terça-feira, 28 de março de 2006

Protestos contra precarização do trabalho sacodem a França

Oizinho! Coloquei uma animação nova esses dias, aí do lado. É a consrução de uma casa. Bem bonitinho e, provavelmente, trabalhoso para quem o fez. Bom, hj o texto é sobre as manifestações lá na França. Eu falei outro dia que não ia postar um texto sobre isso pq não haviam informações adicionais e/ou interessantes sobre as manifestações. Mas o negócio tá pegando fogo lá. Está marcada Greve Geral para amanhã. E Greve Geral lá pára até aeroportos e sistema público de transporte. Puxa!

Protestos contra precarização do trabalho sacodem a França

Ivana Jinkings - Especial para Carta Maior PARIS - A manifestação de diversas forças políticas neste sábado (18), em Paris, reuniu, segundo a policia, 500 mil pessoas. E, segundo os manifestantes, não menos de um milhão. Foi o maior protesto de estudantes, trabalhadores, militantes politicos, dirigentes sindicais contra o CPE (Contrat Première Embauche, ou Contrato de Primeiro Emprego), que retira uma série de direitos trabalhistas dos jovens, livrando os patrões do pagamento da justa causa nas demissões, entre outras medidas altamente impopulares. A concentração teve início na Place D’Italie e transformou-se numa passeata até La Nacion, cerca de oito quilômetros depois. No trajeto, os manifestantes gritavam palavras de ordem contra «uma sociedade que não oferece mais que desemprego e precariedade » à população. Embora os principais alvos fossem o primeiro-ministro, Dominique de Villepin, e o presidente Jacques Chirac, as frases mais duras (quase todas impublicavies) dirigiam-se contra o ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, responsável pela polícia e notório representante da direita francesa, que tem procurado desqualificar as manifestacões atribuindo-as a “marginais” e a “estrangeiros”. O cortejo foi dominado pelas faixas vermelhas do PCF (Partido Comunista Francês), da CGT (Central Geral de Trabalhadores), CFDT (Confederação Democrática dos Trabalhadores), FO (Força Operária), além da CFE-CGC, Unsa, CFTC, FSU, e Solidaires, entre outros. Um dos principais organizadores do ato, o secretario geral da CGT, Bernard Thibault, declarou neste domingo aos jornais: «Crescemos cerca de um terço em relação o que éramos em 7 de março. A demanda de retirada do Contrato de Primeiro emprego precisa de mais força. 70% dos franceses exigem sua retirada, sendo 80% de jovens entre eles. O governo está diante de um impasse em relação ao moviomento ». A manifestação vitoriosa da esquerda correu pacífica pelas ruas de Paris. À medida que avançava, ia agregando gente. Grupos políticos vinham organizados, cada qual com sua bandeira : trabalhadores de uma fábrica, estudantes de um determinado colégio etc. Dirigentes e militantes do PCF levaram um carro de som que, junto com a CGT, incentivou milhares de pessoas a cantar a Internacional Comunista. Um ou outro incidente de percurso, como o encontro de membros da LCR (Liga Comunista Revolucionária), grupo de extrema esquerda, com estudantes tidos por esses como « moderados », resultava em trocas de palavras de ordem. Mas o tom geral resultou num alento não apenas às forças populares francesas, mas à esquerda internacional. O movimento deverá culminar numa greve geral convocada para 23 de março. No final, como prova de que polícia é polícia em qualquer parte do mundo, e ainda sob o impacto das impressionantes cenas incendiárias de jovens das classes populares em violentos conflitos de rua, um forte contigente de segurança rondou todo o percurso, armado como se fosse para uma guerra. Em La Nación, durante horas foram ostensivamente provocativos com os jovens. Bombas de efeito moral eram jogadas de 10 em 10 ou de 15 em 15 minutos. Quando chegaram ao « tempo-limite » de sua « tolerancia « democratica », os guardas partiram para cima dos manifestantes com gás lacrimogênio, prisões, tentando dispersando o final do ato. Mas, a essa altura, este já era história. * IVANA JINKINGS é editora da revista Margem Esquerda e da Boitempo Editorial Publicado pela Agência Carta Maior em 19/3/06 Sindicatos e estudantes franceses protestam juntos por emprego Por Kerstin Gehmlich e Tom Heneghan PARIS (Reuters - 18/03/2006) - Multidões de estudantes, sindicalistas e partidários de esquerda foram às ruas na França, no sábado, para pressionar o governo conservador a anular uma nova lei que mina a segurança no trabalho para jovens trabalhadores. Em clima de festa, sob o céu azul, milhares participaram em Paris, Lyon e Rennes na maior das 160 demonstrações planejadas em um movimento crescente, que gera grave crise para o primeiro-ministro, Dominique de Villepin. Policiais cuidaram de manter vigilância sobre a multidão, para evitar a repetição da violência que comprometeu a manifestação de estudantes em Paris na quinta-feira. Os manifestantes exigem que Villepin retire um novo contrato de trabalho de jovens, conhecido como CPE, que permite à empresas demitir trabalhadores com menos de 26 anos sem justificativas, durante os dois primeiros anos de trabalho. Ele lançou a medida para encorajar empregadores relutantes a contratar novo pessoal. "Eu me arrisco a trabalhar dois anos por nada, para ser demitida a qualquer momento", disse a estudante parisiense Coralie Huvet, 20, que tinha a inscrição "Não ao CPE" na testa. Apontando para lágrimas pintadas no rosto, ela adicionou: "É deprimente, por isso estou chorando." Os organizadores, que chamam o CPE de "contrato Kleenex", por permitir que trabalhadores jovens sejam "jogados fora" como papel, disseram esperar 1,5 milhão de pessoas nas marchas durante o terceiro protesto nacional em seis semanas. Políticos oposicionistas socialistas e comunistas também participaram do evento, na terceira vez em quatro decadas que estudantes e trabalhadores protestam juntos, após 1968 e 1994. Sindicalistas deveriam se encontrar após o protesto para definir ações futuras. "Se eles não nos ouvirem, nós teremos que pensar em realizar uma greve nacional", disse Bernard Thibault, chefe do sindicato pró-comunista CGT. "Nós não podemos esperar, porque o movimento dos estudantes vai continuar e haverá riscos", disse o líder do movimento dos professores Gerard Ascheri. "Deverá haver greve na próxima semana." Villepin, cuja aposta nesta medida impopular pode custar sua chance de concorrer à presidência no ano que vem, jurou que não vai ceder à pressão das ruas. Ao mesmo tempo, ele sugeriu na sexta-feira que poderia fazer alguns ajustes na lei. O desemprego é o principal tema político na França, onde a média nacional é de 9,6 por cento e, entre os jovens, é o dobro. A taxa sobe para 40 a 50 por cento em alguns subúrbios pobres, que tiveram semanas de protestos no outono passado. Em uma tentativa de conter a crise, o presidente Jacques Chirac disse, na sexta-feira, que o governo estava "pronto para dialogar." Mas o governo tem pouco terreno para manobras, se não fizer grandes concessões. Uma pesquisa divulgada na sexta-feira mostra que 68 por centro dos franceses são contra a lei, um crescimento de 13 por cento em uma semana. Extraídos do site da APS (Ação Popular Socialista)

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