sexta-feira, 8 de dezembro de 2006
Ms. Paint
Oi gente!
Ai, desculpem o sumiço. Fim de semestre, é sempre esse caos.
Para compensar eu queria postar um texto bom, daqueles que demora mas que vale a pena.
Porém, recebi um vídeo do Youtube, que me deixou de queixo caído. Já vi três vezes, mas não me canso. O que posso dizer dele´, sem estragar a espectativa, é que é um desenho, super elaborado, feito em paint brush. Não, você fica maravilhado com o dom do cara. Como pode?
Enfim, só vendo mesmo para entender o que eu estou falando...
E até mais!!
quinta-feira, 23 de novembro de 2006
A Grande Mídia Encurralada
Desculpem a demora... Feriados, fim de semestre, acaba faltando tempo para viver... Paciência, né?!
Para compensar, um texto ótimo sobre a imprensa. Por que a vitória do Lula acabou indo no caminho contrário ao que a imprensa quis e pregou, em todos os momentos das eleições. E o texto dá uma pincelada nesse assunto, enfocando nos abusos dessa nossa "imprensa democrática"!
A Grande Mídia Encurralada
Nunca vi uma situação como a atual em que a chamada grande imprensa sofre tantas críticas e tão merecidas “bordoadas”.
Lula Miranda
do site da Carta Capital
Após ganhar todas as lutas, de modo inconteste, por nocaute, quase sempre no primeiro round, sob aplauso unânime de todos, utilizando-se, muitas vezes, de golpes baixos e gestos antiesportivos, a mídia está apanhando sem parar. Atordoada, com as pernas trêmulas, bambas, a face empalidecida, o olhar atônito, perdido, já completamente grogue, após inúmeros e certeiros golpes recebidos, a ex-toda poderosa grande mídia finalmente conheceu o córner e as cordas do ringue, e está na iminência de um espetacular nocaute. Como nas lutas de boxe, os espectadores (no caso, leitores) vibram entusiasmados, à espera do tombo do gigante antes imbatível.
Não sou simpatizante do boxe. Na verdade, acho-o um “esporte” violento, bárbaro, brutal, deplorável mesmo – isso sem falar, claro, no vale-tudo. Mas é inevitável, irresistível recorrer a essa singela metáfora para melhor definir a situação em que se encontra a grande imprensa hoje.
Confesso que, nesses quarenta e poucos anos de vida, pouco mais da metade deles dedicado à militância na literatura e na imprensa alternativas (portanto, na condição de antagonista às grandes editoras, jornais e revistas), nunca vi uma situação como a atual em que a chamada grande imprensa (a inatacável, inatingível, imbatível grande imprensa) sofre tantas críticas e tão merecidas “bordoadas”. E, ainda mais do que isso, a sua atuação é acompanhada de perto por leitores especialmente críticos e exigentes. Vivemos um momento ímpar, portanto, um marco na história recente da imprensa brasileira – sem dúvida ou exagero retórico algum. Seriam os primeiros passos no caminho para uma mídia mais democrática? É esperar (ou melhor, fazer) o porvir.
A principal característica da mídia, e também seu principal defeito ou cacoete, seu calcanhar-de-aquiles, por assim dizer – assim como na nossa metáfora inicial, o mesmo se dá com o lutador de boxe –, é que ela, mídia, sempre esteve acostumada tão somente a bater. Bater e bater. Bater mais. Indiferente ao adversário ou contendor e às suas qualidades ou possíveis méritos (“impávido que nem Muhammad Ali”). Acostumou-se a distribuir porradas a torto e a direito, impunemente. Pegou traquejo e gosto pelo linchamento (moral). Mas também pela calúnia, pela intriga, pela manipulação e, in extremis, pela destruição de vidas e reputações. Muitas vezes, não se furtando a fazer uma espécie de publicidade da infâmia (um marketing ao contrário, infamante). Entregou-se, ainda, à incúria, ao descuido, à preguiça; à competição desenfreada pelo furo de reportagem, pela manchete a qualquer preço.
Em nome de uma suposta (e sagrada) liberdade de expressão, a mídia tudo podia. Por que esse princípio sacramentado [o da liberdade de expressão] não serve também para proteger Emir Sader do mandonismo dos “donos do poder” (como dizia Faoro)? Eles tudo podiam em nome da tal liberdade de expressão, ou de imprensa - como, às vezes, preferem. A seu bel-prazer, a mídia caluniava, mentia, distorcia, manipulava - note que me utilizo aqui do tempo pretérito, como que a marcar o passado e sinalizar o porvir, o daqui para frente. Também a seu bel-prazer, elegia governadores, prefeitos, deputados, presidentes (quem não se lembra do “fenômeno” Collor?) etc - elegia até um poste, dizia-se. Também a seu bel-prazer cassava os mandatos de governadores, prefeitos, deputados, presidentes (Collor, também nesse caso, nos serve como exemplo) etc. Construía e destruía famas, reputações. A mídia tocava a sua flauta e nós, os ratinhos enfeitiçados, a seguíamos diligentes, comportados - muitas vezes, rumo a nossa própria desgraça. Impunha-nos suas verdades. Não mais. A grande mídia, e é essa a grande novidade, já não mais detém o monopólio da opinião pública. Já não nos guia em direção ao precipício, como se cegos fôssemos.
Aqui é necessário que se faça um oportuno parêntesis. Não se pretende, de modo algum, negar a importante função social da imprensa. Seja na indispensável vigilância crítica de cidadãos, autoridades constituídas, governos e partidos políticos, seja no seu fundamental papel (constitucional?) na defesa das instituições e na luta pela consolidação (ainda em processo) da nossa incipiente democracia. Portanto, não queiram nos acusar, os atuais defensores dessa mídia prostituída que aí está (com o perdão das profissionais do sexo), de sermos “intransigentes”, “nazistas”, “stalinistas”, “petistas” (no início do século passado, nos chamariam de “comunistas”) e outros “istas” absolutamente vazios de conteúdo, destituídos de sentido. Cansamos, sim, do parcialismo desmedido, do facciosimo canalha, da hipocrisia, da falta de ética, da manipulação, dos escândalos pré-fabricados. Mazelas essas decorrentes, naturalmente, da falta de controle, dos plenos poderes, dos monopólios e oligopólios, do “coronelismo midiático”, que deixaram a nossa mídia livre para transgredir os limites da ética e do bom jornalismo. Não se trata, portanto (em absoluto!), de desejar calar a mídia ou manietá-la.
Nunca se viram tantos artigos publicados sobre o papel da mídia como nos dias de hoje. E, mais precisamente, sobre sua (im)postura no processo eleitoral recentemente encerrado. Nunca se viram também tantos comentários de leitores (muito bem elaborados e articulados, por sinal) em blogs e sites na internet – essa via libertária e redentora que propicia o diálogo e a participação on line (em tempo real) dos cidadãos nos fóruns de debates (não à toa, vozes mais conservadoras no Senado já falam em “controlar a internet”). Na grande imprensa, quase nunca a opinião do leitor é publicada ou levada em consideração – as cartas nem sempre são publicadas. Nos sites e blogs da chamada imprensa digital essa relação é mais direta e profícua. E isso faz toda a diferença. A grande imprensa, se não se renovar, a si e aos seus quadros (jornalistas e, claro, editores), prosseguirá perdendo credibilidade, prestígio e, por fim, leitores. E, não se engane, além dos jornais e revistas, até mesmo os blogs e sites (ou sítios) mantidos por veículos das grandes corporações da comunicação (Grupo Folha da Manhã, Grupo Estado, Organizações Globo etc.) estão tornando-se sítios desertos – de idéias e de leitores. E, sabemos, sem a chamada “audiência” as verbas publicitárias começam a minguar, a receita a escassear e os impérios da mídia começarão, sem dúvida, muito em breve, a ruir, a cair. Como o lutador da nossa metáfora inicial. Outrora arrogante, imprudente, senhor de si, impávido em sua arena.
Observe, por exemplo, aqui mesmo na Agência Carta Maior, os inúmeros comentários de leitores (já eram 169, por mim “auditados”, na noite dessa segunda-feira, 06/11) na matéria de Bia Barbosa: “População critica cobertura; Globo faz abaixo assinado pra se defender” (leia aqui). Ou os mais de 530 comentários na matéria de Marcel Gomes sobre a condenação de Emir Sader (leia aqui). No site do Observatório da Imprensa, onde o provecto jornalista Alberto Dines está fazendo – estranhamente, pois trata-se de um grande jornalista – um “papelão” na defesa intransigente, autoritária, injustificável e meramente retórica (nem um pouco dialética) da imprensa. Sim, aquele que era para fazer o papel de observador crítico da mídia parece ter incorporado o papel, nada nobre, de um rábula rabugento/intolerante, ou até mesmo de um mero guardião do mais mesquinho corporativismo. Será? Difícil entender. Ele, em sua retórica barroca (exagerada, destemperada) chega ao paroxismo de falar em “empastelamento” da imprensa. Dines tem recebido de 300 a 500 comentários em seus artigos e “posts” no site do Observatório. A retumbante maioria deles, na verdade quase a unanimidade, feitos de modo competente, ponderado, em sua maioria por jornalistas, professores e profissionais liberais, contrários às suas posições e com críticas contundentes/competentes à atuação da grande imprensa. Mas Dines, que tem tido a desfaçatez de, “democraticamente”, levar ao seu programa, o OI na TV, quase sempre, somente os que pensam como ele (como no programa de 31/10), numa completa ausência do contraditório, não é atualmente o único guardião da mídia farsante.
Envolvidos no caso do chamado “dossiê da mídia” (ver CartaCapital edições 415 e 416), que analisou casos de matérias e procedimentos jornalísticos que ajudaram, digamos assim, a levar a eleição para o segundo turno, Ali Kamel (Rede Globo de Televisão) e Eurípedes Alcântara (revista Veja), e alguns outros sabujos dos donos do poder, já colocaram as barbas de molho e a cabeça para fora de seu casulo de empáfia e arrogância, e deram a cara pra bater em blogs, sites e até mesmo, como no caso de Kamel, através de uma matéria paga na revista CartaCapital. Porém, ainda não se tem registro de manifestação alguma do “Mister OFF” (referência a Otávio Frias Filho), que ainda não saiu das sombras para se justificar perante a sociedade pelos pecados cometidos pela Folha de S. Paulo na cobertura do incrível caso do delegado Bruno, suas armações ilimitadas e estratagemas para revelar à imprensa as fotos do dinheiro que seria utilizado na compra do famigerado dossiê Serra/Vedoin. Esse cronista, conforme já disse em textos anteriores, não descansará enquanto não houver uma punição exemplar aos jornalistas da Folha, da TV Globo e da Veja envolvidos no episódio, e enquanto não ocorrer, da parte desses veículos, um enfático pedido de desculpas à sociedade pelas mentiras e orquestrações engendradas. Esse cronista, inclusive, busca, no momento, assessoria jurídica para buscar a melhor forma (se via Ministério Público ou outros caminhos) de entrar com uma queixa-crime contra os veículos e jornalistas envolvidos. Mas, a despeito disso tudo, e na contra-mão dos fatos e dessa corrente renovadora e airosa trazida à pauta por essas novas mídias e por esses leitores mais atentos, críticos e qualificados, em recente editorial da própria Folha (sempre ela) intitulado “Volta a truculência”, os leitores mais atentos, críticos e qualificados puderam perceber a indelével marca da arrogância pequeno-burguesa de “Mister OFF” quando chama de “boçalidade” a louvável postura crítica em relação à imprensa do governador recém-reeleito pelo estado do Paraná, Roberto Requião. Também ele vítima, durante a sua gestão assim como na campanha, do facciosismo deletério, das mentiras e manipulações da mídia.
Assim, ainda como o lutador de boxe na nossa metáfora inicial, a arrogância e desbragado narcisismo (vaidade, cinismo, desfaçatez etc.) dos “coronéis” da nossa imprensa, bem como de seus capatazes ou sabujos, selarão sua desgraça. Os oligarcas cordatos da nossa grande imprensa, que majestáticos ainda viram as costas à verdade factual e ao leitor, precisam reformular seus modos e estratégia, senão beijarão a lona dura e fria. Cairão enfim em desgraça. Ela, mass media, que sempre bateu com sádico prazer, sem dó nem piedade, agora apanha feio. Nada mais pedagógico – e emblemático. Sinais dos tempos, vindouros. Alvissareiros. Assim espero. Melhor, esperamos todos.
N.A. Recomendo a leitura do artigo do sociólogo e diretor da Vox Populi, Marcos Coimbra (quase impecável), na CartaCapital edição de nº 418. Para os que não tiverem acesso, aqui vai um pequeno trecho:
“(...) Ganhou o voto de quem se sentiu satisfeito com o que está vivendo e convencido de que os pecados de Lula e do PT só serão resolvidos quando todo o sistema político mudar. Ganhou, portanto, um voto concreto e informado, o inverso do que imaginam alguns analistas, que mais tendem a repetir estereótipos que a criticá-los”.
“Tenho acompanhado a eleição desde muito cedo e com diversos instrumentos de pesquisa, é, para mim, muito claro que foram os eleitores de “classe média”, de maior escolaridade e renda, muitos vivendo em cidades grandes e modernas, os que mais tenderam a ser ‘manipulados’. Foram eles os que mais se revelaram propensos a votar segundo a informação recebida, de maneira acrítica e, muitas vezes, superficial. Ou seja, cada vez que alguém se inflamava contra a ignorância dos pobres, dirigia mal suas baterias”.
Seria o caso de se perguntar: é preciso dizer mais alguma coisa?
segunda-feira, 6 de novembro de 2006
A Polêmica da 'Raça'
Recebi essa notícia por e-mail e fiquei impressionada. Fui conferir na fonte. E não é que é verdade mesmo?? Como pode??
A Polêmica da 'Raça'
Emir Sader é condenado em processo movido por Bornhausen; cabe recurso
quarta-feira, 1 de novembro de 2006
Exigência de Maturidade Política
Olá!
Fiz uma coisa no plog que eu estava querendo fazer já fazia um tempão. Organizar o arquivo. Para as pessoas encontrarem textos antigos postados. Estão todos organizados por mês, no ítem arquivo ao lado. Estopu pensando em tirar as figuras com links, para diminuir o campo direito fixo. Aceito sujestões.
Após as eleições, vem agora as ponderações e as conclusões. Continuemos a pensar a esquerda brasileira hoje. E esse texto de hoje é ótimo nesse sentido.
Ah, bom feriado!!
Exigência de Maturidade Política
Editorial - Correio da Cidadania
Retirado do site do Correio da Cidadania
Urge analisar dois aspetos contraditórios ligados a esta eleição. Não se trata de tarefa simples nem que possa ser cumprida adequadamente sem pesquisa sistemática e muito diálogo. Numa primeiríssima aproximação, basta fazer as conjecturas mais óbvias (e insuficientes) a respeito da sua significação.
O primeiro aspecto é a blindagem do Lula.
A avaliação desse fato não pode limitar-se ao óbvio efeito eleitoral do “Bolsa Família” nem à natural ligação da pessoa pobre do povo com seu igual que chegou lá. Há algo mais do que isso: há uma identificação que não chega a ser uma consciência de classe, mas que tem a aparência de um bloqueio a todo discurso originário dos setores que a pessoa pobre do povo designa por “eles” em contraposição ao “nós”. Se esta hipótese for correta, muita coisa terá de ser revista nas táticas dos partidos de esquerda.
O outro aspecto intrigante diz respeito ao comportamento dos movimentos populares combativos na campanha que se findou. Críticos acérrimos do governo, cerraram fileiras atrás de Lula ao primeiro sinal de que sua reeleição poderia não estar absolutamente assegurada – um apoio incondicional, não precedido de qualquer negociação a respeito das políticas do governo neste novo mandato.
O fato é preocupante porque os dois maiores partidos que restaram na esquerda – o PSOL e o PSTU – decidiram anular o voto no segundo turno. Não se pode conceber uma esquerda separada do movimento popular. Pela lógica, um dos dois deve estar enganado. Não, porém, se se fizer uma adequada diferenciação de planos.
Os movimentos populares dão batalhas específicas (pela terra, pelos índios, pelos aposentados etc.); já os partidos procuram articular essas batalhas em uma estratégia destinada a vencer a guerra. São dois campos de visão distintos.
No plano global da luta de classes, não há, atualmente, diferença substantiva entre a política de Lula e a de Alckmin. Os dois são executores de um modelo econômico contrário aos interesses da Nação e da classe trabalhadora. No plano da execução setorial dessa política, contudo, Alckmin representa uma repressão mais forte e decidida do que Lula. Não se pode negar que, para um sem terra acampado em uma fazenda ocupada, é melhor tratar com o sistema repressivo do governo Lula do que do governo Alckmin. Por isso, não é possível censurar os movimentos pela adesão ao Lula, pois todos sabem que a solução de continuidade prejudica enormemente o trabalho de base. Mas, sem dúvida, suas lideranças precisam estar muito atentas para não se deixarem cooptar pelas forças do grande capital.
A posição dos partidos explica-se por outro tipo de raciocínio: esses partidos visualizam o desenvolvimento da luta geral que a classe trabalhadora trava contra o poder burguês. Sob este prisma, é muito importante mostrar que, substancialmente, não há diferença entre o modelo econômico adotado pelos dois candidatos, pois a primeira obrigação ética e política, de uma agremiação de esquerda, é desvendar a realidade do país a um povo completamente desinformado.
O voto nulo visa esse objetivo. Provavelmente não será compreendido imediatamente pela grande maioria dos eleitores. Enfrentar situações de incompreensão para ser fiel ao compromisso de não esconder a realidade do povo é uma atitude de coragem política, perfeitamente justificável se não for tomada de modo dogmático e sectário.
De qualquer modo, a discrepância entre forças que devem ser as duas faces de uma mesma moeda cria uma situação delicada, que só poderá não causar grandes estragos, se for tratada com maturidade por ambos lados. Não havendo como afirmar categoricamente qual a posição mais correta – se conseguir condições menos restritivas para a ação das organizações populares ou evitar o risco de se confundir o governo Lula com um governo de esquerda –, pode-se mesmo formular a hipótese de que ambas são as que cabem nesta quadra particularmente difícil para o país e para a classe trabalhadora.
quinta-feira, 26 de outubro de 2006
Os Puros
Por Izaías Almada*
(Recebido por e-mail, tendo como fonte citada o site da revista Caros Amigos. )
Chegamos e vamos passando, afinal, pelas controvertidas eleições de 2006...
Tenho procurado acompanhar, não só pelos jornais e pela televisão -é claro – onde se mente mais do que se fala a verdade ou, se quiserem, onde se omite mais, a disputa pelo poder político que renova (ou não) agora em outubro muitos dos seus quadros. E nessa observação pude, aqui e ali, conversar com empregadas domésticas(como a minha, por exemplo), varredores de rua, com seguranças de prédios e lojas, com motoristas de táxi e de transporte público, alguns nordestinos com parentes na Paraíba, no Piauí, na Bahia, gente que trabalha no comércio, enfim, pessoas que moram na periferia de São Paulo e que – muitas delas – levam três horas para chegarem ao trabalho e outras três para regressarem às suas casas.
E sabem o que boa parte dessa gente fala? Que o dinheirinho está dando para comprar a cesta básica e ainda sobra algum. Que muitos produtos não subiram de preço nos últimos quatro anos e que alguns até baixaram. Que já não se gasta tanto em transporte coletivo quanto se gastava (pelo menos, na cidade de São Paulo), que muita coisa já dá para comprar a prestação e que antes não dava. Pela primeira vez, em muitos anos, o salário mínimo (ainda pífio) supera a casa dos 120 dólares. Contaram-me, inclusive, um fato curioso que se deu na periferia de Osasco, onde um candidato a deputado fazia a sua campanha. A comitiva foi convidada a comer “a picanha do Lula”.
Um dos assessores do candidato em campanha foi logo alertando que em tempos de campanha é proibido, pela lei eleitoral, pagar almoços em nome de candidatos. A situação foi esclarecida pelo homem que fizera o convite. “Não se preocupem”, disse ele, “ninguém está pagando nada para nós. É que agora nós podemos de vez em quando comer uma picanha nos fins de semana e antes era bem difícil. Por isso é que nós chamamos de picanha do Lula.” São os donos de sua força de trabalho contentes por “dar ao dente”.
Na outra ponta do arco social somos confrontados a cada trimestre ou semestre com os imorais lucros dos nossos bancos, do grande sucesso da nossa agroindústria quase monocultora e transgênica, da queda (ainda tímida) dos juros e “spreads” bancários, e por aí afora. Senhores do poder de fato, apoiados por uma “imprensa independente e imparcial”, a turma que há 500 anos infelicita o povo brasileiro, os endinheirados, com dentes limpos e bem tratados, roupas finas, querendo livrar o país “dessa raça” suja e mal vestida. São os donos do capital felizes “por embolsar mais algum”. Entre esses dois extremos estamos muitos de nós. Não embolsamos lucros e nem vendemos a nossa força de trabalho abaixo do salário mínimo. Sobrevivemos. E, dirão alguns, honestamente. Que seja! Entre esses dois extremos estão os fazedores de opinião na imprensa, nas universidades, nas igrejas, nos quartéis, nos partidos políticos, esse enorme pelotão de classe média, muitos sonhando individualmente com a própria ascensão social. Outros, desejando-a para um número maior de seus semelhantes.
E é nesse pelotão intermediário que se encontram os puros. Aqueles que elegeram a ética como um valor abstrato, longe da convivência dos homens, algo assim que só estivesse à altura dos eleitos, dos sábios, dos que não pecam. Como alguns intelectuais que, distantes da periferia das grandes cidades ou dos grotões interioranos desse imenso Brasil, que observam a realidade do país através de suas grossas lentes e das janelas de seus confortáveis apartamentos e escritórios pós-modernos. Alguns até se dizem de esquerda, seja lá o que isso signifique para eles. São historiadores, professores, sociólogos, filósofos, jornalistas, todos a deitar falação sobre corrupção, ética, honestidade, muitos deles esquecidos de que ajudaram a criar o “monstro” que agora combatem. Refiro-me ao presidente Lula e ao PT.
Atenção, senhores cabeças pensantes! O sistema, até prova em contrário, ainda se chama capitalista. Vive do lucro e da mais-valia, da exploração do trabalho assalariado. Vive do lucro e incentiva o sucesso pessoal. Transforma tudo e todos em mercadoria. Idolatra o dinheiro e – sem esses ingredientes – você é um fracassado, um perdedor, um pobre. O sistema cria ilusões e mentiras, mas não oferece a todos as mesmas oportunidades para usufruírem de suas benesses. É natural, pois, e eu diria quase axiomático, que muitos cidadãos se corrompam para poder sobreviver, pois deles – com certeza e nesse sistema – não será o reino dos céus. E, quando se trata de conseguir ou manter o poder político, essa opção é ainda mais arraigada.
Qual é a surpresa, então? Quem criou o PT e nele esteve muitos anos, que o embale ou que o refaça e não fique aí pelos cantos a chorar sobre o leite derramado. Não fique por aí a andar de mãos dadas com a direita mais conservadora e reacionária do país num momento em que o povo (e eu estou falando de povo mesmo, dos mais fodidos, dos analfabetos, dos doentes, dos subnutridos, dos desempregados, dos sem terra, dos sem casa, dos sem escola) já anda cansado dos profetas do paraíso terrestre por um lado e da escória que nos governa há quinhentos anos, do outro. Chega de hipocrisia! O povo quer saber de pão e trabalho, pois o circo ele já tem nas novelas de televisão, no futebol movido a lavagem de dinheiro, nas CPIs e em várias das sessões do Congresso Nacional...
*Izaías Almada é escritor e dramaturgo
quinta-feira, 19 de outubro de 2006
Viva a Liberdade de Imprensa
Por Bernardo Kucinski
"Quero agradecer em primeiro lugar aos meus companheiros de
partido de São Paulo. Foi graças a São Paulo que estamos virando o jogo. E agradecer a meus irmãos da Opus Dei que me confortaram nos piores momentos da campanha até aqui. Mas quero agradecer acima de tudo aos jornalistas brasileiros, sem os quais seria impossível desconstruir esse verdadeiro mito da política que estamos enfrentando. Parecia uma tarefa impossível. O arquétipo do "pai dos pobres" estava profundamente enraizado no imaginário popular. Mas certos preconceitos também estavam e a imprensa foi muito feliz em fazer aflorar esses preconceitos. Lembro a todos a associação dos petistas a ratos através do poder da imagem, na capa de VEJA que vocês todos conhecem (1). Vários jornalistas, trabalharam essa associação depois por escrito, com grande sucesso.(2) Foi um risco calculado, usar mesma técnica que Goebbels usou no seu filme " O judeu eterno", para convencer os alemães de que os judeus deveriam ser exterminados. Mesmo porque, não se trata da eliminação física dos nossos adversários ou dessa raça, como disse equivocadamente, o nosso amigo senador Bornhausen. Mas se trata, sem dúvida, de sua erradicação da política brasileira.
Outra associação importante foi com o conceito de "quadrilha." Arnaldo Jabor foi muito eficaz quando escreveu que "com a eleição de Lula, uma quadrilha se enfiou no governo e desviou bilhões de dinheiro público para tomar o Estado e ficar no poder 20 anos. " A própria palavra "petista" já está adquirindo uma conotação pejorativa. É, sem dúvida uma grande vitória na batalha pelas mentes e corações dos brasileiros... ( interrupção por aplausos prolongados).
"Não importa se no final dos inquéritos em curso, não ficar provada corrupção no governo, ou que o dinheiro do mensalão não veio dos cofres do Estado, ou que a maioria dos esquemas de corrupção começou no governo anterior. Os jornalistas brasileiros agiram bem ao ignorarem formalismos como o da presunção da inocência ou o do direito à auto- imagem. E mais ainda ao cunharem a expressão "mensaleiro" que estigmatiza por igual toda uma categoria de políticos, independente do grau ou tipo de envolvimento de cada um. Foi através de abordagens corajosas como essas, ignorando a superada ética jornalística liberal, que conseguimos inculcar em grande parte do eleitorado a idéia da quadrilha (3) ( aplausos).
"Da mesma forma, com a expressão "Nosso guia", a imprensa conseguiu associar sutilmente a figura desse falso "pai dos pobres" à dos ditadores comunistas, Stalin, Mao e Enver Hoxa. (4) Com isso personalizamos a idéia geral , que já havíamos conseguido disseminar antes, de que essa gente é autoritária por natureza . Também conseguimos convencer boa parte do eleitorado de que esse "pai dos pobres", não tem educação nem cultura, é um ignorante.E não foi fácil, dada a propensão do povo de respeitar as autoridades. Muitos jornalistas contribuíram para isso e todos eles eu agradeço.(5) A idéia de que se trata de um ignorante pegou fundo e hoje é encampada inclusive por intelectuais, como o dramaturgo Lauro Cezar Muniz que em declaração de grande destaque na Folha Ilustrada, explicou como " a falta de escolaridade impede a pessoa de entrar em contato com a lógica" e que por isso nosso adversário "não tem clareza para governar o Brasil."(6)
"A imprensa estrangeira também ajudou. Quero lembrar a vocês o artigo do New York Times sugerindo que o mito é um alcoólatra. A primeira reação do povo foi repudiar o jornalista americano, por aquele motivo que já mencionei, o respeito à autoridade, ainda mais quando atacada por um estrangeiro. Mas graças ao desastrado gesto de sua expulsão e posterior ajuda de alguns de nossos mais brilhantes jornalistas, conseguimos reverter esse quadro e hoje posso assegurar a vocês, são muitos os brasileiros que acreditam na tese do alcoolismo. Agradeço em especial ao diretor da sucursal da Folha em Brasília , que através de pesquisa cuidadosa nos mostrou que o alcoolismo está no DNA da família Silva. (7)
Finalmente quero mencionar o brilhantismo com que alguns jornalistas trabalharem a delicada idéia de esse pai dos pobres e os petistas em geral são tipos patológicos. VEJA foi pioneira ao dizer que "Lula tem dificuldades patológicas em compreender o que lhe pertence e o que pertence e ao Estado." (8) E Diogo Mainardi, comparou Lula ao Papa Léguas, "uma besta primária, um oportunista microcéfalo perfeitamente adaptado ao seu meio, que sabe apenas fugir das ciladas preparadas pelo coiote." (9) Quero mencionar, em especial o artigo de José Neumanne Pinto: "Freud, Lombroso e Jung no Planalto", publicado às vésperas da eleição, no jornal mais importante do país, O Estado de S.Paulo (10). Hoje, como vocês sabem, há um retorno ao paradigma genético, portanto ao modelo lombrosiano. Meus irmãos da Opus Dei,a propósito, nunca abandonaram a abordagem lombrosiana. O artigo de Neumanne foi tão importante que o colocamos no nosso site. Enfim, sei que deixei de mencionar dezenas de jornalistas que também contribuíram para o combate ao mito.
A todos agradeço de coração. E os conclamo a continuar a lauta. O mito foi duramente atingido, mas ainda não morreu. Nossa tarefa é destruí-lo. ( aplausos prolongados, gritos de Viva a Liberdade de Imprensa, Viva São Paulo.)
- Fim do discurso de agradecimentos.
(1) VEJA, 25/05/2005.
(2) Entre eles, André Petry em VEJA, de 24/06/06( " De ratos e
homens") .e Rubens Alves na Folha de S. Paulo, de 18/04/2006 (" Os
ratos e os elefantes")
(3) O Código de ética dos jornalistas brasileiros, aprovado em
congresso nacional da categoria e em vigor desde 1987, diz nos seus
artigos 14 e 15: Art. 14. O jornalista deve: a) Ouvir sempre, antes da
divulgação dos fatos, todas as pessoas objeto de acusações não
comprovadas, feitas por terceiros e não suficientemente demonstradas
ou verificadas. b) Tratar com respeito a todas as pessoas mencionadas
nas informações que divulgar. Art. 15 - O jornalista deve permitir o
direito de resposta às pessoas envolvidas ou mencionadas em sua
matéria, quando ficar demonstrada a existência de equívocos ou
incorreções.
(4) A expressão foi repetidamente aplicada por Elio Gaspari em sua
coluna e hoje já é usada por outros jornalistas.
(5) Reinaldo Azevedo chama o presidente de "analfabeto", na epígrafe
de seu site; Miriam Leitão, no O Globo, de 11/09/05, dedicou toda uma
coluna à "falta de escolaridade do candidato do partido dos
Trabalhadores"; e Sonia Racy, no Estadão de 19/01/06, concluiu que
ao
se referir ao Uruguai e Paraguai como " nossos irmãos mais
pequenos",
Lula revelou sua ignorância do vernáculo, quando a ignorância na
verdade era dela, pois segundo a gramática de André Hildebrando de
Afonso a expressão é correta e de uso corrente em várias regiões.
(6) Folha Ilustrada, 07/03/2006. Cezar Muniz parece ignorar que o
raciocínio lógico é inerente ao cérebro humano. Até mesmo os loucos
raciocinam com lógica. O que muda é o conteúdos do raciocínio,
conforme se trate de um saber cientifico, ou religioso, popular, ou
supersticioso.
(7) Josias de Souza, Folha de São Paulo, 16/05/04: "Alcoolismo marca
três gerações dos Silva."
(8) VEJA, 12/07/06.
(9) 28/06/06
(10) OESP, 20/09/06
Bernardo Kucinski é jornalista, é professor da Universidade de São
Paulo e autor, entre outros, de "A síndrome da antena parabólica:
ética no jornalismo brasileiro" (1996) e "As Cartas Ácidas da campanha
de Lula de 1998" (2000).
ave
quarta-feira, 11 de outubro de 2006
Alckimin e a Segurança em SP
Hoje eu recebi um video de uma reportagem estrangeira entrevistando o Governador do estado de São Paulo sobre a segurança em São Paulo. Vale a pena ver.
http://www.youtube.com/watch?v=vsRynm18_Eg
terça-feira, 10 de outubro de 2006
Tortura na Febem-SP continua até em unidades pequenas
E para comemorar o PSDB no governo do Estado de São Paulo por mais, no mínimo, 4 anos, vamos à situação da Febem. E rezemos para não os colocarem também na presidência. pelo amor de Deus!!
Tirada do site carta maior
Tortura na Febem-SP continua até em unidades pequena
Ao contrário do que afirma governo de São Paulo, funcionários de unidades consideradas “modelo” também usam da prática de tortura supostamente para manter problemas de disciplina sob controle. Em Bauru, no interior do estado, internos apresentam marcas de violência. Bia Barbosa – Carta Maior São Paulo – O filho do comerciante Silas Aparecido Moreira é uma das vítimas mais recentes do modelo repressivo de tratamento dos adolescentes em conflito com a lei que estão sob a custódia do governo de São Paulo. Com 18 anos recém-completados, ele cumpre medidas socioeducativas há nove meses por tráfico de drogas na Unidade de Internação da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) em Bauru, no interior do estado. No dia 7 de setembro, o adolescente escreveu na lousa da sala de aula “paz, liberdade e justiça”. Por isso, foi acusado de ser membro do PCC. Levado para o castigo, ele apanhou muito. “Bateram tanto no meu filho que ele chegou a urinar sangue. Ele tomou muita pancada no rim e na cara”, conta Moreira. O comerciante procurou imediatamente o diretor da unidade de Bauru, Antonio Alfredo Costela Parras, que lhe garantiu que isso não acontecia ali dentro. “Mas só três semanas depois levaram meu menino pra fazer exames. Claro que, depois desse tempo, não deu nada. O relatório de comportamento do meu filho é bom; ele nunca teve problemas. Agora está sofrendo represálias. Os funcionários que bateram nele estão colocando outros jovens contra ele. Meu moleque está revoltado com o espancamento que recebeu. O diretor disse que vai transferi-lo para Iaras, mas assim eu não vou ter como ver o meu filho”, lamenta Silas Moreira. A denúncia de Silas foi feita na última semana quando um grupo de familiares e funcionários da Febem de Bauru procurou o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), órgão oficial criado pela Constituição do Estado de São Paulo para apurar violações de direitos humanos. Eles entregaram ao Condepe um dossiê com termos de declarações elaborados pela Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Bauru e boletins de ocorrência que descrevem detalhadamente os casos de tortura e abusos envolvendo o próprio diretor da unidade e outros funcionários. Entre as denúncias de tortura, humilhações e abusos estão ocorrências de choques elétricos, espancamentos, trancamento de internos em celas por 75 dias, ameaças de morte, abusos sexuais e o caso de um interno que teve deslocamento de retina após apanhar dos monitores. De acordo com os funcionários que procuraram o Condepe, a Ouvidoria e a Corregedoria da Febem foram comunicadas das ocorrências em fevereiro, mas nenhuma providência teria sido tomada até então. “Nós víamos os meninos marcados, mas ele morrem de medo de falar o que acontece. Em fevereiro as torturas se acentuaram. No dia 12 de abril, eu presenciei o espancamento de dois adolescentes. Eles apanharam tanto que saía sangue pela boca”, contou à Carta Maior Roseli Diccine Mariano, que era coordenadora pedagógica da Unidade de Internação de Bauru. Era ela quem coordenava a rotina dos 72 adolescentes internos. Quando denunciou as agressões, foi destituída de seu cargo e impedida de entrar na administração da unidade. A direção também proibiu outros funcionários de conversarem com ela, depois a transferiu para o atendimento de adolescentes em regime de liberdade assistida. Roseli desenvolveu um quadro de hipertensão e hoje está em licença médica. Ela e outros funcionários que denunciaram as práticas da direção de Bauru foram afastados e se dizem com medo. “Agora, quem é responsável pela rotina dos adolescentes são os funcionários da disciplina, os mesmos que bateram nos meninos. São pessoas sem preparação nenhuma, que estão destruindo a possibilidade de recuperação desses jovens. Isso não é um problema só de modelo; é de abuso, de desrespeito à dignidade humana e de doutrinação, algo muito diferente de educação”, avalia Roseli. “Tenho vergonha, como educadora, de ter que denunciar quem deveria estar do nosso lado na educação dessas pessoas. Quando a gente diz que quer recuperar um jovem da Febem, é para recuperar o país. Não vamos desistir da crença no ser humano. Acredito que há uma recuperação, mas pra isso é preciso seguir o caminho certo. Só que é uma atrocidade o que está acontecendo lá dentro. A gente fica doente de ver o martírio dessas crianças. O ser humano dá o que recebe. Se recebe violência, como vai devolver carinho?”, questiona a funcionária da Febem. O Condepe conseguiu, na última sexta (6), o afastamento de Antônio Parras da direção de Bauru. Antes de assumir o comando da unidade, Parras trabalhou no Centro de Detenção Provisória (presídio) do município e na Corregedoria da Febem. De acordo com as entidades de direitos humanos, ele responde a um processo por desvio de dinheiro público e improbidade administrativa. “Percebe-se que é uma pessoa com “gabarito” para ser da Corregedoria da Febem”, ironiza Ariel de Castro Alves, coordenador estadual do Movimento Nacional de Direitos Humanos e membro do Condepe. “Desde fevereiro os funcionários estão denunciando na Corregedoria o que está acontecendo, sem que se tomem providências. Há uma omissão da instituição neste sentido. Bauru é uma unidade pequena, que deveria ser modelo. Mas o que está acontecendo lá desmonta o argumento do governo de São Paulo de que os problemas estão só nos grandes complexos”, afirma. O programa de governo de Geraldo Alckmin fala, por exemplo, da descentralização do atendimento aos adolescentes em conflito com a lei, com investimentos na construção de pequenos centros para internação e ressocialização. “Essa é uma questão de formação, de impunidade e de corporativismo”, acredita Alves. Em nota de esclarecimento enviada à imprensa, a Febem explica que o afastamento de Antônio Parras foi preventivo, e “visa a dar maior transparências às investigações, que serão feitas pela corregedoria da instituição, sobre as denúncias apresentadas pelos representantes do Condepe à Secretaria Estadual da Justiça e da Cidadania”. Com isso, assume a direção de Bauru a funcionária Juliana Rosa que, até então, dirigia a unidade Rio Novo, na cidade de Iaras, a cerca de 150 km de Bauru. Boas-vindas No final da tarde desta sexta, a nova diretora da unidade de Bauru, Juliana Rosa, recebeu a visita de entidades de defesa dos direitos humanos, que foram até a cidade verificar as denúncias feitas pelos funcionários. O cenário descrito pelos integrantes do Condepe, da Comissão de Direitos Humanos da OAB e do Conselho Tutelar é, além de degradante, assustador. “Os internos vivem ali dentro como se fossem robôs. Têm que andar de cabeça baixa, com as mãos pra trás o tempo todo. Se reclamam de alguma coisa, recebem tapas na cara. Alguns funcionários batem mais do que outros; alguns cospem na cara dos internos. O divertimento deles é mandar os adolescentes rolarem nus no chão. Outros mandam os jovens tirarem a roupa, ficarem de quatro e latirem como cachorros. É a humilhação completa, a permissividade total. Dessa forma você animaliza qualquer ser humano. Me lembrou Abu Graib [presídio do Iraque que ficou conhecido em todo o mundo depois que fotos de cenas de tortura praticadas pelo exército americano foram divulgadas]”, conta Paulo Sampaio, da Associação dos Cristãos para a Abolição da Tortura (ACAT). Na descrição do representante da OAB, Francisco Lúcio França, o local parece um "campo de concentração nazista", onde não se pode sorrir nem expressar o menor sentimento. A unidade conta com quatro celas na chamada “sessão disciplinar”. Ali, os internos são deixados de castigo por longos períodos. A cela não tem entrada alguma de luz. “Os meninos ficam sentados no cimento durante todo o tempo. Às 22h recebem um colchão, que é recolhido às 6h. O lugar parece uma valeta de cemitério. Vimos três internos nessa situação. Um vai ficar de castigo por 30 dias porque trocou a sandália com o irmão durante a última visita. Outro porque desenhou um menino fumando no caderno”, conta Paulo Sampaio. “Um adolescente de 14 anos que já tinha ficado no castigo, ao saber que corria o risco de ir pra lá de novo, tentou se enforcar com uma camisa. Depois levou uma surra porque tentou se matar”, relata. Durante a visita, as entidades pediram para a nova diretora escolher cinco adolescentes aleatoriamente. Ao tirarem a camiseta, todos apresentavam marcas de espancamento. As entidades de direitos humanos solicitarão esta semana ao Ministério Público e ao governo de São Paulo que os internos passem por exames de corpo de delito. A OAB de Bauru tentará entrar na unidade nesta segunda para se certificar de que os internos não apanharam no final de semana em represália ao que disseram durante da visita do Condepe de sexta-feira. De acordo com os internos, a última vez que apanharam de maneira generalizada foi no dia 7 de setembro – mesmo dia em que o filho do comerciante Silas Moreira foi surrado. Mas os adolescentes temem o que os espera neste feriado de 12 de outubro. Já sabem o que pode ser seu presente de Dia das Crianças.quinta-feira, 5 de outubro de 2006
Chico Buarque: lucidez e coerência
Olá!
Não, eu realmente não me posicionei no primeiro turno, mesmo pq, como eu já disse, quem passa por aqui sabe contra quem eu sou. Mas agora está demais! As pessoas – pelo menos os prepotentes paulistanos – fazem questão de ficar ofendendo o Lula de ladrão, falando no PT como se sempre fosse um partido de bandidos. Tudo bem, não posso esperar nada de pessoas que abraçam tudo que a Fátima Bernardes fala, mas pelo amor de deus!! O Lula inventou a corrupção em Brasília agora??
Sem falar nos milhões de e-mails que circulam contra o governo, com sarcasmo e hipocrisia. Debato então com os porucos que chegam defendendo o outro lado,o do Lula e do PT. E tem outra coisa: um povo que vota no Clodovil e no Frank Aguiar não pode falar mal de mais ninguém. Que isso? A honestidade e a lucidez só servem para o Lula agora?? Pelo amor, quem vota nesses caras não tem escrúpulos nenhum!! E olha, não duvido nada se o tucano ganhar as eleições. O paulistano merece. Merece Serra, o caos no Estado, merece cpi´s engavetadas, merece Maluf, merece o cãozinho dos teclados, merece o Clodovil. Aliás, quem sofre as conseqüências disso não merece não. Enfim, aqui vai um texto que recebi por e-mail. Entrevista com Chico Buarque. Bem bom.
Té mais
Chico Buarque: lucidez e coerência
sexta-feira, 29 de setembro de 2006
Não à Direita
Agência Carta Maior
Qualquer que seja o juízo que se tenha do governo Lula – mais ou menos severo nas críticas -, o quadro político está fortemente polarizado entre direita e esquerda. A esquerda pode errar muitas vezes, a direita erra menos. Esta escolheu um mau candidato, mas aponta firme contra quem considera seu inimigo fundamental, hoje representado pelo governo Lula.
É uma constatação de fato que constitui o eixo central dos enfrentamentos do campo político no processo eleitoral atual.
Não entremos a considerar as razões dessa oposição e dos ataques brutais contra o governo. Sabemos que não é zelo pela ética, porque a direita tolerou, participou e ganhou com todas as maracutaias da ditadura, do governo Collor, do governo FHC e de tantos governos locais. Constatamos sua virulência e seu objetivo de desalojar o governo Lula, apesar da moderação de tantos aspectos desse governo. Trata-se de uma ofensiva contra a esquerda, como fica claro nos temas programáticos centrais da direita: menos Estado, retomada das privatizações (Petrobrás, Banco do Brasil, Eletrobrás, Caixa Econômica Federal, BNDES), menos tributação, corte maior dos gastos públicos, maior abertura da economia, fim das regulações estatais, privilegio das relações externas com o Norte e fim da política Sul/Sul, menos soberania e integração, mais livre comércio e Alca, políticas de segurança pública ainda mais repressivas, tratamento duro com os movimentos sociais.
Caso venha a ganhar o candidato tucano-pefelista, ninguém, no campo da esquerda, dos movimentos sociais, do campo popular e do pensamento crítico, será poupado da sanha direitista que se apossou da elite brasileira, ninguém deixará de sofrer direta e indiretamente os efeitos dessas políticas, inclusive no seu aspecto criminalizador dos movimentos sociais e diretamente repressivo.
Não bastasse os apelos a Carlos Lacerda, as comparações com Watergate, o editorial da FSP (“Degradação”) de domingo passado é parecido com o do Correio da Manhã (“Basta”) nas vésperas do golpe de 1964 (foi taxado, corretamente, de lacerdista por Luis Nassif). Querem criar um clima de agosto de 1954 – com CPIs funcionando de “República do Galeão” -, de março de 1964 – deslegitimando governos e preparando o impeachment, caso a vontade popular uma vez mais se volte contra eles.
Era a direita unificada, como há muito não se via – praticamente todo o grande empresariado, a totalidade da grande mídia privada monopolista , todos os partidos da direita e outros que um dia não eram de direita, aderidos ao bloco tucano-pefelista, unidos na mesma campanha contra a candidatura de Lula. Como não podem ganhar no primeiro turno, seu objetivo hoje é chegar ao segundo turno, contando com os votos de todos que não votem por Lula. E criar aí um clima de virada, com todo o contexto de terror, apoiado na unanimidade monopolista da grande mídia privada, valendo-se de todos os métodos de manipulação de que tem se mostrado capaz, seja na maquiagem de pesquisas, seja na editorialização absoluta dos noticiários e no uso brutal do poder que sua mídia monopolista pode ter a favor do seu candidato – Alckmin, do bloco tucano-pefelista.
A esquerda tem que mostrar agora que sabe distinguir os campos de enfrentamento, mais além das diferenças que têm. A esquerda que não distingue o campo e os movimentos da direita, não é esquerda, se perde nos ataques dispersos a outros candidatos do próprio campo da esquerda e acaba perdendo seu próprio caráter de esquerda. A esquerda tem que demonstrar, diante dessa feroz ofensiva da direita, que sabe colocar em prática uma política de frente única, que não confunde inimigos estratégicos com aliados táticos, que sabe distinguir as linhas de divisão das contradições irreconciliáveis entre direita e esquerda.
Não abrir mais flancos ao inimigo – ademais dos graves erros cometidos pelo PT – e aparecer firmemente unida numa frente anti-direitista, que fortaleça a esquerda, que aponte para seus inimigos fundamentais – o neoliberalismo, a hegemonia imperial estadunidense, o monopólio midiático. Contra o poder do dinheiro, das armas e da palavra – pilares do poder no mundo atual e inimigos fundamentais da esquerda.
Para poder, no dia seguinte da derrota imposta à direita, trabalhar para recompor a esquerda, formulando projetos democráticos, populares e soberanos para o Brasil, mobilizando o pensamento crítico do país e os movimentos sociais, políticos e culturais – que constituem o eixo e a força maior da esquerda. Para pressionar o novo governo, para que caminhe na direção efetiva de superação dos três obstáculos maiores com que se enfrenta a esquerda, no Brasil, na América Latina e no mundo: os monopólios do dinheiro, das armas e da palavra. Que trabalhe de forma concentrada e unificada pela substituição do modelo econômico por um outro, centrado em metas sociais e não econômico-financeiras; que retome um projeto de desenvolvimento acelerado centrado na expansão do consumo popular; que realize plenamente a reforma agrária, promova centralmente a economia familiar e a política de segurança alimentar, em oposição aos modelos centrados na exportação e nos trangênicos; que consolide e expanda os processos de integração regional e no Sul do mundo; que trabalhe decididamente pela democratização dos meios de comunicação, que inclua da legalização e o incentivo das rádios comunitárias, ao fortalecimento das mídias públicas e das alternativas, que retome fortemente a implementação dos softwares alternativos – entre tantas outras demandas da esquerda e dos movimentos sociais.
Mas, antes, saber unir-nos e mobilizar-nos para barrar a ofensiva da direita radicalizada, que é o elemento mais característico da fase final da campanha presidencial, derrotá-los já no primeiro turno, demonstrando que a esquerda sabe reconhecer seus inimigos, sabe reunir forças para derrotá-los, porque nenhum setor de esquerda, do campo popular, dos movimentos sociais e do pensamento crítico ficarão imunes a uma eventual vitória do bloco tucano-pefelista – inimigo fundamental da esquerda.
Trata-se assim, nesta reta final da campanha, de ganhar os votos suficientes para consolidar a vitória no primeiro turno, para frear o ímpeto terrorista da direita e abrir os espaços para a recomposição da esquerda, que permitam formular um projeto de nação democrática política, social, econômica e culturalmente, fazer com que a esquerda retome, de forma unificada, a iniciativa e coloque com força seu objetivo fundamental – um Brasil posneoliberal.
Não à direita, não a seu projeto de terror e manipulação midiática, de tentar impor um segundo turno de vale-tudo entre direita e esquerda. Derrotar a direita com a força do povo e da unidade da esquerda.
quarta-feira, 13 de setembro de 2006
Morre Cel. Ubiratan
Pois é, como a vida é engraçada...
Assassinaram o assassino de, no mínimo, 111 pessoas. E o povo lamenta. Se fosse qualquer um dos que estão enlouquecendo dentro das prisões do Estado, estariam aplaudindo. Êta discursinho mais cretino!!
Tenho lido algumas coisas sobre a morte dele no orkut. Vi o perfil dele, aliás. E o povo o aplaude. Como pode? Bom, pelo menos a justiça que ele acreditava foi feita. Um bandido foi morto - ele, no caso. E o engraçado é que a suspeita da polícia é de crime passional. No começo, eu duvidei, mas o modo como ele foi assassinado meio que exclui a possibilidade de execução.
Mas que ele demorou para ser assassinado, demorou. Não sei por que não acertaram ele antes. Quer dizer, não sei como deixaram ele vivo por tanto tempo, depois do que fez. E não sei também como é que as pessoas votam num cara desse!! E eram capazes de votar de novo!
Claro que não estou defendendo o assassinato do cara, né, do mesmo jeito que não defendo a morte para ninguém que tenha cometido um crime. Por que ele não era nada além disso: um criminoso. Que deveria ser punido como todos os outros. E para ele, a justiça "dos homens" não valeu. Foi considerado um homem de bem, um bem feitor para a sociedade paulista. Pode?? Isso no mínimo me dá ódio!
Nunca fiz isso antes, mas não vou postar texto algum, além desse meu desabafo. Mesmo por que ainda não foi publicado nada além de relatos do crime. E eu achei que essa notícia não podia faltar aqui, por que quando ele foi absolvido, postei o caso. E se aparecer alguma coisa boa, eu posto.
boa semana a todos e até mais!!
(espero que os que tentaram ver os filmes do post passado tenham conseguido)
sexta-feira, 1 de setembro de 2006
Links de Filmes
Oláááá!!
Nossa, fiquei até emocionada com o recado deixado no post anterior, de que eu ajudei no trabalho de seu filho. Que bom, isso até estimula a gente a postar mais e mais coisas.
Bom, hoje eu vou dar links de dois documentários óóótimos. Háoutros, mas eu não estou achando na internet. Que droga!
Bom, o primeiro chama-se Ilha das Flores. É sobre a qualidade da alimentação - ou a falta dela. No começo, é até irônico. Depois vem a bomba. Acaba sendo até pesado.
O outro, Muito Além do Cidadão Kane, é sobre a Globo e seu poder na vida das pessoas e no país. É um pouco velhinho, mas atualíssimo. Bem bom também.
Bom, o primeiro é um link de um site de curta metragens. Já o outro, é no youtube (já que em outros lugares, como no google vídeos, demora uma eternidade, mesmo com banda larga), dividido em três partes. Demora um pouquinho, mas dá para esperar e ver. Bom, para os com internet discada (como lá em casa), vai ser demoradíssimo. Mas acho que dá para deixar os filmes gravando e ir comer, tomar banho, passear, para depois vê-los. Bom, é isso.
Bom fim de semana a todos (memso com friozinho q está em São Paulo) e até mais!!
Muito alem do Cidadao KANE - parte1
Muito alem do Cidadao KANE - parte2
Muito alem do Cidadao KANE - parte3
Muito alem do Cidadao KANE - parte4
Ilha das Flores
terça-feira, 22 de agosto de 2006
Futuro da democracia no México é imprevisível, dizem analistas
Bom, anda meio difícil encontrar reportagens boas, nessa época de eleição... Todos parecem - e são - tendenciosos. Como não quero influenciar o voto de ninguém, já que quem passa por aqui sabe - e no mínimo concorda - da minha posição política. Podem não saber em quem vou votar, mas sabem em quem eu NÃO vou. Enfim, está difícil encontrar reportagens para postar aqui. Hj achei uma sobre a crise política no Mexico, a respeito das eleições ditas fraudadas pela oposição e que tranformaram o México "numa autêntica panela de pressão social". Há quem acredite até que a democracia está em jogo. Vamos lá então! E té mais!
Futuro da democracia no México é imprevisível, dizem analistas
quinta-feira, 10 de agosto de 2006
Atlas Econômico SP/ “Política do encarceramento” faliu sistema prisional de SP
Gente, desculpa o imenso sumiço. Trabalhei como um jegue na semana passada e retrasada, para terminar, finalmente, o Atlas Econômico do Estado de São Paulo, aqui do Seade.
Bom, a Ana Carolina perguntou onde comprar o especial da Caros Amigos do PCC. Estava nas bancas há umas semnaas atrás. Tem que ver se alguma ainda tem. Se não, pergunta para o jornaleiro o que fazer para conseguir.
Os ataques em São Paulo continuam. De ontem para hj melhoraram, mas no começo da semana as coisas apertaram de novo. Só que parece que não estão surtindo efeito. Nenhum efeito. Nem as reivindicações dos que atacam nem da "sociedade". Estive pensando... se os caras começarem a achar isso também, podem pensar que é melhor mudar a estratégia de reivindicação. E passar a matar civis. Já me disseram que isso não lhes é viável, por que terão uma reprovação muito grande. E a polícia iria reprimir mais ainda. Mas eles já mudaram de estratégia, pararam de matar policiais, talvez por causa das chacinas que tivemos como resposta da polícia. Então, perceberiam que somente a violência contra a pessoa comove. Mas contra a pessoa que os reprime diretamente, não dá, pq a resposta é muito dura. Viria daí a violência contra os civis. Sabe, eu espero profundamente que eles não sigam esse meu raciocínio. Se bem que já atacaram um poupa-tempo, às oito e meia, segundo a Folha, horário de funcionamento. Mas parou por aí – ainda bem, né?!
Hoje eu encontrei um texto que vai no cerne da causa do surgimento e ascensão do PCC. A violência e o descaso nos presídios e as negociações do Estado com as organizações. Para quem ainda não sabe, o PCC surgiu no presídio de Taubaté, por um time de futebol no qual estavam um cara que tem uma fratura no crânio até hoje devido aos espancamentos com canos de ferro neste presídio. O jogo começou com esse cara quebrando o pescoço de outro. Também, um cara que, no mínimo, apanha desse jeito, esperamos o que?
Bom, vamos ao texto, né?! Que escrevi demais já.
E té mais – e espero que esse mais seja mais curto.
“Política do encarceramento” faliu sistema prisional de SP
quarta-feira, 19 de julho de 2006
Caros Amigos - especial PCC
Bom, essa semana eu vou fazer uma coisa que nunca fiz aqui. Aconselhar às pessoas a lerem algo fora daqui. Por que o post da semana passada, o depoimento do Marcola, deu a visão de um lado do caso. Falta então os outros lados - dos presos e da polícia. Lados estes que a Revista Caros Amigos, em uma edição especial sobre o PCC. Fala das condições - internas nos presídios e pólíticas - que ocasionaram sua gênese e seu crescimento, das relações e disputas de poder internos, do lado ruim e do lado bom do seu poder dentro das cadeias, das estranhas relações entre o PCC e policiais, entre várias outras coisas. Há uma entrevista com o delegado Ruy, citado como corrupto por Marcola. No decorrer da reportagem e no histórico do grupo e das ações do PCC, são citados muitos nomes ditos na CPI das armas. Dá para entender melhor a complexa rede de relações envolvidas. Há também o Estatuto do "partido", como o chamam.
A revista foi publicada com as informações levantadas, de todos os grupos envolvidos, desde janeiro deste ano, por João de Barros. Custa 4,99 reais - informação importante. Para quem se interessou e leu, pelo menos um pouco, o depoimento de Carlos Camacho, vale muito a pena ler a revista. Até mesmo para não idealizar as ações do PCC e do Marcola.
E até mais!!

quinta-feira, 13 de julho de 2006
Depoimento de Carlos Camacho à CPI do Narcotráfico
Eu estava lendo o depoimento do Marcola para a CPI do tráfico de armas. Pena que é tão grande (205 páginas!!). Ele fala das organizações dentro dos presídios, das regras de convivência que eles próprios criaram lá dentro, de como eles são tratados dentro dos presídios - que vai inclusive de encontro com o relatório da Pastoral Carcerária publicada aqui outro dia. Ah, ele fala também da corrupção dos policiais, do que a mídia transformou ele, e até dos atentados e rebelões que aconteceram e que continuam acontecendo em São Paulo (e que foram a eles atribuídos). Fala que o PCC surgiu para reivindicar os direitos dos presos, e que sua metodologia é Leninista e Maoísta. Discute até esses métodos com os deputados!!
Enfim, óótimo o depoimento. Tem que ler!! Corre lá!! É grande, mas vale a pena ler até cansar (o que fica meio difícil)!!
Na íntegra,
Depoimento de Carlos Camacho à CPI do Narcotráfico
Ah, a fonte: blog do Josias, na Folha de São Paulo.
terça-feira, 11 de julho de 2006
Avaliação da Coordenação da Pastoral Carcerária SP sobre o Sistema Prisional
(link)
São Paulo, 19 de junho de 2006
O Estado de São Paulo vive hoje o clima do pós-rebeliões, do pós-confronto do crime organizado contra os policiais, do pós-confronto da policia com os membros da Facção criminosa PCC e do pós-confronto da violência com as vitimas inocentes. Enquanto isso as penitenciárias e cadeias do estado continuam a aumentar a sua população e a violência nas ruas e nas cadeias: com mortos e feridos continuam.
Como a pastoral Carcerária entende as rebeliões, suas causas e como a sociedade, o Estado e os poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário podem contribuir para evitar as rebeliões e trabalhar a reintegração da pessoa aprisionada.
Causas:
1-) As prisões utilizadas como forma de segregação social. O aprisionamento tornou-se expediente utilizado para reafirmação inconsciente da exclusão social. Reflexo e prova disso é a população carcerária, formada em sua maioria por jovens de baixa escolaridade, provenientes dos berços da pobreza.
2-) Superlotação. O Estado de São Paulo conta, hoje, com 144 unidades prisionais ligadas a SAP e 223 cadeias publicas sob a responsabilidade da SSP. A população que superlota as unidades esta distribuída em 142.451 na SAP e 17.008 na SSP. Tais números representam um déficit de 32. 000 vagas, ou seja, seria necessária a construção de mais de 45 presídios com capacidade para 700 presos, para que o problema da explosão demográfica prisional fosse sanado. Podemos observar que, na maioria dos casos, a Justiça prende e abandona. É notório que a agilidade da polícia e do Poder Judiciário no tocante ao aprisionamento é inversamente proporcional aos esforços envidados à soltura dos presos. Centros de Detenções Provisórias (CDPs), Penitenciárias e carceragens policiais superlotadas, principalmente no interior do estado e nas cadeias femininas, comprovam essa colocação.
3-) Oposições no âmbito municipal. Câmaras de vereadores, prefeitos, associações, igrejas, etc. criam obstáculos à construção de novas unidades prisionais, agravando ainda mais a situação de excedente populacional já insustentável. Os poderes públicos locais contestam, não aceitam a construção de penitenciárias e de CDPs em seus municípios. Em confirmação ao que se disse no item 1 deste texto, não aceitam nem que os seus próprios cidadãos fiquem presos em suas cidades. Quanto mais longe dos olhos
dos munícipes a desgraça humana estiver enjaulada, melhor. Soma-se a isso o fato de que são construídas e inauguradas unidades prisionais sem condições plenas de funcionamento, com quadro de funcionários insuficiente, desprovidas de técnicos, especialmente em relação à saúde, assistências social e judiciária, e em péssimas condições de alojamento.
4-) Exposição dos funcionários do Sistema Prisional a condições de trabalho precárias. São muitas as exigências e responsabilidades, o que não corresponde a uma adequada valorização.
5-) Ausência das entidades sociais no interior do Sistema, salvo participação isolada de algumas entidades. A população “livre” vira as costas para seus aprisionados. Mais uma vez a segregação social se faz presente.
6 -) Inspeção e fiscalização do Sistema Prisional. Os organismos responsáveis pela fiscalização e inspeção nos presídios em nosso estado, de acordo com a Lei de Execução Penal, são, na sua maioria, omissos e descomprometidos. Em parte, isso se deve ao fato e não sofrerem nenhuma cobrança da sociedade ou das autoridades competentes. É comum tais organismos se fazerem presentes somente nos momentos de rebeliões ou de motins, ignorando sua função preventiva:
a) Juizes da Execução Penal. De acordo com o artigo 66, inciso VII, da LEP, os juízes deveriam realizar visitas mensais aos presídios sob sua responsabilidade, a fim de fiscalizar as unidades e verificar as necessidades dos presos. Infelizmente esta prática é quase inexistente. Há poucos exemplos positivos, de juizes estão visitando as unidades prisionais.
b) Ministério Púbico. O artigo 68, parágrafo único, da LEP, exige do
Ministério Público o mesmo dever dos juízes de visitar mensalmente. Lamentavelmente, verificamos a mesma ausência;
c) Conselho Penitenciário. Os artigos 69 e 70 da LEP o definem como um órgão consultivo e fiscalizador da execução da pena com responsabilidade de visitas periódicas às unidades;
d) Conselho da Comunidade. Poucas são as comarcas do nosso estado em que foram instalados os conselhos da comunidade e mais raras ainda são as que possuem conselhos em efetivo funcionamento.
e) Conselho Nacional de Políticas Criminais e Penitenciárias (CNPCP).
Localizado em Brasília, tem também a atribuição de visitar os locais de detenção, artigo 63 da LEP. Mas para isso depende da provocação de grupo estadual ou entidade que solicite sua presença em determinada unidade, o que raramente ocorre;
7) O Legislativo estadual até o momento não aprovou a Lei Penitenciária Local, exigência da Lei de Execução Penal, deixando o sistema penitenciário dependente de normas administrativas emanadas das secretarias estaduais, as quais atuam de acordo com a conveniência administrativa, o que nem sempre respeita os princípios do Estado Democrático de Direito. A criação do RDD e RDE basta para recordar;
8) Até o momento não temos Ouvidoria da Secretaria da Administração Penitenciária (ou do sistema prisional) instituída por lei. A Pastoral Carcerária junto com outras entidades já enviou uma carta ao Governador assinada por várias entidades para que ele encaminhe ao Legislativo proposta de Lei da Ouvidoria. A atual é fruto também de norma administrativa, se o próximo secretário entender que não mas deva existir, ela será extinta.
9-) As lacunas deixadas pelo Estado, pelos órgãos responsáveis pela aplicação integral da Lei de Execução Penal, possibilitam o desenvolvimento de organizações criminosas, suprindo as necessidades, a seu modo, da população carcerária extremamente carente. A forte atuação das facções no sentido de valorização do indivíduo com auto-estima deficiente, à margem da sociedade, tornando-o parte de um grupo maior, dotado de “ideais” e objetivos, transforma a “filiação” em algo praticamente irresistível.
10-) O conjunto de irregularidades do Sistema Prisional representa contundente violação do princípio constitucional da dignidade humana, destruindo gradativamente a personalidade do indivíduo. Não seria exagero classificar o cumprimento das penas privativas de liberdade, nas condições em que se apresentam em nosso país, como tratamento cruel, desumano e degradante, proibida constitucionalmente.
11-) A estigmatização do preso e a escassa perspectiva de reintegração efetiva à sociedade, causadas pelo preconceito social de que é vítima, contribuem diretamente para os altos índices de reincidência, bem como para a postura desprovida de esperança para o apenado;
12 – Os Conselhos previstos na LEP (CNPCP, Conselho Penitenciário e Conselho da Comunidade) são submetidos ao poder público. Sua instituição e nomeação de seus membros ainda dependem de autoridades. O CNPCP do Ministro da Justiça, o Conselho Penitenciário do Governador e o Conselho da Comunidade do Juiz, em contraste com outros conselhos, como do ECA, onde vigora o princípio da democracia participativa;
13 – O Congresso Nacional até o momento não ratificou o Protocolo Facultativo à Convenção da ONU contra a Tortura. Este Protocolo permitirá a criação de mecanismos eficazes de prevenção à tortura.
Conseqüências imediatas das rebeliões:
Mortes, reféns, desespero dos familiares, angústia e impotência dos funcionários, difícil recuperação dos envolvidos nas rebeliões. Tanto presos, como agentes de segurança, carcereiros e familiares, gastos exorbitantes pelo Estado com as reformas dos presídios destruídos atrasa os benefícios e a construção de presídios novos.
Propostas:
1-) Criação e fomentação dos Conselhos da Comunidade em todas as Comarcas do Estado de São Paulo, conforme manual do Depen – Ministério da Justiça.
2-) Audiências públicas municipais para a criação de unidades prisionais. É certa a necessidade da construção de mais escolas, áreas de lazer, ginásios esportivos, pólos culturais, entre outros estabelecimentos de suma importância para a sociedade, mas não podemos ignorar a existência dos presos. Negar esta realidade é a pior atitude a ser adotada. Ela existe e precisa ser debatida com a população, a fim de possibilitar a reinserção social do aprisionado. Para tanto, há a necessidade de que o detento permaneça em sua cidade, próximo dos seus e contando com o apoio técnico-social de sua comunidade.
3-) Criação de unidades pequenas, localizadas dentro da unidade territorial do município, a exemplo dos CRs, os Centros de Ressocialização, unidades modelo que contam com a participação ativa da comunidade local.
4-) O Estado, junto com o governo municipal, criar a infra estrutura necessária, em termos de saúde publica, assistência social e hospedagem para abrigar a demanda proveniente dos presídios sem prejudicar a população local.
5-) Contatar e desafiar juízes, Ministério Público, Conselho Penitenciário e o Conselho Nacional de Políticas Criminais e Penitenciária (CNPCP) para inspeções prisionais, dando efetivo cumprimento ao disposto na Lei de Execução Penal.
6-) Funcionários. Proporcionar a possibilidade de trabalho em unidades próximas a suas residências e famílias;
a) Formação para os funcionários diretamente ligados à custódia de seres humanos: não só ASPs e técnicos, como também para carcereiros, investigadores, policias militares e civis, no curso de Melhorias na Gestão Penitenciária – Uma abordagem de Direitos Humanos para o Sistema Prisional - Criado pelo Conselho Britânico em parceria com a ONU e o Ministério da Justiça;
b) A contratação urgente de pessoal: ASPs e técnicos. Com assistência psicológica e social para estes profissionais;
c) Escolta. Na SAP, a liberação dos Guardas de Muralha, já capacitados, para este trabalho, visando ao fim de problemas como cancelamento e suspensão de audiências judiciais, atendimento, consultas e cirurgias médicas. Situações que abalam o equilíbrio emocional dos presos, levando-os muitas vezes ao desespero.
7) Interdição de todas as carceragens da polícia, colocando a administração de unidades prisionais e a manutenção dos presos totalmente nas mãos da administração penitenciária, deixando os policiais voltar para a função de polícia
8) Criação de Lei Penitenciária Local e da Ouvidoria do Sistema Prisional.
9) Por último, que a Comissão de Direitos Humanos da OAB e da Assembléia Legislativa realizasse visitas às unidades prisionais e carceragens de polícia conforme a solicitação dos encarcerados ou dos seus familiares. Esperamos que estas medidas sejam tomadas enquanto a população que está atrás dos muros ainda é menor do que a de fora.
Pe. Valdir João Silveira
Coordenador de Pastoral Carcerária. CNBB- Sul 1.
Na segunda feira, 12, deste, mais uma pessoa foi assassinada dentro da Unidade Prisional de Avaré II e outro, no dia 13, deste, retirado quase sem vida do DACAR III. Enquanto que, em várias unidades se encontram pessoas feriadas ou que perderam membro do corpo por cachorro da policia, como se encontra ainda em unidade de Ribeirão Preto. Muito das pessoas que estão feridas, machucadas, presas não fizeram parte das rebeliões.
População prisional do Estado de São Paulo
Maio de 2006:
SSP: 223 cadeias: 161 masculinas; 62 femininas
População: 17.008 total
12.093 homens (8124 provisórios, 3969 condenados)
4915 mulheres (3090 provisórias, 1825 condenadas)
Enquanto as mulheres somente compõem 5% da população prisional, elas são 37% da população ainda encarcerada na Secretaria da Segurança Pública.
Anota também, que 51% das mulheres presas ainda se encontram em cadeias públicas, enquanto somente 9% dos homens ainda estão na SSP
SAP (07 de junho de 06)
144 unidades
População: 125.701
121.291 homens e 4274 mulheres, mais 136 em transito em tratamento de saúde
(dois dias depois, no dia 09/06, a população prisional da SAP diminuiu para 125.443)
Total (mais ou menos porque os dados da SSP são de maio, e os dados da SAP são de junho)
SSP 17.008
SAP 125.701
TOTAL: 142.709
Ou seja, quase 14% da população prisional ainda se encontra em cadeias públicas. Segundo SAP, em janeiro de 2006, a população prisional do Estado era 138.805. Em 4 meses, aumentou quase 4 mil pessoas. Apesar da promessa de fechar todas as delegacias, a população das cadeias somente diminuiu 183 pessoas.
144 Unidades Prisionais (do site da SAP - http://www.admpenitenciaria.sp.gov.br/)
População Carcerária Total em 9/6: 125.443
Masculino:121.027
Feminino: 4279
Tratamento de Saúde (trânsito):137
quinta-feira, 22 de junho de 2006
Provocações, por Luís Fernando Veríssimo
Bom, sobre aquela quebradeira que fizeram lá em Brasília eu não postei nada. Recebi alguns textos, dos quais este que publico hoje.
Cheia de trabalho para fazer, to meio sem tempo... Mas vai passar!
até mais!
Provocações, por Luís Fernando Veríssimo
A primeira provocação ele agüentou calado. Na verdade, gritou e
esperneou. Mas todos os bebês fazem assim, mesmo os que nascem
em maternidade, ajudados por especialistas. E não como ele, numa
toca, aparado só pelo chão. A segunda provocação foi a alimentação
que lhe deram, depois do leite da mãe. Uma porcaria. Não reclamou
porque não era disso.
Outra provocação foi perder a metade dos seus dez irmãos, por
doença e falta de atendimento. Não gostou nada daquilo. Mas ficou
firme. Era de boa paz. Foram lhe provocando por toda a vida. Não
pode ir a escola porque tinha que ajudar na roça. Tudo bem, gostava da roça. Mas aí lhe tiraram a roça. Na cidade, para aonde teve que ir com a família, era provocação de tudo que era lado. Resistiu a todas.
Morar em barraco. Depois perder o barraco, que estava onde não
podia estar. Ir para um barraco pior. Ficou firme. Queria um emprego, só conseguiu um subemprego. Queria casar, conseguiu uma
submulher. Tiveram subfilhos. Subnutridos.
Para conseguir ajuda, só entrando em fila. E a ajuda não ajudava.
Estavam lhe provocando. Gostava da roça. O negócio dele era a roça.
Queria voltar pra roça. Ouvira falar de uma tal reforma agrária. Não sabia bem o que era. Parece que a idéia era lhe dar uma terrinha. Se não era outra provocação, era uma boa. Terra era o que não faltava.
Passou anos ouvindo falar em reforma agrária. Em voltar à terra. Em ter a terra que nunca tivera. Amanhã. No próximo ano. No próximo governo. Concluiu que era provocação. Mais uma.
Finalmente ouviu dizer que desta vez a reforma agrária vinha mesmo.
Para valer. Garantida. Se animou. Se mobilizou. Pegou a enxada e foi brigar pelo que pudesse conseguir. Estava disposto a aceitar qualquer coisa. Só não estava mais disposto a aceitar provocação. Aí ouviu que a reforma agrária não era bem assim. Talvez amanhã. Talvez no próximo ano... Então protestou. Na décima milésima provocação, reagiu. E ouviu espantado, as pessoas dizerem, horrorizadas com ele:
- Violência, não!
segunda-feira, 12 de junho de 2006
Site - Imagens Infinitas
Hoje vai um link super legal. É só ir clicando nas figuras. Boa semana e boa viagem!!
imagens infinitas
sexta-feira, 9 de junho de 2006
Liberdade de Gegê
Gente, só um informe: Foi concedido o habeas corpus ao Gegê, militante do Movimento de Moradia do Centro, após um ano de fuga, de muitos abaixo-assinados e de manifestações. Abaixo, a notícia pela Carta Maior. E, ao fim, a divulgação de uma reunião com ele.
Liberdade de Gegê
STJ concede hábeas corpus a dirigente petista Gegê
Líder do movimento de moradia de São Paulo, dirigente da Central de Movimentos Populares e membro do Diretório Nacional do PT, Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, que teve prisão preventiva decretada por suposta participação em um homicídio na capital, obteve um hábeas corpus do STJ e poderá assumir representação no Conselho das Cidades na próxima semana.
Verena Glass - Carta Maior
São Paulo – O Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu, às 20 h desta quinta (1), um hábeas corpus que reverte o pedido de prisão preventiva contra o líder do movimento de moradia de São Paulo, dirigente da Central de Movimentos Populares e membro do Diretório Nacional do PT, Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê. A liminar foi expedida pelo ministro do STJ, Helio Qualia Barbosa, em resposta ao pedido impetrado pelos advogados de Gegê na manhã da própria quinta-feira.
Gegê, que concorreu à presidência do PT em 2005 e hoje é membro do Diretório Nacional do partido, foi acusado de facilitar a fuga do autor do assassinato de José Alberto dos Santos Pereira Mendes, supostamente envolvido com tráfico de drogas, morto em um acampamento do Movimento de Moradia do Centro na Zona Leste de São Paulo, em agosto de 2002.
Um primeiro pedido de prisão preventiva já tinha detido Gegê no início de abril de 2004, mas, 51 dias depois, sua soltura foi decretada pela 3a Câmara do Tribunal de Justiça, que lhe concedeu habeas corpus e o direito de aguardar o julgamento em liberdade. Em maio do ano passado, o Tribunal de Justiça de São Paulo voltou a pedir sua prisão, baseando-se, segundo o advogado de Gegê, Roberto Rainha, no depoimento de uma testemunha concedido à Justiça no período anterior à prisão do acusado.
“Entendemos que o juiz da vara criminal que expediu o segundo mandado de prisão preventiva contra Gegê, errou por ter utilizado um argumento já derrubado pelo primeiro hábeas corpus. Ou seja, no período entre a soltura e o novo pedido de prisão, nada ocorreu de novo ocorreu que justificasse essa nova decisão da Justiça”, explica Rainha.
Com o hábeas corpus, explica Rainha, foi expedido concomitantemente o contra-mandado de prisão, e agora se inicia o processo de julgamento do mérito. Até lá, Gegê está em liberdade para exercer plenamente suas funções sociais e políticas, e responder em liberdade ao processo de suposta participação no homicídio.
Retorno
O caso Gegê criou comoção entre os movimentos populares de São Paulo por ser considerado exemplar do processo de criminalização contra lideranças sociais. A campanha pela sua liberdade contou também com o apoio do Partido dos Trabalhadores e seus dirigentes, como o deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh, que atuou como advogado no caso.
Em função do que considerou perseguição por parte do judiciário, o grupo político de Gegê avaliou que seria melhor que ele se mantivesse afastado de suas atividades em São Paulo, e desde setembro de 2005 ele esteve vivendo na Venezuela.
“Se até a Suzana von Richthoven pode aguardar julgamento e liberdade, imagine o Gegê. Estamos organizando o retorno dele para os próximos dias, para que possa assumir seu cargo de conselheiro junto ao Conselho das Cidades, que será instalado na quarta (7), em Brasília”, comemorou Afonso Magalhães, suplente de Gegê no Conselho.
Pelo fim à perseguição aos movimentos sociais
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!!!Gegê Livre!!!
4a feira, 14 de junho, às 19 horas
Vamos dar os parabéns e comemorar a volta do Gegê!
Câmara dos Vereadores de São Paulo
Viaduto Jacarei, 100 - Centro
Sala Oscar Pedroso Horta - Subsolo
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Liberdade para todos os perseguidos políticos!

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