quinta-feira, 22 de junho de 2006
Provocações, por Luís Fernando Veríssimo
Bom, sobre aquela quebradeira que fizeram lá em Brasília eu não postei nada. Recebi alguns textos, dos quais este que publico hoje.
Cheia de trabalho para fazer, to meio sem tempo... Mas vai passar!
até mais!
Provocações, por Luís Fernando Veríssimo
A primeira provocação ele agüentou calado. Na verdade, gritou e
esperneou. Mas todos os bebês fazem assim, mesmo os que nascem
em maternidade, ajudados por especialistas. E não como ele, numa
toca, aparado só pelo chão. A segunda provocação foi a alimentação
que lhe deram, depois do leite da mãe. Uma porcaria. Não reclamou
porque não era disso.
Outra provocação foi perder a metade dos seus dez irmãos, por
doença e falta de atendimento. Não gostou nada daquilo. Mas ficou
firme. Era de boa paz. Foram lhe provocando por toda a vida. Não
pode ir a escola porque tinha que ajudar na roça. Tudo bem, gostava da roça. Mas aí lhe tiraram a roça. Na cidade, para aonde teve que ir com a família, era provocação de tudo que era lado. Resistiu a todas.
Morar em barraco. Depois perder o barraco, que estava onde não
podia estar. Ir para um barraco pior. Ficou firme. Queria um emprego, só conseguiu um subemprego. Queria casar, conseguiu uma
submulher. Tiveram subfilhos. Subnutridos.
Para conseguir ajuda, só entrando em fila. E a ajuda não ajudava.
Estavam lhe provocando. Gostava da roça. O negócio dele era a roça.
Queria voltar pra roça. Ouvira falar de uma tal reforma agrária. Não sabia bem o que era. Parece que a idéia era lhe dar uma terrinha. Se não era outra provocação, era uma boa. Terra era o que não faltava.
Passou anos ouvindo falar em reforma agrária. Em voltar à terra. Em ter a terra que nunca tivera. Amanhã. No próximo ano. No próximo governo. Concluiu que era provocação. Mais uma.
Finalmente ouviu dizer que desta vez a reforma agrária vinha mesmo.
Para valer. Garantida. Se animou. Se mobilizou. Pegou a enxada e foi brigar pelo que pudesse conseguir. Estava disposto a aceitar qualquer coisa. Só não estava mais disposto a aceitar provocação. Aí ouviu que a reforma agrária não era bem assim. Talvez amanhã. Talvez no próximo ano... Então protestou. Na décima milésima provocação, reagiu. E ouviu espantado, as pessoas dizerem, horrorizadas com ele:
- Violência, não!
segunda-feira, 12 de junho de 2006
Site - Imagens Infinitas
Hoje vai um link super legal. É só ir clicando nas figuras. Boa semana e boa viagem!!
imagens infinitas
sexta-feira, 9 de junho de 2006
Liberdade de Gegê
Gente, só um informe: Foi concedido o habeas corpus ao Gegê, militante do Movimento de Moradia do Centro, após um ano de fuga, de muitos abaixo-assinados e de manifestações. Abaixo, a notícia pela Carta Maior. E, ao fim, a divulgação de uma reunião com ele.
Liberdade de Gegê
STJ concede hábeas corpus a dirigente petista Gegê
Líder do movimento de moradia de São Paulo, dirigente da Central de Movimentos Populares e membro do Diretório Nacional do PT, Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, que teve prisão preventiva decretada por suposta participação em um homicídio na capital, obteve um hábeas corpus do STJ e poderá assumir representação no Conselho das Cidades na próxima semana.
Verena Glass - Carta Maior
São Paulo – O Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu, às 20 h desta quinta (1), um hábeas corpus que reverte o pedido de prisão preventiva contra o líder do movimento de moradia de São Paulo, dirigente da Central de Movimentos Populares e membro do Diretório Nacional do PT, Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê. A liminar foi expedida pelo ministro do STJ, Helio Qualia Barbosa, em resposta ao pedido impetrado pelos advogados de Gegê na manhã da própria quinta-feira.
Gegê, que concorreu à presidência do PT em 2005 e hoje é membro do Diretório Nacional do partido, foi acusado de facilitar a fuga do autor do assassinato de José Alberto dos Santos Pereira Mendes, supostamente envolvido com tráfico de drogas, morto em um acampamento do Movimento de Moradia do Centro na Zona Leste de São Paulo, em agosto de 2002.
Um primeiro pedido de prisão preventiva já tinha detido Gegê no início de abril de 2004, mas, 51 dias depois, sua soltura foi decretada pela 3a Câmara do Tribunal de Justiça, que lhe concedeu habeas corpus e o direito de aguardar o julgamento em liberdade. Em maio do ano passado, o Tribunal de Justiça de São Paulo voltou a pedir sua prisão, baseando-se, segundo o advogado de Gegê, Roberto Rainha, no depoimento de uma testemunha concedido à Justiça no período anterior à prisão do acusado.
“Entendemos que o juiz da vara criminal que expediu o segundo mandado de prisão preventiva contra Gegê, errou por ter utilizado um argumento já derrubado pelo primeiro hábeas corpus. Ou seja, no período entre a soltura e o novo pedido de prisão, nada ocorreu de novo ocorreu que justificasse essa nova decisão da Justiça”, explica Rainha.
Com o hábeas corpus, explica Rainha, foi expedido concomitantemente o contra-mandado de prisão, e agora se inicia o processo de julgamento do mérito. Até lá, Gegê está em liberdade para exercer plenamente suas funções sociais e políticas, e responder em liberdade ao processo de suposta participação no homicídio.
Retorno
O caso Gegê criou comoção entre os movimentos populares de São Paulo por ser considerado exemplar do processo de criminalização contra lideranças sociais. A campanha pela sua liberdade contou também com o apoio do Partido dos Trabalhadores e seus dirigentes, como o deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh, que atuou como advogado no caso.
Em função do que considerou perseguição por parte do judiciário, o grupo político de Gegê avaliou que seria melhor que ele se mantivesse afastado de suas atividades em São Paulo, e desde setembro de 2005 ele esteve vivendo na Venezuela.
“Se até a Suzana von Richthoven pode aguardar julgamento e liberdade, imagine o Gegê. Estamos organizando o retorno dele para os próximos dias, para que possa assumir seu cargo de conselheiro junto ao Conselho das Cidades, que será instalado na quarta (7), em Brasília”, comemorou Afonso Magalhães, suplente de Gegê no Conselho.
Pelo fim à perseguição aos movimentos sociais
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!!!Gegê Livre!!!
4a feira, 14 de junho, às 19 horas
Vamos dar os parabéns e comemorar a volta do Gegê!
Câmara dos Vereadores de São Paulo
Viaduto Jacarei, 100 - Centro
Sala Oscar Pedroso Horta - Subsolo
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Liberdade para todos os perseguidos políticos!

quarta-feira, 7 de junho de 2006
A podridão da Revista Veja
Altamiro Borges*
Finalmente, o presidente Lula resolveu polemizar com a asquerosa
revista Veja, o que ajuda a combater as ilusões na pretensa
neutralidade da mídia. Na sua última edição, esse panfleto fascistóide o acusou,
sem qualquer prova, de possuir contas secretas no exterior. De imediato,
Lula protestou: "A Veja não traz uma denúncia, ela traz uma mentira. A
Veja tem alguns jornalistas que estão merecendo o prêmio Nobel de
irresponsabilidade. Eu só posso considerar isso um crime. Eu não posso
comparar isso a jornalismo. Não acredito que dentro da Veja tenha uma única
pessoa com 10% da dignidade e da honestidade que tenho".
Revelando seu cansaço diante das leviandades desta revista, Lula
atacou: "Não posso admitir isso. É uma ofensa ao presidente da
República, ao povo brasileiro e eu acho que essa prática de jornalismo não leva
o país a lugar nenhum. A Veja vem assim já há algum tempo, não é de
hoje não. Mas ela chegou ao limite da podridão da imprensa. Não sei se um
jornalista que escreve uma matéria daquela tem a dignidade de dizer que
é jornalista, ele poderia dizer que é bandido, mau-caráter, mau-feitor,
mentiroso. Os leitores pagam a revista, são induzidos a assinar e não
merecem a quantidade de mentiras que a Veja publica".
A reação do presidente é compreensível; ele até que foi muito
tolerante com sua postura de "lulinha paz e amor". Desde a sua posse, a
revista Veja se tornou o principal veículo da oposição de direita no
país. E a cada edição, conforme se aproxima a eleição presidencial e seu
candidato não decola, ela fica ainda mais raivosa e mentirosa. Na
edição anterior, chegou a estampar a foto do presidente com a marca de um
chute no traseiro e a chamá-lo de "bobo da corte". Antes, havia levado o
postulante Antony Garotinho à greve de fome ao estampar a sua foto com
chifres de diabo numa manobra sórdida para evitar que ele ultrapasse o
candidato da oposição liberal-conservadora, Geraldo Alckmin. Agora,
agride novamente o presidente.
As edições são produzidas meticulosamente com objetivos
político-eleitorais. A manipulação tem como alvo principal as
oscilantes camadas médias da sociedade. No caso do episódio da Bolívia, esta
sucursal do governo dos EUA visou implodir a integração latino-americana.
Para Gilberto Maringoni, ácido crítico da mídia, "a Veja, nessas horas,
supera qualquer parâmetro racional. Desejosa de fracionar a aliança
entre governos que rejeitaram a Alca e que tentam outro tipo de
integração, não subordinada a Washington, irá espernear cada vez mais". Já o
jornalista Alberto Dines, do Observatório da Imprensa, conclui que a Veja é
"um caso clássico de fascismo que nossa imprensa - apesar das mazelas -
não merece exibir".
Ninho tucano
O ódio da revista Veja contra o governo Lula e as esquerdas em geral
têm vários motivos. O primeiro é o de classe. A Editora Abril, que faz
parte do restrito clube das nove famílias que dominam a mídia no país,
defende com unhas e dentes os mesquinhos interesses da poderosa
burguesia - nacional e estrangeira. Ela não tolera a hipótese de um dia
perder os seus privilégios de classe. Teme qualquer acúmulo de forças
dos setores populares. Nunca engoliu a chegada ao Palácio do Planalto de
um ex-operário, ex-sindicalista, ex-grevista. Como afirma o teólogo
Leonardo Boff, é um problema de "cultura de classe".
Não é para menos que ela sempre teve relações estreitas com o PSDB,
que é o núcleo orgânico do capital rentista, e com o PFL, que
representa a velha oligarquia conservadora. Emílio Carazzai, por exemplo, que
hoje exerce a função de vice-presidente de Finanças do Grupo Abril, foi
presidente da Caixa Econômica Federal no governo FHC. Outra tucana
influente na família Civita, dona do Grupo Abril, é Claudia Costin, ministra
de FHC responsável pela demissão de servidores públicos, ex-secretária
de Cultura no governo de Geraldo Alckmin e atual vice-presidente da
Fundação Victor Civita.
Afora os possíveis apoios "não contabilizados", que só uma rigorosa
auditoria da Justiça Eleitoral poderia provar, a Editora Abril doou,
nas eleições de 2002, R$ 50,7 mil a dois candidatos do PSDB. O deputado
federal Alberto Goldman, hoje um vestal da ética, recebeu R$ 34,9 mil
da influente família; já o deputado Aloysio Nunes, ex-ministro de FHC,
foi agraciado com R$ 15,8 mil. Ela também depositou R$ 303 mil na conta
da DNA Propaganda, a famosa empresa de Marcos Valério que inaugurou um
ilícito esquema de financiamento eleitoral para Eduardo Azeredo,
ex-presidente do PSDB, depois utilizado pelo próprio PT.
O deputado Dr. Rosinha (PT-PR) ainda lembra que Alberto Goldman foi
relator, no governo FHC, da Lei Geral de Telecomunicações, que permitiu
investimentos externos na mídia. "A Abril possuía uma dívida líquida,
em 2002, de R$ 699 milhões. Em julho de 2004, fundos de investimento da
Capital International Inc se associaram ao Grupo Abril, beneficiando-se
da lei relatada por Goldman". Estes e outros episódios revelam as
afinidades político-partidárias dos donos da revista e ajudam a
entender a sua fúria.
Interesses alienígenas
Mas as ligações da Veja são ainda mais sombrias. Hoje ela serve aos
interesses das corporações dos EUA. A Capital International, terceiro
maior gestor de fundos de investimentos desta potência imperialista,
tem dois prepostos no Conselho de Administração do Grupo Abril - Willian
Parker e Guilherme Lins. Em julho de 2004, esta agência de especulação
financeira adquiriu 13,8% das ações da Editora Abril, numa operação
viabilizada pela emenda constitucional já citada, sancionada por FHC em
2002, que resultou na injeção de R$ 150 milhões na empresa. Com tamanho
poder, a ingerência externa na linha editorial é inevitável!
A Editora Abril também têm vínculos com a Cisneros Group, holding
controlada por Gustavo Cisneros, um dos principais mentores do
frustrado golpe midiático contra o presidente Hugo Chávez, em abril de 2002. O
inimigo declarado do líder venezuelano é proprietário de um império que
congrega 75 empresas no setor da mídia, espalhadas pela América do Sul,
EUA, Canadá, Espanha e Portugal. Segundo Gustavo Barreto, pesquisador
da UFRJ, as primeiras parcerias da Abril com Cisneros datam de 1995 em
torno das transmissões via satélites. O grupo também é sócio da DirecTV,
que já teve presença acionária da Abril. Desde 2000, os dois grupos se
tornaram sócios na empresa resultante da fusão entre AOL e Time Warner.
Ainda segundo Gustavo Barreto, "a Editora Abril possui relações com
instituições financeiras como o Banco Safra e a norte-americana JP
Morgan - a mesma que calcula o chamado ‘risco-país’, índice que designa
o risco que os investidores correm quando investem no Brasil. Em outras
palavras, ela expressa a percepção do investidor estrangeiro sobre a
capacidade deste país ‘honrar’ os seus compromissos. Estas e outras
instituições financeiras de peso são os debenturistas - detentores das
debêntures (títulos da dívida) - da Editora Abril e de seu principal
produto jornalístico. Em suma, responsáveis pela reestruturação da
editora que publica a revista com linha editorial fortemente pró-mercado e
antimovimentos sociais".
Pressão da sociedade
A indignada reação do presidente Lula contra mais uma leviandade
desta revista talvez ajude a dinamizar a campanha, lançada no Fórum
Social Brasileiro em 2003, sob o lema "Veja que mentira". O impulso foi
dado: "Isso é crime. Não posso comparar isso a jornalismo. Os leitores
pagam a revista, são induzidos a assinar e não merecem a quantidade de
mentiras que a Veja publica", afirmou. Seria um bom momento para a
imprensa sindical, com seus 7 milhões de exemplares mensais, engrossar a
campanha. Também seria a oportunidade para que o cidadão ou a entidade
ingresse com processos jurídicos contra a revista.
Por muito menos, a Justiça Eleitoral proibiu a circulação do jornal
da CUT com denúncias contra Geraldo Alckmin, num nítido atentado à
democracia. Porque não aprender as edições caluniosas e manipuladoras
deste panfleto fascista. A batalha é dura, mas não é impossível. Como
lembra José Arbex, autor do livro "O jornalismo canalha", o MST já
mostrou que isto é plausível, ao ganhar em primeira instância um processo
contra a Veja, que em maio de 2000 trouxe na capa o título terrorista "A
tática da baderna".
Não dá mais para silenciar diante dos abusos da Editora Abril, que se
sente acima do Estado de Direito, da democracia e da sociedade civil. A
omissão é quase um atestado de culpa. O mesmo vale para muitos
jornalistas que, por necessidade material ou puxa-saquismo, renegam a sua
formação profissional e ética. Como afirma Renato Rovai, editor da revista
Fórum, "esse jornalismo farsante e sangue-azul da Veja não atenta apenas
contra os valores da democracia e da ética profissional... Ele expõe ao
ridículo a imprensa enquanto instituição e o jornalismo como profissão.
Os profissionais mais jovens até merecem desconto. Os mais experientes,
calados, são cúmplices. Estão ajudando a desmoralizar a profissão".
* Jornalista, editor da revista Debate Sindical
sábado, 3 de junho de 2006
A soja na Amazônia
Bom, eu vou postar uma reportagem do Fantástico - sim, parece mentira! - que trata do assunto da soja invadindo a Amazônia. Vale muito a pena ver!!
Fantástico: a soja na Amazônia
E até mais!
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