sexta-feira, 27 de maio de 2011

domingo, 20 de junho de 2010

Copa do Mundo 2010

Bom, como não vi a abertura da copa, estava aqui, caçando pela internet, as imagens do início da copa na África. Eis então que encontro muita coisa interessante. E, como não podia deixar de ser, preciso compartilhá-las!
O primeiro vídeo diz respeito a um conteúdo para os meus alunos das quintas séries, especialmente, e para quem ainda não conhece os tuareg, os homens azuis do deserto. É uma sociedade bem interessante, haja visto que são nômades e liderados pelas mulheres. Inclusive, como pode ser notado no vídeo, quem usa "panos" para cobrir o rosto são os homens e não as mulheres, como nos parece mais comum. O nome "homens azuis" faz alusão ao véu que lhes imprime esta cor. O nome do grupo é Tinariwen e o vídeo não pode ser incorporado ao post. Por isso, para vê-lo, clique aqui.

Outro vídeo muito interessante é o da propaganda da pepsi. Muuuuito criativo. Sensacional.




A penúltima citação diz respeito à história da copa. Com os cartazes de todas as copas do mundo, percebemos os acontecimentos históricos e territoriais da nossa sociedade. Vale muito a pena clicar aqui e ver!


E por último, a melhor tabela da copa de 2010! Vale muito a pena clicar aqui e conferir!

quinta-feira, 25 de março de 2010

A Sociedade Hipócrita e a Educação

Quando perguntam nas ruas qual é o setor que deveria ser mais valorizado pelos governantes, qual é a primeira resposta que vem à cabeça? "EDUCAÇÃO"
Mas aí, quando você fala que é professor, que está lutando por uma EDUCAÇÃO melhor e por uma SOCIEDADE melhor - e mais justa - o que esses fdp te falam? Vamos lá:

"Ah, tadinha, sai dessa vida" "Nossa, como é que você aguenta?" "Ah, vai vai fazer outra coisa que te dê dinheiro" Acompanhado daquele pensamento de que essa profissão é para os piores. Para os bons tem a engenharia, o direito, a arquitetura, etc.

Como se o que eu faço não merecesse respeito. Como se o que eu faço não fosse uma PROFISSÃO, como TODAS as outras (e talvez a mais importante, SEM HIPOCRISIA), e não um motivo de DEPRECIAÇÃO.

Aí, eu pergunto: Cadê a maldita valorização que cobram dos governantes, seus hipócritas? Chega de ignorância! Chega de gostar de ser enganado, chega de ser corrupto no seu dia-a-dia! Vira e mexe um aluno vem me dizer "te pago tanto pra você me dar nota". Onde é que ele aprendeu isso? Se até uma criança já pensa em corromper suas mínimas ações Do dia-a-dia, imagine que adulto a gente vai ter! Aí, a sociedade vira o que a gente vê por aí e a culpa é de quem? Do professor, é claro!

Temos governos que só nos massacram, e que levam a sociedade a nos massacrar também! E aí, sociedade, cadê a nossa valorização QUE vocês cobram DOS GOVERNANTES? Cadê o apoio aos que ficam cinco, seis horas com seus filhos? Quando é que vocês vão parar de nos ver como inimigos e como coitados e vão resolver nos apoiar na construção de um país mais digno e MAIS HONESTO? Tá bom, eu sei, vocês não querem um país mais honesto. Por que isso te obrigaria a SER MAIS HONESTO. Você iria ter que parar de pagar propina, suborno ou aquela "caixinha" pro policial que viu alguma irregularidade sua. Então, o que fazem? Deixam as coisas como estão, desde que tenham alguém para dividir a responsabilidade de criar seu filho, algum lugar para deixálo o dia todo (aí, tudo bem, não precisa de mais nada!). Aí, quando as coisas derem errado, a culpa não será sua, mas da escola. E das más companhias, que ele adquiriu onde? Na escola.

A escola não é um outro planeta, SOCIEDADE HIPÓCRITA, é fruto das SUAS ações. E, enquanto vocês continuarem gostando de ser enganados, de terem preguiça de pensar e de questionar o que escutam na mídia e de quererem ter o direito de "dar o jeitinho brasileiro", a escola vai continuar desse jeito. E até piorar.

Continuem tratando o professor como vocês tratam. Continuem votando em quem nos trata do mesmo jeito. Vocês estão fabricando professores com ódio, rancorosos, desmotivados e sem esperança nenhuma de melhora. Aí, quem é que vai lutar por país mais justo? E como é que os SEUS filhos irão ser educados, FORMADOS? Se você já tem filhos grandes, isso não faz diferença, não é mesmo? E, se tem filhos pequenos, acha que maltratando os professores é que se resolve alguma coisa. Continuem fazendo o papel que os ricos querem, de apoiar essa política suja de sucateamento da escola pública e de apedrejamento do professor.

Então, vamos ver como estará a nossa sociedade, que SEMPRE PASSA PELAS MÃOS DESSES PROFESSORES QUE VOCÊS ADORAM MASSACRAR, daqui a uns cinquenta anos. E vamos ver se, até lá, ainda haverão esses profissionais que só servem para serem os culpados ou os coitados. E quando um professor extravasa as agressões morais e físicas que sofre no dia-a-dia ele é tachado de LOUCO. É realmente uma loucura o que a gente passa na sala de aula e fora dela.

Ainda tenho vontade de lutar por melhorias. Ainda faço GREVE sim, por que é o único jeito de mostrar meu descontentamento com tudo isso e também o único jeito de alguma coisa ter a possibilidade de melhorar, mesmo tendo um chefe (Governador do Estado de São Paulo) que trata a nossa greve como na ditadura (já temos 3 ou 4 professores presos por protestarem, cortam nosso salário contra a lei de greve e não quer negociar). É o que eu sempre digo para os meus alunos: ficar reclamando na frente do Jornal Nacional é muito fácil. Difícil é ir à luta por melhorias. Difícil é querer um país mais justo e mais HONESTO. Não é mesmo SOCIEDADE HIPÓCRITA?


Priscilla D. Merhy, professora do Estado de São Paulo, que escuta todo dia DA SOCIEDADE acomodada e hipócrita barbaridades sobre a sua profissão e sobre a greve que faz há 15 dias (um exemplo desses absurdos pode ser lido clicando-se aqui).
Só pra lembrar, greve é direito constitucional (art. 9°), tá SOCIEDADE?

domingo, 22 de novembro de 2009

Apartheid Cultural

Apesar dos avanços na produção cultural, o racismo ainda persiste nas entrelinhas



O maior salário de Hollywood é de Will Smith. Oprah Winfrey é uma das vozes mais respeitadas da televisão estadunidense. A Disney estreia em dezembro sua primeira protagonista negra. Aqui, no Brasil, Taís Araújo também é a primeira negra a protagonizar uma novela da Rede Globo em horário nobre. Nos cinemas, está em cartaz Besouro, filme sobre o lendário capoeirista baiano, cujo elenco principal é formado por negros. Como se vê, finalmente a indústria cultural parece abrir mais espaço para artistas afro-descendentes no Brasil e no mundo. Mas será que isso significa uma diminuição do racismo?



O cineasta João Daniel Tikhomiroff, diretor de Besouro, viu que, infelizmente, o preconceito ainda é grande por parte da elite financiadora de produções culturais nacionais. Seu filme é inspirado no livro Feijoada no Paraíso, de Marco Carvalho, sobre o famoso capoeirista baiano da década de 1920 que, segundo a lenda local, se valia da capoeira e de poderes paranormais para combater fazendeiros escravagistas. Besouro Mangangá é citado em músicas de capoeira e também por Jorge Amado, no livro Mar Morto, de 1936. Quando procurava parcerias para financiar seu filme, cujo heroi e 90% do elenco seriam negros, Tikhomiroff esbarrou na resistência racista. “Chegaram a me perguntar se o protagonista não poderia ser branco. Se o Besouro não poderia ser branco! Fiquei chocado com essas posturas”, lamentou o diretor, em entrevista ao site Omelete.



A princesa e o Sapo



A Disney finalmente produziu uma animação cuja protagonista é uma princesa negra. Em dezembro, estreia A Princesa e o Sapo



Há avanços, é verdade. A Disney, por exemplo, cujo símbolo de beleza é a Branca de Neve, estreia em dezembro a animação A Princesa e o Sapo, primeira produção com uma protagonista negra. No Brasil, a Globo também parece ter se rendido à necessidade e escalou atrizes negras e afro-descendentes para protagonizar três das quatro novelas no ar – Malhação, Cama de gato e Viver a vida. Taís Araújo é a primeira negra a fazer o papel principal de um folhetim no horário nobre, embora a personagem de Camila Pitanga ainda esteja presa ao estereótipo de faxineira.



Nos Estados Unidos, Will Smith recebe cerca de 20 milhões de dólares quando estrela uma superprodução. Também Samuel L. Jackson, Jamie Foxx, Morgan Freeman e Eddie Murphy são atores com salários altíssimos e que arrastam multidões aos cinemas. Em 2002, a atriz Halle Berry ganhou o Oscar de melhor atriz (por A última ceia), quebrando um tabu de 74 anos de premiações para mulheres brancas. Mas, apesar do sucesso alcançado pelos artistas negros no cinema estadunidense, o cineasta e jornalista João Moreira Salles avisa que ainda há uma imensa barreira a ser quebrada em Hollywood: não existe relação amorosa entre personagens brancos e negros.



Dossiê Pelicano



Hollywood ainda não “permite” a relação amorosa entre protagonistas brancos e negros, caso do filme O Dossiê Pelicano, em que os personagens de Denzel Washington e de Julia Roberts não se apaixonam no final



Em artigo publicado na edição de fevereiro de 2009 da revista Piauí, Salles (que já esteve no Cursinho da Poli em 2004) lembra que, nos filmes, as namoradas, esposas ou casos amorosos dos principais astros negros – Will Smith, Jamie Foxx, Eddie Murphy, Samuel Jackson, não importa – são sempre mulheres negras. Quando o filme traz uma atriz branca e um ator negro, o relacionamento amoroso não se concretiza, caso do longa-metragem O Dossiê Pelicano, de 1993, em que o jornalista interpretado por Denzel Washington e a estudante de direto estrelada por Julia Roberts trabalham juntos contra uma conspiração. No fim do filme, contrariando a fórmula hollywoodiana, eles não ficam juntos. “Denzel Washington não tem o direito de se envolver com Julia Roberts. Se o papel fosse de Richard Gere, por exemplo, seria inconcebível supor que os dois não acabassem se apaixonando. Mas negros não podem tomar para si mulheres brancas, salvo em filmes militantes e independentes como os de Spike Lee – e, mesmo nesses casos, o sexo interracial não é um acontecimento banal da vida, mas o centro da trama narrativa”, teoriza Salles. É praticamente um apartheid cultural. E uma posição machista, também, porque, afinal, o inverso acontece: homens brancos podem se relacionar com mulheres negras, como se vê em clássicos como O guarda-costas (1992) ou em produções premiadas como A última ceia (2001). Vale lembrar que as séries televisivas estadunidenses – que costumam fazer muito sucesso por aqui – reproduzem a mesma armadilha. Há diversos programas cujos protagonistas são famílias negras (Eu, a patroa e as crianças, Todo mundo odeia o Chris, Um maluco no pedaço etc.), mas praticamente não há convivência interracial.



Taís Araújo



Taís Araújo é a primeira negra a fazer o papel principal de uma novela da Globo no horário nobre



E nossa televisão nacional também não é um exemplo de igualdade entre brancos e negros, ou de valorização da cultura afro-brasileira. Nas novelas da Globo, se a história acontece no passado, os negros são apresentados como escravos; se se passar nos dias atuais, cabem aos atores negros papéis de empregadas domésticas, porteiros, motoristas etc. O professor de História do Cursinho da Poli Fernando Rodrigues lembra que os roteiros das novelas partem sempre de uma premissa que valoriza a cultura branca-americanizada-europeizada: “Minha crítica às novelas da Globo não é os atores negros serem sempre minoria no elenco, ou que o protagonista é sempre um branco, mas que as histórias narradas têm sempre uma perspectiva pequeno-burguesa, de afirmação social pela matéria. Eu queria ver uma novela de época que se passasse inteiramente num quilombo, ou que o personagem central, nos primeiros capítulos da trama, viajasse por Serra Leoa ou pelo Quênia, na África, e não pela Europa, como costuma acontecer nas produções globais.”



Extraído de http://www.cursinhodapoli.org.br