quarta-feira, 1 de novembro de 2006

Exigência de Maturidade Política

Olá! Fiz uma coisa no plog que eu estava querendo fazer já fazia um tempão. Organizar o arquivo. Para as pessoas encontrarem textos antigos postados. Estão todos organizados por mês, no ítem arquivo ao lado. Estopu pensando em tirar as figuras com links, para diminuir o campo direito fixo. Aceito sujestões. Após as eleições, vem agora as ponderações e as conclusões. Continuemos a pensar a esquerda brasileira hoje. E esse texto de hoje é ótimo nesse sentido. Ah, bom feriado!! Exigência de Maturidade Política Editorial - Correio da Cidadania Retirado do site do Correio da Cidadania Urge analisar dois aspetos contraditórios ligados a esta eleição. Não se trata de tarefa simples nem que possa ser cumprida adequadamente sem pesquisa sistemática e muito diálogo. Numa primeiríssima aproximação, basta fazer as conjecturas mais óbvias (e insuficientes) a respeito da sua significação. O primeiro aspecto é a blindagem do Lula. A avaliação desse fato não pode limitar-se ao óbvio efeito eleitoral do “Bolsa Família” nem à natural ligação da pessoa pobre do povo com seu igual que chegou lá. Há algo mais do que isso: há uma identificação que não chega a ser uma consciência de classe, mas que tem a aparência de um bloqueio a todo discurso originário dos setores que a pessoa pobre do povo designa por “eles” em contraposição ao “nós”. Se esta hipótese for correta, muita coisa terá de ser revista nas táticas dos partidos de esquerda. O outro aspecto intrigante diz respeito ao comportamento dos movimentos populares combativos na campanha que se findou. Críticos acérrimos do governo, cerraram fileiras atrás de Lula ao primeiro sinal de que sua reeleição poderia não estar absolutamente assegurada – um apoio incondicional, não precedido de qualquer negociação a respeito das políticas do governo neste novo mandato. O fato é preocupante porque os dois maiores partidos que restaram na esquerda – o PSOL e o PSTU – decidiram anular o voto no segundo turno. Não se pode conceber uma esquerda separada do movimento popular. Pela lógica, um dos dois deve estar enganado. Não, porém, se se fizer uma adequada diferenciação de planos. Os movimentos populares dão batalhas específicas (pela terra, pelos índios, pelos aposentados etc.); já os partidos procuram articular essas batalhas em uma estratégia destinada a vencer a guerra. São dois campos de visão distintos. No plano global da luta de classes, não há, atualmente, diferença substantiva entre a política de Lula e a de Alckmin. Os dois são executores de um modelo econômico contrário aos interesses da Nação e da classe trabalhadora. No plano da execução setorial dessa política, contudo, Alckmin representa uma repressão mais forte e decidida do que Lula. Não se pode negar que, para um sem terra acampado em uma fazenda ocupada, é melhor tratar com o sistema repressivo do governo Lula do que do governo Alckmin. Por isso, não é possível censurar os movimentos pela adesão ao Lula, pois todos sabem que a solução de continuidade prejudica enormemente o trabalho de base. Mas, sem dúvida, suas lideranças precisam estar muito atentas para não se deixarem cooptar pelas forças do grande capital. A posição dos partidos explica-se por outro tipo de raciocínio: esses partidos visualizam o desenvolvimento da luta geral que a classe trabalhadora trava contra o poder burguês. Sob este prisma, é muito importante mostrar que, substancialmente, não há diferença entre o modelo econômico adotado pelos dois candidatos, pois a primeira obrigação ética e política, de uma agremiação de esquerda, é desvendar a realidade do país a um povo completamente desinformado. O voto nulo visa esse objetivo. Provavelmente não será compreendido imediatamente pela grande maioria dos eleitores. Enfrentar situações de incompreensão para ser fiel ao compromisso de não esconder a realidade do povo é uma atitude de coragem política, perfeitamente justificável se não for tomada de modo dogmático e sectário. De qualquer modo, a discrepância entre forças que devem ser as duas faces de uma mesma moeda cria uma situação delicada, que só poderá não causar grandes estragos, se for tratada com maturidade por ambos lados. Não havendo como afirmar categoricamente qual a posição mais correta – se conseguir condições menos restritivas para a ação das organizações populares ou evitar o risco de se confundir o governo Lula com um governo de esquerda –, pode-se mesmo formular a hipótese de que ambas são as que cabem nesta quadra particularmente difícil para o país e para a classe trabalhadora.

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