. "Se eles não nos ouvirem, nós teremos que pensar em realizar uma greve nacional", disse Bernard Thibault, chefe do sindicato pró-comunista CGT. "Nós não podemos esperar, porque o movimento dos estudantes vai continuar e haverá riscos", disse o líder do movimento dos professores Gerard Ascheri. "Deverá haver greve na próxima semana." Villepin, cuja aposta nesta medida impopular pode custar sua chance de concorrer à presidência no ano que vem, jurou que não vai ceder à pressão das ruas. Ao mesmo tempo, ele sugeriu na sexta-feira que poderia fazer alguns ajustes na lei. O desemprego é o principal tema político na França, onde a média nacional é de 9,6 por cento e, entre os jovens, é o dobro. A taxa sobe para 40 a 50 por cento em alguns subúrbios pobres, que tiveram semanas de protestos no outono passado. Em uma tentativa de conter a crise, o presidente Jacques Chirac disse, na sexta-feira, que o governo estava "pronto para dialogar." Mas o governo tem pouco terreno para manobras, se não fizer grandes concessões. Uma pesquisa divulgada na sexta-feira mostra que 68 por centro dos franceses são contra a lei, um crescimento de 13 por cento em uma semana. Extraídos do site da APS (Ação Popular Socialista)

segunda-feira, 20 de março de 2006

A Transformação dos Animais em Alimento

Fazia tempo que eu não gostava tanto da minha publicação... É que o tempo anda curto e as reportagens na net também. As críticas se esgotaram, nada de novo. E o PSDB tá cantando vitória, com a ajuda da mídia, e enchendo o saco da gente, já estourado. Mas o tema hj é um pouquinho diferente, e bem legal. Hoje vai aqui um vídeo e um texto, sobre a crueldade da indústria de carnes e laticínios. Eu estava querendo postar isso já faz tempo, mas eu só tinha o vídeo. Queria um texto também, que coloco abaixo. Por indicação de um amigo vegetarianista, o texto foi tirado do site Vegetarianismo. O vídeo é o Meatrix. Bom esse nome, não?! Vale a pena ver o vídeo e ler o texto. Muito!!! A transformação dos Animais em Alimento A competição para produzir carne, ovos e derivados de leite baratos tem levado o "agribusiness" a tratar os animais como objetos e mercadorias. A tendência mundial é a de substituir fazendas familiares pelas "fazendas-fábricas": galpões onde os animais são mantidos em currais abarrotados ou cocheiras estreitas. Um grande número de bois de corte, vacas leiteiras, leitões, galinhas e perus são criados nessas condições. Crueldade Industrializada: Fazendas-Fábricas A lei federal norte-americana de Bem-Estar dos Animais (Animal Welfare Act) exclui da proteção os animais de fazenda, e a maioria das leis anti-crueldade isentam a prática padrão da pecuária. Isso inclui marcar com ferro quente, castração, corte dos chifres, corte dos bicos e corte das caudas -- procedimentos realizados sem anestesia. “A maioria das pessoas que comem carne não pensam muito sobre todo o processo que envolve a conversão do animal vivo na carne no prato ... Para a pecuária moderna, quanto menos o consumidor souber o que acontece antes que a carne acabe no prato, melhor será. Se isso for verdade, seria uma situação éticamente justificável ? Deveríamos, nós pecuaristas, relutar em permitir que as pessoas saibam o que realmente se passa, só porque nós não nos orgulhamos do que fazemos e por termos medo de que as pessoas se voltem para o vegetarianismo ? Dr. PhD Peter Cheeke, professor de Pecuária da Oregon State University, livro-texto "Contemporary Issues in Animal Agriculture" (Questões Atuais da Pecuária), 1999” Muitos acreditam que os animais criados para alimento devem estar sendo bem tratados porque animais mortos ou doentes não rendem dinheiro. O Dr. PhD Bernard Rollin, explica que é "mais eficiente economicamente colocar um número maior de aves em cada gaiola, aceitando menor produtividade por galinha mas maior produtividade por gaiola ... os animais individuais podem "ter produtividade", por exemplo, em ganho de peso, também porque ficam imóveis, sofrendo por não ter como se mover ... galinhas são baratas, mas as gaiolas são caras". “Esse filme [Babe] é a idéia que as pessoas têm sobre os porcos. Os "Babes" da vida real não vêem o sol em suas vidas curtas, não têm palha para se deitar, e nem lama para se banhar. Os leitões vivem em gaiolas minúsculas, tão estreitas que não podem sequer se virar. Eles vivem sobre grades de metal, e seus excrementos são empurrados em calhas por debaixo e descarregados em fossas imensas. Morley Safer reportagem "Pork Power" (Poder dos Porcos), noticiário 60 Minutes, 19/9/1997” Em um artigo recomendando que o espaço seja reduzido de 8 para 6 pés quadrados por leitão, o jornal da indústria National Hog Farmer (Fazendeiro de Porcos Nacional) sugere que "Amontoar compensa" na produtividade final. Aves Nos EUA, praticamente todas as aves de produção são criadas em fazendas-fábricas. Nessas condições estressantes e superpopulosas, as galinhas bicam-se umas às outras. Para impedir isso, os funcionários cortam até 2/3 dos bicos com uma lâmina quente, causando dor severa durante semanas. Algumas aves não conseguem comer depois de cortado o bico e morrem de fome. Em galpões pouco ventilados, os excrementos exalam vapores que causam infecções respiratórias, infecções nos olhos e outros danos. Galinhas Poedeiras Até seis galinhas poedeiras vivem em uma única gaiola cujo chão feito de grades de arame nao passa de 1,7 pés quadrados. Essas condições levam à debilidade, ossos quebradiços, osteoporose e fraqueza muscular. ”Com o aumento do conhecimento sobre o comportamento e as habilidades cognitivas da galinha, veio o reconhecimento de que a galinha não é uma espécie inferior para ser tratada meramente como uma fonte de alimento. Dr. PhD Lesley J. Rogers, "The Development of Brain and Behaviour in the Chicken" (O Desenvolvimento do Cérebro e do Comportamento na Galinha), 1995” Em 1888, as galinhas punham em média 100 ovos por ano; em 1998, a média era de 256.8 Ao final de seu ciclo de postura, as galinhas nos EUA são abatidas ou recebem um "choque biológico" que consiste em remover a ração e a água por vários dias para provocar outro ciclo de postura de ovos. As fazendas de ovos não fazem uso dos pintos machos; eles são mortos por sufocamento em sacos plásticos, decapitação, câmaras de gás ou esmagamento. “De acordo com os estudiosos, as galinhas [criadas para o abate] crescem tão rapidamente que o coração e os pulmões não se desenvolvem o bastante para suportar o resto do corpo, resultando em falha cardíaca congestiva e tremendas perdas por mortes. David Martin para a revista Feedstuffs (Rações), 26/5/1997” A Realidade da Vida das Vacas As pessoas normalmente acreditam que elas não causam mal às vacas ao beber seu leite. No entanto, não é lucrativo manter as vacas vivas depois que sua produção de leite diminui -- geralmente por volta de 5 a 6 anos de idade, embora a longevidade normal seja de 25 anos. Assim, o consumo de leite e derivados leva diretamente à morte das vacas. As estatísticas do USDA (Departamento de Agricultura norte-americano) mostram que em 1940, as vacas atingiam em média 2,3 toneladas de leite por ano. Apesar dos grandes excedentes de leite, o Hormônio de Crescimento Bovino (BGH) foi aprovado em 1993; e por volta de 1997, a média era de 8,4 toneladas por vaca. Algumas vacas tratadas com o BGH tem produzido recentemente mais de 30 toneladas de leite em um único ano. A produção excessiva de leite leva a danos nos ligamentos da mama, fraqueza, mastite (inflamação da mama) e desequilíbrios metabólicos. ”A senhora DeBoer disse que nunca ordenhou uma vaca à mão, e espera não ter que fazer isso. Na fábrica que é seu estábulo, os empregados, quase todos imigrantes latinos, operam o maquinário. "É igual a uma fábrica", ela disse. "Se as vacas não produzem leite, elas viram carne." "Urban Sprawl Benefits Dairies in California" (Crescimento Urbano beneficia leiterias na California), reportagem do New York Times, 22/10/99” As vacas leiteiras raramente são permitidas cuidarem de seus filhotes. Um terço dos bezerros machos é morto imediatamente, ao mesmo tempo que 40% deles é criado para o mercado de vitelas alimentadas com uma "ração especial". Esses bezerros são normalmente mantidos em cocheiras individuais acorrentados pelo pescoço com uma corrente de 2 a 3 pés durante 18 a 20 semanas.2 Depois eles são mortos. E os peixes ? Muitos peixes possuem uma longa vida natural, um sistema nervoso complexo e são capazes de aprender tarefas não triviais. O livro-texto de Guyton & Hall "Textbook of Medical Physiology" (Compêndio de Fisiologia Médica) de 1996, declara que "as regiões inferiores do cérebro [que todos os vertebrados possuem] parecem ser importantes na percepção dos tipos de dor e sofrimento porque mesmo tendo seus cérebros cortados acima do mesencéfalo para bloquear todos os sinais de dor que atingiriam o cérebro superior, esses animais ainda demonstram inegáveis evidências de sofrimento quando qualquer parte do corpo é traumatizada". A cada ano, aproximadamente 80.000 golfinhos e milhares de outros animais marinhos são aprisionados nas redes de pesca comercial no mundo inteiro. A maioria morre. A pesca industrial esgota as cadeias alimentares marinhas, danificando seriamente os ecossistemas oceânicos. Transporte Durante o transporte, todos os animais de fazenda perdem pelo menos 3% de seu peso, a maior parte na primeira hora de viagem, através da urina e defecação bem como resultado de estresse. Os animais são obrigados a permanecer sobre os excrementos e ficam expostos à condições extremas de temperatura nos caminhões abertos, algumas vezes ficando presos ao caminhão por congelamento. Essas práticas padrão podem resultar em "baixas" -- animais que ficam doentes demais para andar, mesmo quando são espancados ou recebem choques com aguilhões elétricos. Em currais, os animais em "baixa" são arrastados por correntes, ainda vivos, e dali vão para o matadouro ou para uma pilha de animais mortos, onde são abandonados para morrer. Animais Selvagens O Serviço para Animais Selvagens da USDA/APHIS (órgão do Departamento de Agricultura norte-americano) e os criadores de gado matam animais selvagens para proteger os animais de fazenda. Tendo eliminado as populações nativas de lobos e ursos cinzentos, os caçadores do governo federal agora matam cerca de 100.000 coiotes, linces, porcos selvagens, bisões e leões-da-montanha a cada ano. Eles são alvejados por armas de fogo, mutilados em armadilhas cortantes, capturados com laços ou envenenados com cianeto. Teve o caso desse touro que eu lidei no ano passado -- esse touro foi um dos maiores que já vi. Estava bem na parte da frente do reboque. E a vontade que ele tinha ... estava tentando ao máximo sair do reboque. Ele estava levando choques um atrás do outros dados por três ou quatro motoristas ... mas seus quadris e suas pernas de trás estavam enfraquecidas demais. E assim, eles continuavam a dar choques. Levou 45 minutos para tirá-lo da parte da frente do reboque até a rampa na parte de trás ... Então, dali ele foi acorrentado pelas pernas da frente mas acabou caindo da rampa até o chão de uma distância que não sei quanto era mas que fez um estrondo ... aí eu disse "Porque vocês não sacrificam logo o infeliz ? O que há com vocês ? Cadê o código de Ética ?" e um outro cara disse "Eu nunca sacrifico. Porque eu iria matar uma vaca que ainda pode sair e ainda tem um bocado de carne nela ?" Quando eu comecei, tive uma conversa com um outro caminhoneiro sobre as "baixas". Ele disse "É melhor você não ligar mesmo. Isso tem acontecido por muitos anos. Vai acontecer ainda pelo resto da minha vida e da sua também. É melhor você se conformar. Isso sempre acontece. Você vai ficando um pouco amargo, como eu fiquei. Não pense nos animais. Imagine que eles não estão sentindo nada ou qualquer outra coisa." Entrevista com um caminhoneiro de gado canadense no documentário "A Cow at my Table" (Uma Vaca na Minha Mesa) sobre a indústria da carne.” (video à venda no site)

sexta-feira, 17 de março de 2006

TV Digital brasileira: do sonho ao ralo !!!

êta correria... êta canseira... Mas o texto hj foi difícil, viu! O melhor foi esse aqui. Eu até ia postar sobre a greve das universidades na França, mas as reportagens são fracas. Então, belê. Inté!

TV Digital brasileira: do sonho ao ralo !!!

Mauro Oliveira e Tarcísio Pequeno “Se foi pra desfazer por que é que fez?” (Vinícius) O que levaria um Governo nariz empinado, esperança de um novo tempo, a ter a ousadia de convocar a inteligência nacional para definir um modelo de TV Digital que atenda aos interesses sociais e econômicos do país para depois jogar todo este esforço pelo ralo? Infelizmente, o nariz Pinóquio ficará abaixo do nível do mar. A vingar a “boataria”, cada vez mais forte na imprensa, neste 10 de março o Presidente Lula deve anunciar a escolha integral de um dos padrões internacionais para a TV Digital brasileira em detrimento de um modelo híbrido que contemplaria os interesses da nação. Os tucanos deixaram aos petistas a decisão sobre futuro da TV Digital brasileira. No lugar da simples escolha de um dos padrões existentes (americano, europeu e japonês), o atual Governo teve a ousadia de instituir o SBTVD (Sistema Brasileiro de TV Digital), um consórcio de pesquisa e desenvolvimento de um modelo que atendesse aos interesses sociais, tecnológicos, culturais e econômicos da nação. O interesse social estaria atendido em um modelo que privilegiasse o quesito interatividade com o usuário, permitindo o uso de serviços digitais, possivelmente a internet, promovendo uma ação efetiva de inclusão digital sem precedentes. O econômico vai desde a independência integral de um padrão e seus royalties associados à possibilidade de um modelo exportável de TV Digital interativa, capaz de interessar grandes mercados emergentes com condição geográfico-sociais semelhantes às do Brasil. O tecnológico estaria na valorização da competência nacional, dando-lhe chance de consolidar, por exemplo, no campo do software (midlleware e aplicativos) e o cultural no estímulo à produção de conteúdo pela criação de um mercado próprio. Como diz o Prof. Dr. Luiz Fernando da PUC-Rio e Guido Lemos da UFPB, em carta endereçada aos ministros responsáveis pela definição: “enganam-se aqueles que pensam que a adoção de um padrão estrangeiro não afetará a produção de conteúdos” Ao conduzirmos o SBTVD, como Secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações durante quinze meses, adotamos a estratégia de manter abertas no leque de alternativas, mesmo a de que o modelo brasileiro de TV Digital viesse a convergir para uma das tecnologias já consolidadas, se tal se demonstrasse convergente com nossos interesses. O que jamais contemplamos foi a possibilidade de adotar de forma dependente e subalterna a integralidade de qualquer desses padrões. Preservar um espaço para a contribuição tecnológica nacional e para, quando menos, a adaptação da tecnologia aos nossos interesses e necessidades, e a um parti pris lógico irrevogável. O SBTVD, ao contrário do SIVAM, decidido à revelia da inteligência nacional, é um sucesso de planejamento e implementação que seduziu a academia de norte a sul do País de Monteiro Lobato. São mais de 1.500 pesquisadores e 80 instituições de P&D verde-amarelas que acreditaram numa solução híbrida para a TV Digital brasileira, que contemple em sua arquitetura os interesses nacionais acima citados e, sem xenofobia, os subpadrões internacionais estabelecidos, a exemplo do Tucano, Bandeirantes e outros bichos voadores que precisam de turbinas e parafusos importados para serem competitivos e assim contribuírem para o PIB e orgulho nacionais. Assim, que interesses poderiam levar o Governo que teve a audácia de empreender um tal esforço ao arrepio de interesses e pressões vir a renunciar à oportunidade de uma nova Embraer da tecnologia da informação? Lembro-me do Dr Ozires Silva, um dos convidados ao nosso Fórum mensal sobre Política Industrial em Telecom, ao comentar as dificuldades no lançamento do Tucano. O Seu Zé do açougue, Dona Maria da bodega, o Seu Reimundo,vigia, podem não entender muito de tecnologia, política e outros chantilis. Talvez não sejam até capazes de compreender este artigo, mas que ninguém duvide! Seu Zé, dona Maria e seu Reimundo, da mesma origem humilde de nosso presidente eleito, que entendem muito bem a importância de uma Petrobrás, de uma Embraer, de uma Embrapa, entenderão o ralo ao qual será jogada uma oportunidade histórica, caso o Governo Lula decida pela adoção integral de um dos padrões internacionais de TV Digital. Já que os políticos não têm conhecimento de causa, espera-se da academia, esta que apesar de prestigiada no SBTVD manteve-se calada até agora, exceto em raros momentos, solte logo os “cachorros” para que não se concretize neste 10 de março a lição do poeta: “se foi pra desfazer por que é que fez”! Mauro Oliveira - Doutor em Informática, foi Secretário de Telecomunicações do MINICOM até setembro/2006. Tarcísio Pequeno - Doutor em Ciência da Computação, foi Secretário Regional da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência

sábado, 11 de março de 2006

A vitória da Vila Isabel e a unidade latinoamericana

Tiarajú Pablo

A vitória da escola de samba Unidos de Vila Isabel no carnaval carioca, ratificada na apuração da quarta-feira de cinzas, pegou muita gente de surpresa. Desbancando às favoritas Mangueira, Beija-Flor e a até a injustiçada Unidos da Tijuca, as notas e a aclamação popular premiaram aquela que em todo período pré-carnavalesco era tida apenas como “uma escola de tradição mas um pouco escondida”. Para muitos lutadores do povo, o tema sobre a integração latinoamericana chamou a atenção e empolgou mais pelo lado político que pelo lado sambístico. Certo é também que muita gente da esquerda só ficou sabendo do enredo após a vitória da Vila. Pois bem, meus queridos, como diria Noel Rosa, o poeta maior desse bairro cheio de encantos, “a Vila não quer abafar ninguém, só quer mostrar que faz samba também”. E foi isso que fez. E quem pensa que a ajuda venezuelana politizou a escola, dando a entender que a Vila tivesse sido usada, como andaram falando por aí, é porque não sabe nada de samba, e nem procurou saber. Em 1980, em plena ditadura militar, a Vila Isabel, com um maravilhoso samba de Martinho da Vila, pregava aos quatro cantos e quatro ventos “a prisão sem tortura” num enredo que cantava os sonhos da humanidade. Em 1984, o enredo Pra Tudo se Acabar na Quarta Feira cantava a poesia e a dor de se viver no morro, de ser pobre num país tão rico, tendo a possibilidade de dar vazão a cacos de felicidade apenas no carnaval. Numa crescente, a escola em 1987 consegue o 5º lugar falando da lenda de Maíra, baseando-se na obra de Darcy Ribeiro para cantar uma das páginas mais belas da cultura indígena de nosso país. O samba de Martinho da Vila nesse carnaval até hoje é único. Inovador, o poeta fez um samba-enredo sem rimas, surpreendendo e colocando-se no pantheon dos insuperáveis. Em 1988 veio o ápice. No ano em que se comemorava o centenário da abolição da escravatura, o enredo “Kizomba, a festa da raça”, de Martinho da Vila apresentou a luta e resistência do povo africano escravizado, em congraçamento com todas as etnias e cores que conformam a raça humana. O samba de Luis Carlos da Vila é imortal. Todo em tom menor, sofrido e raivoso, muda de tonalidade para maior na chegada do refrão, como que pedindo paz e justiça, refrão que diz assim: “vem a lua de Luanda/para iluminar a rua/ nossa séde é nossa sede/ de que o apartheid se destrua”. A menção à séde fazia sentido, pois a escola não tinha um local de ensaio e preparava seu carnaval numa garagem de ônibus emprestada. Pra quem não sabe, a Unidos de Vila Isabel, sempre foi uma escola pobre, pé no chão, raçuda, bonita. Naquele ano apresentou-se cheia de palha e madeira, cantando o samba e evoluindo graciosa e cheia de vontade. Na simplicidade, em contraposição ao luxo das rivais, foi agraciada com seu primeiro titulo no ano do centenário. Pura Kizomba. Mas a saga politizada da Vila não parou por aí, em 1989, o enredo sobre a declaração universal dos direitos humanos acusava as promessas não cumpridas pelo iluminismo. Diz a letra: “a declaração universal/não é um sonho, temos que fazer cumprir/a justiça é cega mas enxerga quando quer/já está na hora de assumir”. Em 1990 clamou por reforma agrária, com o belíssimo enredo “Se esta terra fosse minha se esta terra”. A letra, épica, mostra a aventura dos deserdados da terra, mas não vou citá-la aqui, quem quiser que a procure e terá uma bela surpresa, assim como não citarei a letra do ano de 1992, quando a escola virou a história oficial do avesso com o enredo: “A Vila vê o ovo e põe as claras”, denunciando a matança indígena realizada pelos europeus, naquele que era o ano 500 do “descobrimento”. Tal ousadia custou caro, pois a escola ficou a uma posição do descenso. Em 1993 uma lenda africana foi o tema. Em 1994 o próprio bairro, e o samba é um dos mais bonitos da história do carnaval: “desperta Seu China/acorda Noel/pra ver a nossa escola/desse branco e azul do céu”. Em 1995, no enredo que homenageava o Rio Grande do Sul, a escola foi a única que alguma vez citou nominalmente o líder indígena Sepé Tiarajú, protetor da terra, como diz o samba. Como se vê, os enredos sociais da escola, não são de hoje e, diferentemente de outras, a Vila não foi nunca um pêndulo, pois coerência ideológica é o que menos se pode esperar de uma escola de samba. A Grande Rio, por exemplo, que em 1998 homenageou Luis Carlos Prestes (pouca gente lembra), em 2005 vendeu seu enredo para a Nestlé. A Beija-Flor que na década de 70 defendia os governos militares, em 2003 anunciava uma revolução popular num enredo sobre a fome. E por aí vai. Estes são apenas dois exemplos, mas poderiam ser trinta, e com as mais diferentes escolas de samba. Mas a Vila não, a Vila sempre teve uma sensatez banhada pelas dificuldades que sempre enfrentou. Em 2000, com outro enredo sobre os índios, a escola caiu do grupo especial, para onde só voltou em 2005, para já no ano seguinte, este 2006 que atravessamos, ser a legitima campeã. O enredo sobre a unidade latinoamericana é na verdade uma continuidade dos inúmeros enredos sobre negros e índios que a escola sempre defendeu. Enfim, explorados em geral. O casamento desta vereda social histórica da escola com a experiência venezuelana atual não é mero acaso. Ambas, Vila e Venezuela, têm no povo sua figura principal, artífice das mudanças e construtor da história. Sempre à frente em suas iniciativas políticas, o governo da Venezuela deixa a oposição em polvorosa, perdida, seja no Brasil, na Venezuela ou onde quer que for. Pra se contrapor, ou tentar acompanhar, estes terão que fundar uma Unidos dos Esquálidos, mas acredito que a falta de malemolência e a distância dos instrumentos musicais fará essa escola desafinar e atravessar o samba. Assim como a Vila propôs a união das cores, a Venezuela propõe a união dos povos latinoamericanos. E ambas juntas demonstram que por meio da cultura popular, do saber imortal do samba, neste caso, latinoamerisamba, é mais fácil passar a mensagem, tocar mentes e corações, muito mais que livros, discursos, etc, da mesma forma que se aproveita da brecha deixada pela imagem televisiva, ainda que esta tente boicotar. Agora, no transporte público, nas esquinas e nos comentários do dia-a-dia, o povo já fala de Bolívar com mais propriedade, na linguagem que lhe é própria, porque a Vila Isabel com o samba, e Carlitos Tevez com o futebol, fizeram muito, mas muito mais pela integração latinoamericana que acordos comerciais e militontos verborrágicos.

segunda-feira, 6 de março de 2006

Contra o Comércio de Peles

E ninguém me falou que o link não entrava!!! Tá arrumado! Ai, gente, desculpa o sumiço. Mas não sei quando ele vai acabar não. Bom, para hj vai um abaixo assinado. Eu to sem tempo e sem pc NENHUM!! Nem no trabalho! Ai, meu Deus! Bom, é isso. Ah, valeu pelos comentários. Depois eu os comento. Té mais! Trata-se de uma petição para acabar com a matança cruel e bárbara de milhares de animais, explorados pelo comércio de peles. Temos 50.000 assinaturas e precisamos de 75.000 até o dia 05 de março. Por favor, assinem e repassem.... ... Tudo pelos animais... Trata-se de uma petição para acabar com a matança cruel e bárbara de milhares de animais, explorados pelo comércio de peles. Temos 50.000 assinaturas e precisamos de 75.000 até o dia 05 de março. Por favor, assinem e repassem.... ... Tudo pelos animais... Contra o comércio de peles!