quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006

A democracia que não interessa aos ocidentais

Ahá, achei um texto óóótimo sobre as eleições na Palestina. Estive3 pensando nela desde o seu resultado. Pode ter sido uma reação contra a violência que sofrem do Ocidente. O texto abaixo supõe outras causas também. Mas uma coisa eu sei: pelo menos por enquanto, o Bush não poderá alegar que que eles não são democráticos. Que coisa, não?! Ah, brigadão para quem deixou os elogios no comentário. Isso é bom, dá um ânimo.

A democracia que não interessa aos ocidentais

Estados Unidos, União Européia, Rússia e ONU colocam condições para manter ajuda econômica à Palestina após a vitória do Hamas nas eleições

da Redação do Jornal Brasil de Fato O chamado Quarteto para a Paz no Oriente Médio – formado pelos Estados Unidos, União Européia (UE), Rússia e Organização das Nações Unidas (ONU) – condicionou a ajuda econômica à Autoridade Nacional Palestina (ANP) ao reconhecimento do Estado de Israel pelo movimento Hamas e à sua renúncia ao uso da violência. No dia 26 de janeiro, o Hamas – conhecido por suas posições e ações radicais contra a ocupação israelense – foi o grande vencedor das eleições legislativas na Palestina, obtendo 76 das 132 cadeiras do Parlamento e constituindo-se, portanto, em maioria absoluta. O resultado provocou a reação imediata de Israel e dos países ocidentais, que condenaram a escolha feita pelo povo palestino. Pressões ocidentais O Quarteto, em comunicado lido no dia 31 de janeiro pelo secretário-geral da ONU, o ganês Kofi Annan, deu um prazo de dois a três meses para que o Hamas atenda às condições – mais ou menos o período de tempo que o novo governo levará para ser composto. O presidente dos EUA, George W. Bush, reafirmou que não trabalhará com os vencedores das eleições caso eles não cumpram as imposições. O governo israelense, por sua vez, aproveitou a situação e congelou cerca de 35 milhões de dólares que deveria ser transferido no dia 1º de fevereiro à ANP. A justificativa, segundo o primeiro-ministro interino Ehud Olmert (que substitui Ariel Sharon, em coma desde o dia 4 de janeiro devido à uma hemorragia cerebral), é a de que existe o temor que que terroristas assumam o governo palestino. Como era de se esperar, o Hamas rechaçou as exigências do Quarteto, através de seu porta-voz, Mosheer Masri: "(Tais exigências) constituem pressões que servem aos interesses de Israel e não aos do povo palestino". Horas antes do comunicado do Quarteto, o líder do grupo, Ismail Haniyeh, convocou a comunidade internacional a um diálogo "sem condições" e a manter o envio de dinheiro à ANP, mesma reivindicação do presidente palestino, Mahmoud Abbas, que afirmou que se reunirá com o Hamas nas próximas semanas para conversar sobre o futuro governo. Surpresa A vitória do Hamas nas eleições legislativas surpreendeu a todos, até seus integrantes. O Fatah, movimento nacionalista fundado pelo falecido Yasser Arafat, e até então visto como praticamente invencível, conquistou apenas 43 cadeiras. O grupo vencedor, logo após o resultado, anunciou que trabalharia para a formação de uma coalizão entre os dois partidos. Tzipi Livni, nova ministra do interior de Israel, pediu uma postura firme por parte da UE: "Depois que o Hamas tomar a ANP, será fundamental que a União Européia fale de maneira clara e inequívoca no sentido de que a Europa não terá entendimento num processo que significará o estabelecimento de um governo terrorista". Ao que Ismail Haniyeh respondeu, à BBC: "Não temam. O Hamas é um movimento palestino, um movimento consciente e maduro que está politicamente aberto tanto à questão palestina quanto às questões árabe e islâmica. Da mesma forma, está aberto ao diálogo internacional". Para o professor israelense de Ciência Política, Yaron Ezrahi, o Hamas pode de fato moderar sua plataforma como preço para adotar sua política. A análise do reconhecido pesquisador palestino Khalil Shikaki, que havia antecipado a ascensão do Hamas, segue na mesma linha. Segundo ele, o resultado das eleições legislativas não pode ser interpretado como um apoio da população às visões extremistas do grupo vencedor. "Todos os estudos que foram realizados nos últimos 13 anos demostram que os palestinos nunca foram tão moderados como são neste momento", afirmou. As divisões internas do Fatah e seu contestado governo dentro da ANP; a reputação do Hamas ao repartir os fundos de caridade entre os pobres e o enfoque de sua campanha em questões internas palestinas é que podem ser considerados alguns dos fatores da ascensão do grupo ao poder. (com informações do La Jornada. Colaborou Bruno Terribas)

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