terça-feira, 25 de abril de 2006

Floresta privada sela affair de magnata britânico com Brasil

FÁBIO VICTOR da Folha de S.Paulo, em Londres À exceção de um seleto grupo da alta sociedade e, quem sabe, dos leitores atentos de revistas de celebridades, os brasileiros não conhecem Johan Eliasch. Agora esse milionário sueco-britânico começa a despertar atenções em outras esferas do país, depois de comprar uma enorme porção de terra na Amazônia. O negócio foi feito em outubro, mas só veio à tona no mês passado, noticiado pelo diário londrino "The Times". A área --na verdade duas fazendas, a maior em Manicoré, a outra em Itacoatiara, ambos municípios do Amazonas-- tem 160 mil hectares, extensão equivalente à da Grande Londres. Preservação lucrativa Grosso modo, o plano anunciado por Eliasch é preservar a floresta tropical. Mas, conforme ele mesmo tem feito alarde, vai além, em ousadia e polêmica. O magnata almeja modificar o Protocolo de Kyoto, o acordo internacional para reduzir a emissão de gases que causam o efeito estufa, de modo a permitir que proprietários de florestas preservadas possam também vender créditos de carbono. Hoje, quem faz reflorestamento pode vender os créditos -títulos dados a países que contribuem para redução de poluentes-, que podem ser comprados pelas nações que mais emitem esses gases. Pela legislação atual, quem só conserva a floresta não pode vendê-los. Ou seja, Eliasch, proprietário da empresa de material esportivo Head e dono de uma fortuna pessoal avaliada em 355 milhões de libras (cerca de R$ 1,4 bilhão), quer lucrar com a preservação. O milionário O envolvimento de Eliasch com o Brasil vai além do que supõe um ambientalista desavisado e suscita dúvidas de até onde pode levar sua empreitada. O sueco de 44 anos, nascido em Estocolmo e radicado em Londres, vive desde 2002 com a socialite paulista Ana Paula Junqueira, ex-aspirante a cantora e ainda aspirante a política. Vão se casar oficialmente em setembro. De beleza incomum, Ana Paula concorreu ao cargo de deputada federal nas eleições de 1994 (pelo PMDB) e estadual em 2002 (pelo PFL). Perdeu ambas, e hoje é secretária-geral da Associação das Nações Unidas no Brasil. "Ela é muito preocupada com o meio ambiente, sempre falou da beleza das florestas e das coisas horríveis que eram feitas ali. Então ela teve uma influência muito forte [na decisão da compra]", afirmou Eliasch, à Folha. O empresário tem amigos poderosos no Brasil, como o jogador Ronaldo, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), os irmãos empresários João Paulo e Pedro Paulo Diniz e o apresentador Luciano Huck, entre outros. É ao lado desse grupo que o casal costuma aparecer nas revistas de celebridades, em camarotes no Carnaval e festas do circuito Rio-São Paulo. "Ela conhece todo mundo no Brasil", explica Eliasch sobre Ana Paula. "Ronaldo é um amigo, o encontro com freqüência, somos ambos interessados em esportes, às vezes jogamos golfe juntos. Ele é um golfista muito talentoso, parecido com o Tiger Woods", brinca. As amizades influentes transcendem o "show business" e incluem a política. Eliasch --vice-tesoureiro do Partido Conservador britânico, ao qual fez empréstimos revelados na recente devassa no financiamento de campanhas no país-- conta que, para comprar um naco da Amazônia, teve uma "grande ajuda" do ex-senador pefelista Gilberto Miranda, assim como do governador do AM, Eduardo Braga (PMDB). "Todos foram muito solícitos e compreenderam meu plano de preservar a floresta." A compra Não significa que a operação tenha sido um sucesso. Reportagem do "Correio Braziliense" informou que a posse da área ainda é investigada pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Eliasch se declara tranqüilo. "Diria que não há muitos problemas. Estou certo de que a maior parte da área é regular." A floresta privada do sueco foi adquirida do grupo americano GMO Renewable Resources, que controlava a madeireira Gethal. Ele demitiu mil funcionários da empresa e diz manter 120 pessoas, entre seguranças e "gente envolvida com a terra" na área, para evitar desmatamento. Ele não revela o valor gasto no negócio. A mídia britânica fala em 8 milhões de libras (cerca de R$ 30 milhões). O valor diverge do cálculo realizado por Eliasch, segundo o qual um hectare da floresta amazônica custa US$ 30 -o que resultaria em cerca de R$ 11 milhões pelas fazendas. Eliasch avalia que os 400 milhões de hectares da floresta amazônica podem ser comprados por US$ 12 bilhões (e não US$ 50 bilhões, como publicou o "Times", de acordo com ele, equivocadamente). E abriu campanha para que outros estrangeiros sigam o seu caminho. Tem falado com políticos e celebridades internacionais e aconselhado interessados em embarcar na luta por créditos de carbono para preservacionistas. "Tenho recebido centenas de consultas toda semana sobre pessoas dizendo: também quero comprar terra na Amazônia, como posso fazer isso? O mais importante é que não sejamos vistos como estrangeiros chegando para comprar um pedaço do Brasil, mas como uma iniciativa para ajudar a preservar a floresta. Não como colonialistas tentando explorar os mais pobres", afirma. Projetos Eliasch planeja outras fontes de renda para sua floresta. "Remédios alternativos, óleos essenciais, produtos com biodiversidade", descreve. Para isso procurou o médico Drauzio Varella, que conduz um projeto de pesquisa da Unip (Universidade Paulista) na Amazônia de coleta de plantas para desenvolver medicamentos. "Expliquei como era feito nosso trabalho, que tecnologia é utilizada. Ele disse que estava interessado em trabalhar com desenvolvimento sustentável, fazer pesquisas com óleos minerais, de uma forma que pudesse criar viabilidade econômica para aquela área sem destruir a floresta. Pareceu-me uma pessoa séria e bem intencionada", diz Varella. Ana Paula, que se diz empolgada com a compra, traçou o projeto de um documentário sobre a Amazônia. "Acho super importante a gente ter essa responsabilidade com o meio ambiente, principalmente eu e o Johan, que participamos de muitas conferências pelo mundo. A preocupação mundial hoje é essa. É que no Brasil temos outras prioridades, as pessoas não dão ainda o devido valor", afirma. "Nasci e cresci em uma fazenda, sempre tive esse contato com a natureza, esse respeito. A família Junqueira é tradicional por essa coisa de estar junto com a terra. Cresci com esses valores, é uma coisa com que sempre me preocupei." Não sei... mas lembro de uma musica de Composição: Raul Seixas e Claudio Roberto. Segue a letra... A solução pro nosso povo eu vou dar Negócio bom assim ninguém nunca viu Tá tudo pronto aqui é só vir pegar A solução é alugar o Brasil! Nós não vamos pagar nada Nós não vamos pagar nada É tudo free, Tá na hora agora é free, vamo embora Dar lugar pros gringo entrar Esse imóvel tá prá alugar Os estrangeiros, eu sei que eles vão gostar Tem o Atlântico, tem vista pro mar A Amazônia é o jardim do quintal E o dólar deles paga o nosso mingau Nós não vamos pagar nada Nós não vamos pagar nada É tudo free, Tá na hora agora é free, vamo embora Dar lugar pros gringo entrar Esse imóvel tá prá alugar Nós não vamos pagar nada Nós não vamos pagar nada Agora é free Tá na hora agora é free, vamo embora Dar lugar pros gringo entrar Esse imóvel tá prá alugar enviada por primerhy

quarta-feira, 12 de abril de 2006

17/04/2006 - 10 Anos de Eldorado dos Carajás. Nenhum Punido.

Encontrei uma série de reportagens sobre esse assunto na Agência Notícias do Planato, para o qual o link encontra-se aí ao lado. Bom, as notícias têm suas versões escrita e falada - programa de rádio. As duas são quase idênticas. Aqui vai um link para todas as faladas e o melhor texto, pelo que li, de todos.

O dia 17 de abril

Sobreviventes relatam o histórico do massacre Áudio - O dia 17 de abril Localizado na Região Norte e com uma área equivalente a 16% do território nacional, o Pará é o estado líder na violência no campo. Nos últimos 30 anos mais de 700 trabalhadores rurais foram assassinados, devido a disputas por terra. A polícia concluiu o inquérito em apenas 11 dos casos, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT). Entre eles, o do assassinato de 19 agricultores sem terra pela Polícia Militar, conhecido como Massacre de Eldorado dos Carajás, que completa uma década este ano. “A polícia veio, fez covardia com ‘nóis’, matou nossos companheiros”(Antonio Alves de Oliveira, 46 anos, tiros na perna) “Aquele dia foi sofrido. Eu não estava nem acredita”, (Raimunda Conceição Almeida, 62 anos, viúva de Leonardo Batista Almeida) “É uma coisa que jamais vai sair da memória da gente. Fica gravado. E acho que jamais ele pode ser esquecido” (José Sebastião de Oliveira, 57 anos, tiro na perna) No dia 05 de novembro de 1995, mais de 1.500 famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam a Fazenda Macaxeira, no município de Eldorado dos Carajás, no sul do estado. Segundo o movimento, a terra era usada somente para pasto pelo proprietário Plínio Pinheiro. Mesmo assim, era considerada produtiva pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Após cinco meses sem respostas sobre a desapropriação da área, as famílias iniciaram uma marcha rumo à Marabá. “Sempre dá um calafrio quando passo no lugar onde levei os tiros e vi os companheiros sendo baleados” (Domingos Reis da Conceição, 30 anos, tiros na perna) “Nós não queria guerra não. Nós ‘queria’ era terra pra trabalhar” (José Agarito, 28 anos, tiro no olho. Bala alojada no cérebro ainda hoje) “Foi a agonia mais triste do mundo. Cada dia que eu relembro aquilo parece que eu estou vivendo na hora” (Dalgisa Dias de Sousa, 50 anos, pancada no pescoço) O dia do massacre Em 17 de abril de 96, após nove dias de caminhada, sem comida e cansadas, as famílias bloquearam a rodovia PA-150, no trecho conhecido como curva do “S”. As negociações por alimento e transporte foram interrompidas pela decisão do governo do estado de liberar a estrada “a qualquer custo”. Para isso o então governador Almir Gabriel (PSDB) acionou a Polícia Militar. Dez anos depois, a equipe da Agência Notícias do Planalto foi ao local do massacre ouvir os diversos envolvidos no caso. “Os ônibus chegaram cheios de polícia. Não teve conversa não. Chegaram mesmo jogando bomba. Foi tiroteio” (José Agarito) “A polícia começou a se preparar, como se fosse para um combate. Corriam com as armas, mostravam, apontavam se ajoelhavam e nós olhando. Fechamos todas as portas e ficamos olhando pelas brechas” (Miguel Pontes, 42 anos, tiro na perna) “De acordo com eles mesmos era dar tiro em vivo ou morto. Quando ‘se’ demos conta, era bala pra cima de bala e nego caindo morto” (Meirton Germiniano, 29 anos, tiros na perna) De um lado o batalhão da cidade de Parauapebas comandado pelo Major José Maria Pereira de Oliveira. Do outro, o Coronel Mário Collares Pantoja e seus soldados de Marabá. Os sem-terra estavam cercados por 155 policiais fortemente armados. “O finado Amâncio surdo chegou lá pra frente. Aí o policial atirou nele. Na hora que ele caiu, atirou na cabeça dele. Resultado: 19 mortos, 69 feridos, peguei um tiro de fuzil aqui, fratura exposta” (Domingos Reis da Conceição) “Eu já tinha tomado 9 tiros” (Avelino Germiniano, 51 anos) “Tomei uma bala na perna...peguei outro tiro na perna de novo” (Meirton Germiniano) “Levei uma pancada no pescoço” (Dalgisa Dias de Sousa) Fim da chacina Encerrado o massacre, o cenário era de guerra. A equipe de reportagem da TV Liberal, presente no local, gravou a execução dos trabalhadores. Imagens que percorreram o mundo e chocaram a opinião pública. Seu Antônio Venceslau da Conceição, 61 anos, que mora ainda hoje na curva do “S”, chegou logo após as rajadas. “Foi um sofrimento a noite todinha. O pessoal ficava gritando aqui. Quem não estava baleado estava quietinho que não podia se mexer. Para todo o canto um gritava: ‘me faz socorro, estou com a perna quebrada, não posso sair’. Era pai chamando o filho. Filho chamando o pai. Irmão chamando irmão. A mãe chamando os filhos. Filho chamando mãe. Marido chamando a mulher. Sobrinho chamando tio...”, conta Seu Antônio. Nenhum policial foi morto e apenas um ficou ferido. Enquanto que o comando policial contabilizou oficialmente seis homens sem-terra mortos após a ação. Já no Instituto Médico Legal (IML) chegaram 19 corpos, número ainda questionado pelos sobreviventes, segundo Antônio Alves de Oliveira, o Índio, uma das 69 pessoas feridas.”Lá no dia a polícia apresentou 19, só que na minha idéia foi bem mais gente. É difícil você dar rajada de bala onde tem mulher, criança e homem, e morrer só homem. Um dia alguém vai descobrir. Deve ter morrido criança, mulher... Rajada de bala pra atingir só homem é complicado”, contesta. Além do número oficial de mortos que é contestado, as ocasiões dos assassinatos também geram polêmicas. De acordo com médico-legista Nelson Massini, indicado para o caso pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, a maioria das vítimas foi executada com tiros na nuca, tórax, cabeça. Para ele foi um massacre típico, com uso de força desnecessária, imobilização das vítimas, seguida de execução sumária. Os que fugiram eram recapturados para serem liquidados. “Os sem-terra não morreram em confronto, morreram subjugados e imobilizados nas mãos da Polícia Militar”, afirmou Massini. Esta tese é reafirmada por Carlos Guedes, advogado do MST que acompanhou o caso. “Dos 19 mortos, pelo menos 13, de forma inquestionável foram executados após encerrada a operação policial. Isso foi demonstrado de forma muito segura no processo. Então as pessoas acham que o policial agiu de forma truculenta, irresponsável, atirou de forma maciça e acabou matando 19 pessoas. Não, não foi isso. O resultado desta ação truculenta foi 6 mortes e outras 13 pessoas foram executadas depois de feridos e imobilizados”, diz Guedes. Após três séries de julgamentos conturbados e um deles anulado, o resultado hoje é: 144 agentes da polícia absolvidos e os comandantes das tropas condenados. Ninguém está preso, pois o Major Oliveira e o coronel Pantoja recorrem a sentença em liberdade. Nem o ex-governador Almir Gabriel, nem o então secretário de Segurança Pública, Paulo Sette Câmara, sentaram no banco dos réus e sequer foram envolvidos formalmente no caso. Além de 69 sem-terra mutilados, três pessoas morreram em decorrência dos ferimentos nos últimos anos, elevando o número oficial de mortos para 22. Depoimento de sobrevivente do massacre: “Eu sou Dalgisa Dias de Souza, sobrevivente do Massacre de Eldorado dos Carajás. Até hoje vivo na luta graças a Deus e por tudo que passamos quero resistir. Eu quero que aconteça justiça, porque nosso sangue foi derramado.” ---------- Reportagem especial produzida pela Agência Notícias do Planalto Ficha técnica Enviadas especiais ao Pará: Beatriz Pasqualino e Nina Fideles Produção: Sofia Prestes Sonoplastia: Leandro Gregorine Os outros programas em áudio: Impunidade no caso O Massacre continua: mutilados e famílias das vítimas A vida dos sem-terra: Assentamento 17 de Abril

quarta-feira, 5 de abril de 2006

O novo muro da vergonha

Movimentos sociais planejam mobilização para impedir a construção de um muro duplo na fronteira dos Estados Unidos com o México Mariana Tamari de Caracas (Venezuela) do Jornal Brasil de Fato Como parte de um pacote de medidas para conter a entrada de imigrantes ilegais, congressistas estadunidenses apresentaram o projeto conhecido como "iniciativa Sensenbrenner", que prevê a construção de um muro duplo, de mais de mil quilômetros, na fronteira entre o México e os Estados Unidos. Essas medidas, que ainda devem ser aprovadas pelo Senado e pela Casa Branca, geraram protestos em todo o mundo. No Fórum Social Mundial, foi articulada uma mobilização para destruir simbolicamente esse possível monumento ao terror imperialista. No dia 28 de janeiro, em Caracas, entidades ligadas à defesa dos Direitos Humanos anunciaram a realização de uma marcha que terá início no dia 21 de março, em Chiapas, no México, e atravessará o país até chegar a Cidade Juarez, na divisa com os EUA. Ali acontecerá um ato de desobediência civil, no qual manifestantes cruzarão o limite entre os dois países para mostrar indignação em relação ao tratamento que recebem os imigrantes nos EUA. De acordo com Michael Guerrero, coordenador nos EUA da Grassroots Global Justice, junto ao ato contra o muro acontecerá um Fórum Social Fronteiriço, cujo objetivo será preparar uma plataforma para as organizações ligadas às questões que envolvem imigrantes. Além disso, vão começar os debates para o Fórum Social dos Estados Unidos, previsto para junho, em Atlanta, Georgia. Edur Arregui, da Liga Magonista 7 de janeiro, entidade que está articulando o ato entre organizações estadunidenses, mexicanas e canadenses, afirmou que já foram gastos cerca de três bilhões de dólares na construção de partes do muro e que, caso o novo projeto seja aprovado pelo congresso estadunidense, os custos podem chegar a 20 bilhões de dólares. "O muro é simplesmente um monumento para intimidar os imigrantes, pois não aumenta a segurança. É para dizer que eles não são bem-vindos. Serve para fazer com que os imigrantes entrem no país sem dignidade". Ele acredita que além de ser um símbolo do poder imperialista dos EUA, o muro deve gerar na maioria dos estadunidenses a sensação de estar em uma fortaleza sitiada. "O muro é um elemento-chave de controle da sociedade estadunidense. Serve para isolar a sociedade, para que o povo não veja outros povos, para que não se identifique e não sinta empatia por nenhuma outra nação." Cidade Juarez A cidade onde vai acontecer a Intifada mexicana tem 1,7 milhão de habitantes e retrata as conseqüências das políticas antiimigrantes dos Estados Unidos. A maioria da população de Cidade Juarez é de mulheres e crianças. São esposas, filhos e filhas dos imigrantes homens que se arriscam no deserto em busca do sonho americano. Ciudade Juarez, no Estado mexicano de Chihuahua, faz fronteira com a cidade texana de El Paso. Nos últimos dez anos, mais de 350 mulheres foram mortas em Cidade Juarez sob circunstâncias que as autoridades ainda não conseguiram esclarecer. As hipóteses apontam para tráfico de órgãos, crime organizado, redes de tráfico de mulheres e companhias ou pessoas que realizam vídeos de pornografia. Para Christian Ramirez, do Comitê do Serviço Americano dos Amigos (AFSC, sigla em inglês), a causa dessas mortes está relacionada ao problema da criminalização da imigração. "Famílias se desfazem pelo sonho americano. As mulheres de Cidade Juarez ficam vulneráveis pelas condições a elas impostas", acredita ele. Segundo Christian, desde que foi implantada a Estratégia Bilateral de Cooperação Contra as Drogas México-Estados Unidos, em 1998, mais de quatro mil pessoas morreram ao tentar atravessar a fronteira. No México há mais de 400 fossas comuns onde são enterrados aqueles que não conseguem terminar a travessia com vida.