terça-feira, 20 de dezembro de 2005

Dados preliminares mostram Evo Morales como presidente

Hj é meu último dia de trabalho neste ano. E não sei quando volto o ano que vem. Por isso, não será possível postar todo dia. Mas também não vou abandonar o blog. Eu sinto falta de ler, postar, ver os comentários e as estatísticas. Ah, msn também não vai ter por enquanto. Se quiserem falar comigo, pode ser por aqui ou pelo orkut. Tô precisando de férias mesmo, minha cabeça anda falhando muito. Bom, o texto de hj não poderia ser diferente. É sobre as eleições na Bolívia, ocorridas ontem, com reais previsões de vitória de Evo Morales. E até mais! Dados preliminares mostram Evo Morales como presidente Do site do MST O líder cocaleiro e indígena Evo Morales aparece, segundo as pesquisas mais recentes depois das eleições de ontem, 18, para a Presidência da Bolívia, como o futuro presidente do país. Com 51% dos votos já no primeiro turno, Morales garante a cadeira presidencial sem precisar passar pelo Congresso Nacional, no caso de não conseguir a maioria absoluta dos votos. Segundo a imprensa boliviana, a pesquisadora de opinião Mori divulgou que o candidato esquerdista, do Movimento ao Socialismo (MAS), detém 51% dos votos, contra 30% do direitista Jorge Tuto Quiroga, o maior concorrente de Morales. Já a empresa Apoyo dá 51,3% para Morales e 31% para Quiroga. O terceiro colocado, o empresário Samuel Doria Medina, com pouco mais de 10% dos votos, já havia dito que apoiaria o líder cocaleiro caso a decisão fosse para o Congresso. O que também parece confirmar Evo Morales como o primeiro presidente indígena da história da Bolívia. Inclusive seu rival Quiroga parabenizou Morales, reconhecendo sua vitória. "A difusão das pesquisas prévias estão assinalando um resultado. Felicito dom Evo Morales e Álvaro García Lineras por seu desempenho eleitoral", disse à imprensa. Mesmo que a decisão vá para o Congresso, as projeções dão conta de que Morales possui uma base parlamentar sólida. Dos 27 senadores, o cocaleiro tem o apoio de 13, contra 13 de Quiroga. Na Câmara dos Deputados, ele teria 65 dos 130 parlamentares, contra 45 de Quiroga. Depois das projeções que confirmam sua vitória, Evo Morales já apareceu em público afirmando que, em 2006, começa a nova história da Bolívia, com igualdade, justiça social, paz e eqüidade. "Será o terceiro milênio dos povos e não do império, no qual os problemas das pessoas serão resolvidos, mudando o modelo econômico que bloqueia o desenvolvimento da Bolívia e acaba com o Estado colonial". Ontem à noite Morales viajou para Cochabamba para se reunir com milhares de militantes do MAS, que já o proclamavam como Presidente da Bolívia. Ele agradeceu ao povo boliviano e, em especial, ao povos de sua comunidade, Orinoca, e às seis federações de cocaleiros do trópico de Cochabamba. O possível vice-presidente Álvaro García Linera afirmou que a vitória do MAS é um fato histórico de gigantesca transcendência não vivido pelos bolivianos deste a revolução de 1952. Segundo ele, o novo governo construirá um novo modelo econômico, recuperará a soberania e o controle dos hidrocarbonetos, apoiará o empresariado, respeitará a propriedade privada, os investimentos e as economias, e preservará a estabilidade econômica. A vitória de Morales também deverá garantir a imediata convocatória da Assembléia Constituinte, programada para ocorrer em Sucre, em agosto de 2006; e as autonomias departamentais, mas preservando a unidade nacional. Morales assegurou também que não impedirá os empresários que queiram investir no país e nem se vingará das pessoas que causaram prejuízo para a Bolívia. O futuro presidente criticou ainda a atuação da Corte Nacional Eleitoral (CNE), por ter ordenado a depuração de mais de 1 milhão de votos, justamente nas populações onde o MAS era favorito. "Se eu fosse membro da CNE e tivesse ética, renunciaria ao cargo". Em entrevista à agência Prensa Latina, Morales ressaltou que sua vitória com mais de 10% de vantagem sobre Quiroga foi alcançada apesar do "crime" cometido pela CNE. Com a depuração feita pela Corte, vários cidadãos protestaram por não encontrar seus nomes nas listas de votação. A vitória de Morales também é considerada história porque, desde o início da série de governos civis, iniciada em 1982, nenhum candidato conseguiu a maioria absoluta. As votações mais expressivas ocorreram em 1982 e 1993, com o mais votado não ultrapassando 35% dos votos. Apesar da prevista derrota nas eleições presidenciais, o Podemos, de Tuto Quiroga, conseguiu vencer em eleições municipais, obtendo o controle de pelo menos três governos regionais: La Paz, Beni e Pando. Desde ontem, milhares de militantes e simpatizantes do MAS estão nas ruas de Santa Cruz, La Paz e Cochabamba, comemorando antecipadamente a vitória. O resultado oficial da apuração só deve ser divulgado neste próximo final de semana. Para os cientistas políticos, Evo Morales chegará à Presidência num bom momento já que possui vários governos latino-americanos apoiando, como a Argentina, Brasil, Venezuela, Uruguai e, possivelmente, o Chile, México e a Nicarágua. Uma dúvida dos especialistas é saber se Morales conseguirá cumprir os cinco anos de mandato devido à pressão dos Estados Unidos, das empresas transnacionais, das elites empresariais e dos latifundiários, de um lado, e os movimentos sociais e populares radicais do outro. Morales fez promessas ás duas partes. À primeira disse que assegurará a estabilidade econômica de acordo com as regras do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, defenderá e preservará o investimento estrangeiro, sem expropriar as petroleiras, e manterá as principais leis neoliberais. À segunda parte falou da nacionalização e recuperação da terra. Segundo os movimentos sociais da cidade de El Alto, qualquer governo que administrar o país terá um prazo de 90 dias para responder às demandas pela nacionalização, recuperação e industrialização dos hidrocarbonetos, a prisão do ex-presidente fugitivo Gonzalo Sánchez de Lozada e a realização da Assembléia Constituinte. Essas reivindicações fazem parte da chamada Agenda de Outubro, que não foram cumpridas pelos sucessores de Lozada, Carlos Mesa e Eduardo Rodríguez. Morales afirmou que, se ganhar, procurará manter relações equilibradas com os EUA, mesmo que tenha admitido o risco de intervenção direta por parte dos estadunidenses. Atualmente, a cocaína é considerado um dos principais problemas na relação com os EUA. O governo de George W. Bush pressiona para limitar o cultivo da coca, o que prejudicará muitos camponeses. Morales defende a legalização do cultivo para infusões e uso farmacêutico. Entre os pontos defendidos e prometidos por Morales durante a campanha podem ser citados: revisão dos preços de venda do gás para a Argentina e Brasil, considerados baixos; devolução das refinarias nas mãos da brasileira Petrobras; e a intenção de ser membro do Mercosul. Ele também prometeu, como primeiras medidas, nacionalizar os hidrocarbonetos e convocar a Assembléia Constituinte. Afirmou que os contratos firmados com as petroleiras são ilegais pois não foram referendados pelo Congresso. "Vamos exercer o direito de propriedade sobre os hidrocarbonetos, os recursos naturais não se pode conceder, nem privatizar, mas isso não significa expropriar ou confiscar. Queremos sócios, mas não donos; vamos gerar incentivos para os empresários de verdade que crescem graças ao seu esforço e não parasitam o Estado; apoiamos as autonomias dos povos e não das burguesias regionais; não faço, em farei reuniões reservadas com a embaixada dos Estados Unidos. Qualquer encontro será público; desafío os Estados Unidos a assinar um compromisso sério de " narcotráfico zero ". Mas isso deve incluir que eles acabem com a lavagem de dinheiro eem seus próprios bancos. O narcotráfico, hoje, é usado como excusa para controlar o continente. A coca pariu nosso instrumento político e a libertação", declarou Morales durante a campanha. As organizações populares integrantes do Congresso Bolivariano dos Povos saúdam Morales e o MAS afirmam que agora é esperar os resultados oficiais. "A decisão está tomada: a Bolívia está livre, soberana e com justiça social", declara o Congresso. Juan Evo Morales Aima nasceu no dia 26 de outubro de 1959, em Orinoca, Província Sul Carangas, do Departamento de Oruro. Filho de Dionisio Morales Choque e Maria Mamani, sua família tem nacionalidade indígena Aymara. Desde criança ele afirma que era organizador e mobilizador. Na década de 80 se mudou com a família para o Chapare, com o objetivo de cultivar coca. Cursou até o 3° ano do Ensino Médio. Começou no movimento camponês como secretário de Esportes do Sindicato de Sendavaya, da Central Chipiriri. Depois foi nomeado dirigente do Sindicato e depois da Central, em 1988, e, por último da Federação do Trópico.

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